O Projeto Político Pedagógico (PPP) é o documento que expressa os objetivos e as metas que a escola se propõe a realizar no ano. “Ele se organiza através de propostas concretas para todo o período letivo. Nele são expressam as concepções políticas e o compromisso com relação à formação”, resume a coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade Metodista de São Paulo, Silvia Perrone de Lima Freitas. “O PPP funciona como um roteiro para a caminhada pedagógica, pois norteará o trabalho de todos os atores envolvidos no espaço escolar”, completa.
Ignorar o PPP pode promover ações isoladas e desarticuladas na escola, além de acarretar em indicadores de aprendizagem ruins, indisciplina, violência, descompromisso dos educadores e baixa participação dos pais. “Sem ele, não existirá proposta pedagógica coerente, correções de rumo e medidas para comprometimento dos estudantes, pais e educadores”, assinala o coordenador de ação educacional do CEU Jaçanã, em São Paulo (SP), Jamir Nogueira.
Mesmo sendo tão importante, é comum que as escolas tratem o PPP como um documento burocrático, deixando-o esquecido em alguma gaveta. De que forma, então, seria possível transformá-lo em um documento vivo? Para o professor da Faculdade de Educação da Unicamp, Newton Antonio Paciulli Bryan, o primeiro passo é fazer uma análise da situação em que a escola se encontra. “É necessário um levantamento dos problemas, uma analise da realidade da escola para estipular as metas e recursos necessários”, orienta.
Outro ponto importante é levar em conta a realidade local. “Num exemplo muito encontrado, pensar que a criança fará lição de casa com acompanhamento dos pais em regiões de favela, nas quais as crianças não tem a presença dos pais, não tem nem ao menos uma mesa no único cômodo da moradia e tem que olhar os irmãos mais novos”, exemplifica Nogueira.
O PPP deve ser escrito coletivamente, dando voz a pais, gestores, professores, alunos e funcionários. “O sentimento de pertença é fundamental, pois carrega de sentido a elaboração e execução do PPP”, pontua Silvia. “Quando um pequeno grupo escreve o PPP, ele provavelmente enfrentará dificuldades na hora de realizar o projeto. Nem todos irão concordar ou entender”, adverte Bryan.
Outra dica é fazer do PPP um documento flexível, sujeito a discussões e reformulações periódicas. “À medida que você vai resolvendo os problemas, outros que não tão estavam visíveis vão aflorando”, conta Newton. Para Nogueira, o final de cada semestre ou de cada bimestre seriam momentos importantes para corrigir rumos e fazer adequações.
O PPP também precisa ser amplamente divulgado, seja na internet, biblioteca, secretaria ou computadores da escola. “Sugiro que um resumo executivo, de no máximo quatro páginas, para divulgação”, ensina Bryan.
Por fim, professores e gestores devem consultá-lo com frequência no dia a dia. “Em todas as tomadas de decisão, reuniões pedagógicas, de planejamento e de conselho de escola”, conclui Silvia.
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