A avaliação por participação durante as aulas é uma maneira de observar o aluno de forma contínua. Frente à prova tradicional, tem como benefícios apontar caminhos para o aprendiz e ajudar o professor a tomar decisões. “Seu objetivo é melhorar o desempenho do aluno. É mais fácil fazer isso com pequenos feedbacks no percurso do que uma única vez, ao final do bimestre, trimestre ou semestre”, explica o doutorando em Letras e formador de professores de língua inglesa Glauco Augusto Souza.

“Com dica, elogio ou alerta o aluno se transforma e tem uma jornada diferente. Conforme percebe sua mudança, sente-se capaz”, garante Souza. “Em contrapartida, esperar o final do semestre para dar um feedback negativo, na forma de nota baixa na prova, é uma postura ultrapassada. É como se o professor quisesse confirmar o que já achava do aluno e provar que ele é incapaz”, adverte.

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O que avaliar?

“Primeiramente, estipule critérios. Ao final, compare-os com o desempenho do aprendiz e veja se está a contento. Não se deve avaliar o que está fora desses pontos, para não virar perseguição”, recomenda Souza. Ele destaca o uso da linguagem e a forma como o estudante interage com seus pares como critérios: “Após ouvir a opinião do amigo, ele é capaz de comentar e completar o que foi dito, ou seja, de entrelaçar sua voz com a do outro? Ou apenas espera o colega parar de falar para impor uma opinião? A colaboração crítica é uma função superior”.

O aluno não deve ser comparado à turma, mas com ele mesmo em estágios anteriores.
“Há situações subjetivas como quando há um enorme avanço do aluno no percurso, mas que ainda não está a contento. Um feedback negativo nesse momento pode desanimá-lo”, alerta o professor. Conversar é o melhor caminho com estudantes desinteressados e pouco participativos. Souza indica questionar se há dúvidas ou se está acontecendo algo fora da escola que o aluno queira compartilhar.

“Alguns professores falam: tenho 200 alunos e não consigo conversar com todos. Mas serão poucos que demandarão isso. Como provocação, pergunto: o que acharia se um médico justificasse o mesmo para você durante uma consulta?”, salienta Souza. Em caso de alunos tímidos, atividades multifacetadas e que não foquem apenas na oralidade permitem avaliar melhor seus desempenhos. “Divida a classe em duplas e promova situações de aprendizagem em que, em grupos menores, ele possa expor um gosto pessoal”, recomenda.

Vale lembrar que os estudantes cometerão erros. “Esses são valiosos como matéria-prima das próximas aulas”, enfatiza. A participação também pode envolver críticas e sugestões dos alunos sobre o trabalho docente. “Mostre que também está aberto a aprender, assim como eles”, aconselha Souza.

Participação na educação física

A avaliação por participação não é um conceito claro na educação física, sendo reduzida à prática corporal. “A participação também pode ser avaliada nos campos conceitual, cognitivo e de atitude. Ao desdobrá-la em várias dimensões, o aluno entende que pode contribuir de diferentes maneiras com a aula e há uma aprendizagem mais significativa”, explica a pesquisadora do grupo Didática e Metodologia do Ensino da Educação Física, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Jacqueline Zilberstein.

“Já ao focar em uma única dimensão do saber, somente alunos mais desenvolvidos motoramente serão bem avaliados. Os demais, com medo de errar e passar vergonha, não participarão”, alerta. Em aulas teóricas e discussões, Zilberstein recomenda ensinar a prática desenvolvida para além do movimento. “Quem o criou, em qual contexto, por que, com quais influências? Destaque as discussões contemporâneas relacionadas a ele. Isso promove uma aprendizagem crítica”, comenta. “Ao final, é possível verificar se o aluno participou da melhor maneira possível, se identifica seus limites e potencialidades, se colaborou com colegas, se compreendeu a lógica corporal e a história”, assinala a professora.

Leia também: Como avaliar os alunos na disciplina de educação física?

Já na avaliação remota com alunos dos anos iniciais do ensino fundamental, a pesquisadora indica associar o conteúdo da educação física com o ensinado pela professora de referência. “Se o foco é alfabetização, podem ser desenvolvidos jogos de movimento e expressão corporal com as letras do alfabeto, permite uma avaliação conjunta”, indica.

Veja mais:

Saiba como realizar uma boa avaliação diagnóstica dos alunos

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