Seminários, dinâmicas, acompanhamento e registro dos alunos durantes as aulas. Muitas são as formas de avaliar na educação física, além da prova teórica e prática. “A avaliação na disciplina oferece ao estudante a oportunidade para crescer no processo de ensino e aprendizagem”, destaca a professora aposentada da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e pesquisadora da educação física escolar, Hermínia Regina Bugeste Marinho.

“Para o educador, avaliar é desconstruir o conceito de avaliação vinculado à memorização e à classificação para servir ao enriquecimento do aluno”, avalia.

O docente da Universidade Federal de Goiás (UFG) e autor do livro “Organização do trabalho pedagógico, a educação física e avaliação”, Alcir Horácio da Silva, lembra da necessidade de se lançar um olhar para o desenvolvimento do estudante ao longo de todo o processo. “A avaliação deve estar relacionada à formação integral do ser e não deixar o aluno fragmentado”, complementa.

A seguir, confira seis dicas dos educadores sobre como avaliar as turmas de forma abrangente e inclusiva: 

Além da questão motora

Segundo Marinho, a avaliação é processual e não deve privilegiar somente a questão física, motora ou técnica. “Ela deve abranger pelo menos três dimensões: os conceitos trabalhados em aula e se esses foram assimilados pelos estudantes; o procedimental – ou seja, averiguar se o aluno sabe fazer, jogar e se orientar no espaço e tempo – e, por fim, considerar as atitudes, valores e comportamentos, que costumam ser deixados de lado”, orienta.

Silva ainda indica levar em conta a presença, pontualidade e produção intelectual realizada pelas turmas. “Tudo o que pode elevar o conhecimento é avaliado.”

Instrumento vinculado aos objetivos

É mais comum a “prova” prática ou teórica ser utilizada para avaliar todos os alunos. Marinho lembra que as opções de instrumentos são variadas, como seminários, pesquisas ou dinâmicas, e devem ser utilizadas de acordo com o que o docente deseja avaliar.

“O professor pensa que tipo de resposta quer obter, e qual é a melhor forma para isso. A prova pode limitar porque são as mesmas questões para todos os estudantes”, aponta.

Diferentes avaliações ajudam a mensurar diferentes habilidades. “O teste não é ruim, mas deve ser apenas parte de um processo, não o todo”, complementa Silva.

Planejamento e PPP

A avaliação exige planejamento e deve ser determinada no plano de aula. “O educador estabelece o que avaliar, por que e como, levando em consideração os objetos delineados”, indica Silva.

“Planejar a forma de avaliar é como preparar a aula: ela está relacionada ao conteúdo estabelecido. Eu determino o que desejo alcançar dos alunos e como isso será realizado”, acrescenta Marinho. O projeto político pedagógico (PPP) da escola também deve ser consultado. “O professor deve contextualizar seu trabalho junto ao PPP”, aponta a especialista.

Olhar individualizado

Como avaliar crianças e jovens de diferentes histórias, contextos, habilidades e potenciais? Marinho aponta a necessidade do olhar individualizo. Mesmo em avaliações como seminários e trabalhos em grupo.

Cada um deve ser comparado apenas a ele mesmo, não a outros. “O professor deve trabalhar com a soma: de onde o aluno saiu e onde chegou”, destaca Silva. “Por exemplo, o critério em uma aula de futebol de salão pode ser o controle da bola. O estudante pode ter se esforçado e não conseguido, o que não significa que ele será mal avaliado. A avaliação deve ser um processo, não o produto”, decreta.

“Ela passou de fonte de castigo para fonte de virtude. Identifica-se a causa do aluno não ter conseguido alcançar algo específico para ajudá-lo”, acrescenta o docente. 

Avaliação é processual

Imagine que você é um professor que deseja cobrir a força de arremesso dos alunos em um jogo de basquete. “O fato isolado de executar o movimento do arremesso não é interessante. Mas isso pode ser detectado em jogos, brincadeiras e outras atividades aplicadas durante as aulas”, ilustra Marinho. “Em outras palavras, a avaliação é abrangente, processual e mediadora”, acrescenta.

Registrando o processo

De acordo com Marinho, o professor é observador por natureza. Mas não existe observação sem o registro – fator fundamental para o entendimento da avaliação como processo. “Nos cinco ou dez minutos finais da aula, o docente pode anotar suas observações sobre o que cada aluno desenvolveu. Isso é relevante para cobrir o que foi programado e as ações executadas”, sugere.

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