A avaliação pela oralidade possibilita acompanhar o desenvolvimento do aluno durante o processo de aprendizagem e permite que ele se expresse pela fala.“É diferente de uma prova, que é pontual e verifica o conhecimento em um momento específico e sem aferir avanços”, contrapõe o doutorando em Linguística na Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte Jean Carlos da Silva Gomes.

Ela pode ser realizada em tarefas formais ou mais livres, como uma conversa com os estudantes sobre o conteúdo aprendido. “Podem ser aplicadas tarefas como debates, apresentações expositivas, resumos orais, resenha oral, expressar opinião etc. Destaco a importância da realização de paráfrases do conteúdo visto, lido ou escutado em aula”, diz o professor.

Analista educacional da rede municipal de Ipojuca (PE) e doutora em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco, Flavia Santana Araújo lembra que a fala está presente em várias situações cotidianas, incluindo na escola. “O importante é acompanhar a língua falada do estudante, considerando os usos em diferentes contextos”, ressalta.

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Insegurança é comum

A avaliação oral é indicada para todos os alunos, etapas e áreas de conhecimento. “Verifica não somente o que o aluno conseguiu absorver, mas também como expõe o conteúdo aprendido e as aplicações que faz dessas informações”, esclarece Gomes.
Um feedback aos discentes sobre sua performance é primordial para que eles aprendam sobre novas formas de interação oral na sociedade. “Isso é útil para a formação do aluno como cidadão”, opina o professor.

Como poucas atividades orais são realizadas em sala, é comum que os estudantes se sintam inseguros em se expressar pela fala em público. “Propicie um contexto em que se sintam confortáveis e confiantes”, orienta Gomes. As atividades devem abarcar diferentes situações cotidianas. “O estudante deve saber usar adequadamente a fala nos contextos em que está inserido, sejam esses mais ou menos formais, mais ou menos públicos”, defende Araújo .

“Usar a língua adequadamente é como escolher uma roupa. Cada pessoa o faz de acordo com suas representações sociais. Não cabe ao professor dizer a ‘roupa’ a se usar em cada ocasião, mas apresentar diversos ‘estilos’ para que o estudante escolha”, compara. “Em outras palavras, falar bem não é necessariamente fazer isso de acordo com a norma-padrão, mas saber expressar ideias e opiniões oralmente, com clareza e em qualquer situação”.

Não reproduza avaliação escrita

Uma avaliação oral não é uma reprodução da prova escrita. “A fala engloba outros aspectos a serem considerados no processo avaliativo: postura, olhares, gestos, entonação, altura e volume na fala”, lista Araújo . Também é fundamental propor um uso da fala próximo do real e com objetivos comunicativos claros.

“Na atividade, determine o papel que o aluno desempenhará, para quem falará, o objetivo da tarefa e onde essa produção ocorrerá. Evite que o interlocutor seja o professor e o objetivo não deve ser conseguir pontos na disciplina”, ensina o Gomes.
Um desafio na avaliação oral pode ser documentar os resultados. “Nem sempre é fácil realizar anotações e os alunos podem ficar nervosos, apresentando uma performance aquém da sua capacidade”, completa.

Contra o problema, explique claramente os objetivos da avaliação e como ela será realizada. “Os alunos devem ter contato prévio com o gênero e é preciso lembra-los de que se trata de uma avaliação como qualquer outra, que contribuirá com sua formação”, acredita Gomes.

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Alunos disléxicos costumam ser especialmente beneficiados com esse instrumento avaliativo. “Estudantes com dificuldades de aprendizagem ainda recebem indevidamente notas baixas, devido ao modo como as avaliações são realizadas, geralmente, na modalidade escrita”, explica Gomes.

E a prova oral?

É possível quando inserida em um processo de avaliação que use instrumentos e tarefas diversificadas “Ela é relevante quando faz parte desse processo. Cabe ao professor analisar sua importância para a aprendizagem da turma, em quais situações e com que objetivos pode ser vivenciada”, pondera Araújo .

“Costuma ser primordial em aulas de língua estrangeira com turmas cheias, em que a avaliação oral processual é mais difícil de ser realizada”, reflete Gomes. Ele reforça que enunciados e critérios da prova oral devem ser igualmente claros aos estudantes. “A reformulação de respostas, pausas e tempo para pensar são comuns na fala e aparecerão nesse exame, não devendo ser penalizados”, orienta o professor.

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Atualizada em 19/08/2021, às 17h30

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