Feminismo negro é um movimento social que se concentra nas experiências, lutas e desafios das mulheres negras, considerando a intersecção entre o racismo e o sexismo. 

“No Brasil, ele surge no final da década de 1970, quando as mulheres negras percebiam que, no movimento negro, eram impedidas de ocupar posições de igualdade junto aos homens, devido ao sexismo e às relações de gênero. Porém, o racismo presente no movimento feminista fazia com que discussões com recorte racial fossem preteridas, privilegiando pautas que contemplavam mulheres brancas, tidas como universais, ignorando as individualidades dos outros públicos”, explica a doutora em educação Luciana Dornelles Ramos.

Para a educadora, apresentar o feminismo negro na educação básica ajuda a promover uma visão mais crítica, inclusiva e transformadora da sociedade. 

“Ele ensina sobre interseccionalidade, que reconhece que as pessoas podem enfrentar mais de uma forma de discriminação, e essas experiências de opressão são vividas de forma interligada”, opina Ramos.

“Compreendendo as diferentes opressões e como elas atingem diferentes grupos e indivíduos podemos contribuir para a construção cidadã de indivíduos que compreendam melhor o mundo, seu lugar nele e que terão mais empatia, contribuindo para uma sociedade melhor”, destaca. 

Versões da história

Ramos explica que o feminismo negro pode ser trabalhado a partir do ensino fundamental II, de maneira adaptada a cada etapa. Ela indica as obras e vídeos da intelectual nigeriana Chimamanda Adichie, autora do livro e do TED “O perigo de uma história única”. 

“Isso abre a possibilidades para trabalhar em sala de aula outras versões de histórias sobre os povos negros e indígenas que não a do colonizador”, apresenta. 

Adichie também é autora dos livros “Sejamos todas feministas” e “Como educar crianças feministas”. 

“Além dela, a pensadora Djamila Ribeiro contextualiza a estrutura da nossa sociedade e como se dão essas relações a partir de um olhar do feminismo negro. E temos bell hooks também, uma educadora que pensa o feminismo para todo mundo”, recomenda Ramos. 

Confira, a seguir, sete curtas, documentários e entrevistas sobre feminismo negro para apresentar aos alunos. 

Sueli Carneiro: de que barro somos feitos para permitir a situação dos negros deste país?

O vídeo da TV Senado apresenta a filósofa e ativista Sueli Carneiro, pioneira na produção de conhecimento sobre a situação da mulher negra no Brasil. Criadora do primeiro programa de saúde mental específico para essa população, ela atua há décadas no combate ao racismo e na defesa do feminismo negro

Lélia Gonzalez – Feminismo negro no palco da história

Documentário sobre Lélia Gonzalez, pioneira ao denunciar a situação da mulher negra no Brasil e reinterpretar a figura da Mãe Preta, questionando estereótipos de harmonia racial. Em seus estudos, destacou a influência africana na cultura brasileira, cunhando termos como “pretuguês” e “amefricanidade”. Sua atuação no feminismo introduziu a questão racial no movimento, enquanto no ativismo negro trouxe o debate de gênero

25 de Julho: Feminismo Negro contado em primeira pessoa

O dia 25 de julho foi definido como Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha no 1° Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana. O filme investiga a pouca visibilidade do 25 de julho em comparação ao 8 de março, explorando o significado da data e as questões que a envolvem.

Beatriz Nascimento – Entrevista exclusiva

A entrevista com Beatriz Nascimento, gravada após a Marcha do Movimento Negro em 1988, traz reflexões da historiadora e ativista sobre racismo, quilombos e deslocamentos da população negra. 

Tributo a Luiza Bairros

O filme retrata momentos marcantes da trajetória de Luiza Bairros, destacando suas falas em encontros feministas e de mulheres negras. Bairros foi uma referência na luta contra o racismo e o sexismo no Brasil, atuando como ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial entre 2011 e 2014.

Racismo perverso: desigualdade racial moldou vidas de mulheres negras | Como Ela Faz? #3

No terceiro episódio do especial “Como Ela Faz?”, do portal UOL, mulheres negras falam sobre como o racismo prejudica a permanência no mercado de trabalho e a ocupação de espaços sociais. 

Perfil & Opinião | Carla Akotirene

Entrevista da TVE Bahia com a pesquisadora, mestra e doutoranda em estudos sobre mulheres, gênero e feminismo, além de assistente social da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, Carla Akotirene.

Veja mais:

Confira 5 orientações para um ensino de filosofia decolonial

6 livros para tratar o racismo com crianças e adolescentes

8 links para falar sobre feminismo com os alunos

Crédito da imagem: GCShutter – Getty Images

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