A bengala é uma ferramenta usada por pessoas com deficiência visual para identificar obstáculos e sinais de orientação, além de ajudar observadores a reconhecerem a deficiência de quem a usa.
“Ela funciona como uma extensão do braço, ajudando na percepção do caminho, se há degraus, escadas ou pessoas à frente”, resume o presidente da Associação de Deficientes Visuais e Amigos (Adeva) Markiano Charan Filho.
O que muitos não sabem, porém, é que a cor de cada bengala pode trazer informações importantes sobre o tipo e o grau da deficiência de seu usuário. Essa padronização pode variar de acordo com os países, sendo que no Brasil é a Lei nº 14.951/2024 que traz a especificações das colorações. São elas:
Cor branca: indicada para usuários cegos.
Cor vermelha e branca: destinada a pessoas surdas-cegas.
Cor verde: reservada a quem tem baixa visão ou visão subnormal
Segundo ainda a legislação, o Sistema Único de Saúde (SUS) é o responsável por fornecer a bengala na cor indicada para cada tipo de deficiência visual.
Charan Filho explica que a diferenciação das cores da bengala pode auxiliar pessoas videntes na hora de oferecer ajuda de locomoção para quem é cego, surdo-cego ou possui baixa visão.
“Por exemplo, visualizar a bengala branca e vermelho ajuda a identificar que se trata de uma pessoa surda-muda e que a comunicação oral não será eficiente. Além disso, é mais provável que essa pessoa esteja acompanhada”, aponta.
“Porém, é importante destacar que a padronização de cores ainda não está totalmente difundida. Assim, é possível encontrar pessoas com baixa visão usando bengalas brancas, por exemplo”, explica
Guiando uma pessoa cega
O uso de cores na bengala é antigo. A origem da bengala branca remonta a 1921 com o fotógrafo britânico James Biggs, que ficou cego após um acidente. Para se locomover com segurança e ser notado pelos motoristas, ele pintou sua bengala de branco — uma cor visível no trânsito.
A ideia se espalhou, e na década de 1930 a bengala branca foi adotada oficialmente por instituições de apoio a cegos em vários países. Em 1964, os Estados Unidos decretaram uma lei que instituiu 15 de outubro como o Dia da Bengala Branca.
Independentemente da cor da bengala, porém, Charan Filho explica que a ajuda para uma pessoa com deficiência visual deve ser oferecida.
“Lembrando que a pessoa com deficiência pode recusar essa ajuda, caso o auxílio seja desnecessário”, reforça.
Na hora de guiar uma pessoa cega, ele deixa algumas orientações. “O ideal é oferecer o braço na altura do cotovelo para a pessoa com deficiência visual segurar e nunca pegar no braço dela.”
A dupla deve permanecer lado a lado, mas a pessoa cega pode seguir um passo atrás. Para completar, pode-se fazer uma breve descrição sobre o lugar da travessia.
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Crédito da imagem: FluxFactory – Getty Images