O controle parental é uma estratégia de mediação digital e consiste no uso de ferramentas para monitorar e restringir o acesso de crianças a determinados conteúdos, dispositivos e plataformas.
“Controle parental e mediação são termos complementares, não excludentes. A mediação é mais ampla e envolve incentivar o uso das tecnologias digitais de forma consciente e saudável, não apenas monitorar o que os filhos fazem online”, diferencia a psicóloga da SaferNet e doutora em Estudos da Criança Bianca Orrico.
Segundo a psicóloga, para estabelecer limites adequados e simultaneamente ajudar crianças e adolescentes a desenvolverem autonomia nas experiências online, é necessário diálogo.
“Inclua seu filho ou filha na conversa sobre limites de uso e pergunte como ele enxerga um uso saudável de redes sociais, jogos ou tempo de tela em geral. Trabalhem juntos para definir horários e regras que façam sentido para ambos, como pausas para refeições, horas de estudo e momentos offline. Ele se sentirá respeitado e terá mais chances de seguir as regras acordadas”, orienta Orrico.
“Lembre-o de que o objetivo é garantir um equilíbrio saudável entre atividades online e offline, que é importante para o bem-estar físico e mental. Isso ajuda a construir um entendimento sobre o motivo dos limites e incentiva a tomada de decisões conscientes no futuro”, pontua.
Os limites devem ser ajustados conforme o menor cresce. “Se ele está gerenciando bem o tempo online e cumprindo com outras responsabilidades, considere aumentar a autonomia, esclarecendo que as regras podem ser revisadas com base em sua maturidade e comportamento, o que incentiva responsabilidade em relação ao uso”, adiciona a psicóloga.
Para completar, as abordagens devem ser personalizadas, pois cada criança e adolescente tem necessidades, interesses e desafios próprios. “Além disso, eles amadurecem em ritmos diferentes, afetando como interagem com o mundo digital”.
Aplicativos de controle parental
Essas são ferramentas que permitem aos responsáveis acompanhar as interações realizadas, o tempo de tela, além de auxiliar na proteção da privacidade e segurança no uso de dispositivos e plataformas digitais acessadas pelos filhos.
“Na prática, o controle parental envolve configurar limites de tempo de uso, bloquear conteúdos impróprios, acompanhar o histórico de navegação e, em alguns casos, rastrear a localização do dispositivo”, lista Orrico.
Isso pode ser feito por meio de aplicativos específicos, configurações dos sistemas operacionais e por meio de ferramentas nas próprias redes sociais e plataformas de jogos.
“Seu uso é importante porque crianças e adolescentes ainda estão em desenvolvimento e podem não reconhecer riscos”, justifica a psicóloga.
Segundo Orrico, para crianças pequenas, são mais eficazes os aplicativos que oferecem bloqueio total de conteúdos não apropriados, como YouTube Kids ou ferramentas como o Google Family Link.
“Para adolescentes, o ideal é usar ferramentas com mais foco em supervisão. E, em todos os casos, o acompanhamento deve estar aliado ao diálogo e a acordos familiares”, ensina.
Como fazer o controle parental?
Para controle parental em celulares Android, o aplicativo mais conhecido é o Google Family Link. “É simples: ele precisa estar instalado no celular dos pais e, depois, ativado com a concordância dos filhos em seus dispositivos. Por ser robusto e abranger outros aplicativos, permite controle em redes sociais como o Instagram. Porém, o limite de idade para uso do Family Link é em crianças de até 13 anos”, descreve o fundador do canal Tech World BR Augusto Ramos.
Fundador do canal de tecnologia Fala Vertão, Everton Vianna explica que dispositivos da Apple contam com o recurso Apple Tempo de Uso. “Já nos dispositivos da Microsoft, como Windows e Xbox, a alternativa é o Microsoft Family Safety”.
Entre as redes sociais, o TikTok oferece o recurso Emparelhamento Familiar. “Porém, é importante que a conta da criança esteja no modo privado, com aprovação manual de seguidores”, complementa Vianna
A plataforma de jogos Discord possui a ferramenta Controle Familiar. “No caso dos jogos, ative as ferramentas de controle parental nos consoles e plataformas, verifique a classificação indicativa de cada game, configure a aprovação de compras, limite o tempo de uso e acompanhe interações online, especialmente com desconhecidos”, orienta Orrico.
“Também é recomendado jogar com os filhos para entender melhor os conteúdos e dinâmicas de cada jogo. Esse vínculo de confiança incentiva crianças e adolescentes a compartilharem experiências em outras plataformas que acessam”, acrescenta.
Para completar, os responsáveis podem se manter informados sobre as plataformas que seus filhos acessam e interagem. Isso permite orientar, prevenir riscos e estabelecer regras de uso em relação a cada serviço.
“Entretanto, sabemos que a realidade do Brasil é desigual e que pais e responsáveis não possuem uma educação digital para apoiar os filhos sozinhos. Por isso, é importante reforçar que a segurança de crianças e adolescentes em suas experiências online também envolve a participação da escola, do governo e das próprias plataformas, que se beneficiam da presença desse público”, diz a psicóloga.
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Crédito da imagem: MoMo Productions – Getty Images