Menores de 18 anos são impedidos pela legislação brasileira de firmar contratos, o que inclui compras online. Porém, algumas plataformas permitem que crianças a partir dos dez anos possuam conta junto a um representante legal, sendo vedada a compra de produtos proibidos para menores, como bebidas alcoólicas. 

“Outras plataformas permitem que menores de idade façam compras online sem a necessidade de aprovação prévia dos pais, quando as configurações das contas deixam essa opção aberta. Bancos digitais, por exemplo, criaram verdadeiras lojas dentro de seus aplicativos”, alerta a economista do Instituto Defesa Coletiva e autora do livro “Cuide do seu bolso e do planeta – um guia para decisões financeiras sustentáveis”, Adriana Fileto. 

Ela ressalta a necessidade de pais e responsáveis realizarem compras em conjunto com menores para orientarem sobre o procedimento e suas implicações. 

“Ainda que algumas plataformas facilitem a compra online por crianças e adolescentes, se algo der errado, a responsabilidade será sempre dos responsáveis. Além disso, acompanhar as compras dos filhos é uma oportunidade de ensiná-los sobre educação financeira, como compras por impulso, planejamento financeiro, consumismo e a importância de pesquisar antes de adquirir algo”, lista.

Outro problema é a falta de segurança no ambiente digital. “A publicidade na internet é feita para atrair e convencer, e nem sempre os jovens conseguem diferenciar uma oferta real de um golpe”, lembra a economista. 

A seguir, confira seis temas para abordar com crianças e adolescentes na hora de realizar uma compra online em conjunto! 

1) Supervisione a compra de forma ativa

Fileto lembra que deixar o menor comprar sozinho pode parecer uma boa ideia para dar mais autonomia. Mas será que crianças e jovens estão preparados para isso? “O ato de comprar pode se tornar algo impulsivo e automático, sem a reflexão necessária sobre necessidade e valor, gerando consumismo e desperdício de recursos. A neurociência já mostrou que o cérebro de crianças e adolescentes está em desenvolvimento, o que significa que eles não têm total controle sobre impulsos e consequências. E, se até adultos compram por impulso, imagine crianças”, justifica. 

Para evitar que menores comprem sem supervisão, devem ser ativadas as configurações de compra nas plataformas que exigem aprovação prévia dos responsáveis. 

“O papel dos adultos não é apenas dizer ‘sim’ ou ‘não’, mas ajudar crianças e jovens a fazerem escolhas mais conscientes. Supervisionar não significa proibir, mas orientar para que aprendam a consumir de forma responsável e segura”.

2) Ajude a avaliar se a compra é necessária

“Antes de qualquer compra, deve-se refletir sobre a real necessidade dela, o momento ideal para realizá-la e se há capacidade de pagamento”, descreve a economista.  

3) Ensine sobre o processo de compra

Isso inclui comparar preços, entender as especificações dos produtos e avaliar se a compra realmente vale a pena. “Muitas vezes, um preço parece bom, mas, quando se soma frete, impostos e juros, o valor final pode ser bem maior”, adverte Fileto. 

Outro ponto é ler a descrição do produto com atenção. “Isso evita surpresas desagradáveis, como receber um item de tamanho errado ou sem garantia”, afirma. 

Além disso, é necessário conferir o prazo de entrega e as regras de troca e devolução, garantindo que, se algo der errado, seja possível resolver sem prejuízos. “E atenção: a emissão de nota fiscal é importante para garantir trocas e garantia do produto”, completa a especialista.

4) Ensine a pesquisar a reputação da loja 

“Hoje, existem muitas ofertas que parecem boas demais para serem verdade — e, muitas vezes, não são”, alerta Fileto. Assim, a criança e o jovem devem aprender a verificar se a loja e o vendedor são legítimos antes de finalizar qualquer compra. “Pesquise o nome do site no Google, adicionando termos como ‘reclamação’ ou ‘fraude’. Veja se há avaliações negativas em plataformas como o Reclame Aqui e redes sociais”, indica Fileto.

A segurança no pagamento também deve ser uma preocupação. “Eles devem saber que não se fornecem dados bancários ou pessoais a sites não confiáveis”. 

5)  Mostre se o site é seguro para transações financeiras

Para isso, a economista lista algumas orientações: 

  • confira se a URL tem “HTTPS” no início e se há um cadeado na barra de navegação, que representa conexão segura;
  • preste atenção aos selos de segurança, como Norton Secured e McAfee Secure. “Mas, cuidado: golpistas podem falsificá-los. Clique neles e veja se redirecionam para o site oficial da certificadora”;
  • observe o design do site. “Empresas confiáveis investem em páginas bem feitas e com textos bem escritos”, ensina; e
  • sites sérios costumam informar endereço físico, telefone e e-mail de atendimento. “Teste esses canais antes de fazer uma compra”, sugere a economista.

6) Compras sem autorização exigem conversa e ações de proteção

O que fazer caso a criança ou o adolescente compre algo sem autorização do adulto?  No caso de compras feitas pela internet, o Código de Defesa do Consumidor garante o direito de arrependimento em até sete dias após a compra.

“Depois, é importante entender o que aconteceu: foi uma compra acidental ou intencional? O segundo caso exige uma conversa”, recomenda Fileto. Segundo a economista, para evitar novas situações, os responsáveis podem lançar mão das seguintes medidas:

  • desativar compras automáticas em aplicativos, jogos e plataformas de streaming;
  • configurar senhas para aprovar transações antes que elas sejam finalizadas;
  • usar aplicativos de controle parental, como Google Family Link, que permite bloquear compras não autorizadas; ou
  • ativar notificações de compras no celular dos responsáveis, para acompanhar os gastos em tempo real.

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Crédito da imagem: blackCAT – Getty Images

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