A luta por mais diversidade na moda ganhou mais um nome de peso: a modelo brasileira com síndrome de Down Maria Julia de Araújo. Conhecida como Maju, a jovem de 18 anos decidiu realizar o sonho de entrar na profissão, há dois anos, após se recuperar de uma meningite, que a deixou em coma. Na época, ela tinha apenas 16 anos. “Eu pedi à minha mãe para me inscrever em um projeto para modelos. Um dia após a alta hospitalar, participei de uma audição que me declarou uma nova descoberta. Comecei a estudar, a me profissionalizar na área e desde então não parei mais”, relata.

Dois anos depois do seu primeiro curso, Maju começou a receber convites para participar de Fashion Weeks de diferentes cidades do país. Na Osasco Fashion Weeks de 2019, por exemplo, ela chegou a desfilar para 40 marcas em uma única temporada – algo considerado um marco importante mesmo para modelos que não são pessoas com deficiência (PCD).

modelo com síndrome de down na passarela
Maju de Araújo na passarela (crédito: André Sampaio/ divulgação)

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Para completar, sua presença na passarela conscientiza sobre a importância da inclusão e também da representatividade da pessoa com síndrome de Down em todas as áreas. “Incluir não é um favor às pessoas marginalizadas, mas um direito que vem sendo cumprido com atraso. Existem diversas pessoas tidas como ‘diferentes’ por aí, totalmente capacitadas a atuarem nesse mercado da moda. Ainda assim, oportunidades são negadas por elas serem consideradas ‘fora do padrão’”, avalia.

Beleza real

Maju faz parte de um movimento amplo de inclusão de modelos com síndrome de Down nas passarelas e publicidade. A primeira profissional da área foi a australiana Madeline Stuart, que hoje está com 23 anos. Sua experiência conta com mais de 60 desfiles e também projetos nos quais trabalha como estilista. A lista – ainda restrita – inclui, ainda, a espanhola Marián Ávila , que desfilou na Fashion Week de Nova York; a primeira modelo com Down a ganhar um concurso de beleza, a irlandesa Kate Grant; a primeira a participar do Miss Estados Unidos, Mikayla Holmgrem; Chelsea Werner e a brasileira Georgia Furlan.

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Para Maju, modelos com síndrome de Down ajudam a moda a refletir uma beleza diversificada, mas também singular. “Nossa presença beneficia todo mundo. Pessoas reais gostam de consumir uma moda real”, declara. “A profissão não deve ficar restrita a influenciar pessoas a alcançarem corpo e o rosto ‘perfeitos’”, acrescenta.

modelo com down Maju Araújo
A modelo com síndrome de Down Maju de Araújo  luta por mais inclusão (crédito: Nila Costa/divulgação)

Atualmente com mais de 250 mil seguidores em seu Instagram, Maju relata ser procurada por diversas meninas, em mensagens privadas, pedindo conselhos sobre como iniciar uma carreira de modelo. “Tenho a oportunidade de influenciar positivamente pessoas que não acreditavam ser possível uma carreira de modelo por terem um corpo diferente do padrão”, comemora.

Ela confessa, porém, que o caminho é um pouco mais árduo para modelos com síndrome de Down. “Ainda tenho dificuldade de ser reconhecida profissionalmente, mesmo sendo tão capacitada quanto outra modelo profissional. É uma luta diária”. Seu desejo, porém, é que uma nova geração de pessoas com deficiência usufrua de oportunidades iguais em todos os segmentos, incluindo a moda. “Que existam possibilidades de trabalho para outras pessoas como eu”, conclui.

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