Leonardo Valle
Em seu relatório anual “Tendências Globais”, a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) informou que 68,5 milhões de pessoas foram deslocadas de suas casas por guerras, conflitos ou outras formas de violência, em 2017. Pelo quinto ano consecutivo, o número de pessoas que tiveram de deixar seus lares chegou a um patamar inédito. Segundo a agência, esse aumento é reflexo da crise na República Democrática do Congo, a guerra do Sudão do Sul e a saída de centenas de milhares de refugiados rohingya para Bangladesh.
Desse total, o número de refugiados – pessoas que deixaram seus países para escapar de conflitos e perseguições – foi de 25,4 milhões de pessoas do total. Isso corresponde a 2,9 milhões a mais do que em 2016 e é o maior aumento que o Acnur já registrou em um único ano. Por sua vez, 3,1 milhões de pessoas no mundo esperavam o resultado de pedidos de refúgios, aumento de 300 mil em comparação ao ano anterior.
Dos 25,4 milhões de refugiados, pouco mais de um quinto são palestinos sob os cuidados da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa). Entre os demais, que estão sob a responsabilidade do Acnur, dois terços vêm de apenas cinco países: Síria, Afeganistão, Sudão do Sul, Mianmar e Somália.
Duas outras conclusões do relatório Tendências Globais são que a maioria dos refugiados vive em áreas urbanas (58%), não em campos ou áreas rurais, e que a população deslocada global é jovem – 53% são crianças, incluindo muitas que estão desacompanhadas ou separadas de suas famílias.
Acordo global
Para a Acnur, é essencial um novo acordo global para as pessoas que são forçadas a deixar seu país de origem. “Quatorze países já são pioneiros em um novo modelo para responder a essa situação e, em questão de meses, um novo Pacto Global sobre Refugiados estará pronto para ser adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Ninguém se refugia por opção. Mas nós podemos escolher sobre como ajudar”, afirmou o alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi.
O relatório Tendências Globais desmistifica a noção de que as pessoas deslocadas estão principalmente em países do hemisfério norte. Os dados mostram o oposto: 85% dos refugiados estão nos países em desenvolvimento. Quatro em cada cinco desses permanecem em países próximos aos seus locais de origem. Um exemplo é o Brasil, que recebeu 17.900 refugiados venezuelanos.
A versão completa do relatório está disponível online, em inglês.
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