A produção do açaí pode gerar como descarte as sementes do fruto. Para aproveitar esse resíduo e ainda resolver o problema da falta de acesso à água potável por grande parte da população de Rondônia, o pesquisador Ygor Requenha Romano desenvolveu um filtro que usa esse material como matéria-prima.

“É feito para ser utilizado em garrafas pet. O preço de custo é baixíssimo e é ecológico, além de muito eficiente. As sementes passam por uma alteração química antes de serem colocadas no filtro, mas isso não agride o meio ambiente quando elas forem descartadas”, explica.

Ygor Requenha Romano manipulando as sementes de açaí que serão utilizadas no filtro (crédito: divulgação)

O filtro possui duas entradas. Em uma, anexa-se uma garrafa pet com a água do rio coletada. Do lado oposto, uma segunda garrafa pet é rosqueada e ficará pronta para receber a água filtrada.

“O processo é realizado como se fosse uma ampulheta”, compara.

Segundo Romano, a solução poderia atender, principalmente, às populações ribeirinhas, que usam a água do rio para as tarefas do dia a dia. “Poços artesianos são caros e não fazem parte da realidade de grande parte das pessoas”, lamenta.

Outra motivação do cientista foi ajudar a agregar valor a um produto fruto do extrativismo da região. Com isso, ajudariam a gerar renda para populações vulneráveis.

“As sementes, que iriam para o lixo, seriam compradas das famílias que produzem o açaí”, explica ele, que busca parceiros e patrocínio para produzir a iniciativa em larga escala.

Romano contou com orientação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade de São Paulo (USP) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para desenvolver a iniciativa.

Em 2019, ele foi convidado para representar o Brasil no Fórum de Jovens Cientistas do Encontro de Cúpula dos BRICS (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Segundo dados da Embrapa, de 2018, a produção nacional do açaí é de aproximadamente 1,5 milhão de toneladas por ano, considerando as áreas plantadas e extrativismo. Os maiores produtores são o Pará e o Amazonas, estando Rondônia na quarta colocação.

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