Leonardo Valle
Os peixes de grande porte possuem um importante papel na recuperação de florestas como o Pantanal e a Amazônia, segundo pesquisa do doutorando do Instituto de Biociências da Unesp em Rio Claro, Raul Costa-Pereira. Realizado em áreas inundadas do Pantanal Sul-Matogrossense e em diferentes áreas da Amazônia brasileira e peruana, o estudo analisou interações entre peixes de diferentes tamanhos e frutos.
“Muitas espécies de peixes tropicais consomem uma diversidade de frutos. As sementes são defecadas intactas, podendo dar origem a novas plantas e contribuir para a regeneração natural da floresta. Porém, ainda sabemos pouco sobre como a qualidade desse serviço ecossistêmico de dispersão de sementes é afetada por diferenças de tamanho entre peixes. A pergunta é importante porque peixes gigantes estão sumindo dos rios por causa da sobrepesca”, relata o pesquisador, cujo estudo foi publicado nas revistas científicas Biotropica e Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
O biólogo estudou os tambaquis amazônicos grandes, que consomem mais de 100 espécies de frutos, podem chegar a um metro de comprimento e pesar 40 kg. Na Amazônia, foram investigados, ainda, a pirapitinga e a matrinxã. Já no Pantanal, foram escolhidas pequenas espécies de lambaris, pacu e a sardinha-de-água-doce.
A conclusão foi que os peixes grandes são os melhores dispersores de sementes, por consumirem uma maior quantidade e diversidade de frutos e defecarem os grãos intactos, possibilitando a germinação. Em contrapartida, essa interação entre peixes e frutos, tida como fundamental para a regeneração natural de florestas tropicais inundáveis, encontra-se ameaçada.
Com Unesp.