Sarah Fernandes
Um resumo das três décadas de história do HIV no Brasil estará nos cinemas de todas as capitais do país durante outubro. O documentário “Carta para Além dos Muros”, dirigido por André Canto, traz para as telonas uma narrativa sobre o vírus inspirada na série de crônicas do escritor Caio Fernando Abreu.
Por meio de depoimentos, o documentário, com cerca de 1h30 de duração, investiga e expõe o estigma e a discriminação das pessoas com HIV. “É uma construção social muito difícil de quebrar, mas o objetivo é colaborar com todas as ações realizadas nessa tentativa de enfrentamento”, contou o diretor André Canto à Unaids, braço da ONU parceiro da iniciativa.
Pelo menos 30 pessoas dão voz à história, entre elas estão o médico e escritor Drauzio Varella, a mãe do cantor Cazuza, Lucinha Araújo, os ex-ministros da Saúde José Serra e José Gomes Temporão, além de pessoas que vivem com HIV e ativistas que trabalham para acabar com o preconceito, como os youtubers Gabriel Estrela e Gabriel Comicholi. O filme traz, ainda, o depoimento da médica Valéria Petri, que identificou o primeiro caso de Aids no Brasil.
![](https://www.institutoclaro.org.br/cidadania/wp-content/uploads/sites/3/2017/06/Documentário-“Carta-para-Além-dos-Muros”_3.jpg)
“Temos vivido, nos últimos anos, uma revolução no campo da medicina, da ciência e das tecnologias. Hoje, a gente precisa que essa revolução se reflita também na área social e de direitos humanos”, destacou Cleiton Euzebio de Lima, diretor interino da Unaids no Brasil, instituição que ofereceu apoio institucional e técnico para a elaboração do documentário. “E esses avanços na área social não dependem de uma pílula ou tecnologia, mas especialmente de que todas as pessoas, em todos os lugares, falem mais sobre o HIV e se disponham a aprender mais sobre o tema, sem tabus, sem estigma e ou discriminação.”
A produção, primeira do gênero a refazer a cronologia do HIV e da Aids no país, homenageia o autor gaúcho Caio Fernando Abreu, que, em 1994, revelou publicamente sua sorologia. Ele abordou o tema em uma série de crônicas publicadas no jornal “O Estado de S. Paulo’, chamada Carta para Além dos Muros. O escritor brasileiro morreu em 1996, por complicações decorrentes da doença.
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