Leonardo Valle
Um relatório do Greenpeace sobre o uso de agrotóxicos e seus impactos no meio ambiente revelou que 2019 teve um recorde histórico na liberação dessas substâncias pela Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa). Em 12 meses, foram aprovados 467 novos agrotóxicos. A quantidade de aprovações é documentada desde 2005.
Além disso, desde julho, a agência começou a utilizar um novo sistema de análise toxicológica. A categoria “alta toxicidade” deixou de incluir consequências como cegueira e corrosão na pele, passando a abranger apenas produtos que podem levar à morte por ingestão ou contato.
O relatório também destaca o Brasil como destino de agrotóxicos proibidos na União Europeia: 34% dos produtos aprovados em 2019 não são permitidos nessa região.
O uso dessas substâncias também atingiu o meio ambiente. Entre dezembro de 2018 e março de 2019, mais de meio bilhão de abelhas criadas por apicultores foram encontradas mortas no país. O problema está relacionado a agrotóxicos liberados e utilizados na agricultura brasileira, como glifosato, neonicotinóides e fipronil.
O problema também atinge a água que abastece a população. Uma em cada quatro cidades brasileiras teve agrotóxicos encontrados em sua água, de acordo com reportagem da Agência Pública, com base em dados do Ministério da Saúde.
Por fim, a retrospectiva também lembrou a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), órgão que atuava como forma de comunicação entre a sociedade civil e a presidência da república para debater políticas ligadas a alimentação, saúde e nutrição.
Com Greenpeace
Veja mais:
Mais de dois mil municípios brasileiros possuem água contaminada por agrotóxicos
É possível manter a produtividade agrícola sem agrotóxicos, afirma especialista
E-book gratuito explica mitos e verdades dos agrotóxicos
Projeto de lei sobre agrotóxicos não prioriza saúde e meio ambiente
Crédito da imagem: alffoto – iStock