Leonardo Valle
Somente 25% da superfície terrestre está livre de impactos substanciais causados pela atividade humana. Contudo, a previsão é que o índice deve atingir os 10% até 2050, de acordo com a Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (Ipbes).
“Apenas algumas regiões nos polos, desertos e as partes mais inacessíveis das florestas tropicais permanecem intactas”, destaca o pesquisador sul-africano Robert Scholes. Ele é um dos coordenadores do relatório sobre degradação e restauração de terras degradadas divulgado pela Ipbes.
Pode ser definido como degradação o processo que leva um ecossistema terrestre ou aquático a sofrer um declínio persistente das funções ecossistêmicas e da biodiversidade. “É quando uma determinada região tem sua capacidade de sustentar a vida – humana ou não – persistentemente reduzida”, acrescenta.
Ainda segundo o relatório da Ipbes, até o ano de 2014, mais de 1,5 bilhão de hectares de ecossistemas naturais foram convertidos em áreas agrícolas. Plantações e pastagens cobrem, atualmente, mais de um terço da superfície do planeta. Por fim, o texto alerta que processos mais recentes de desmatamento estão ocorrendo nas regiões do globo mais ricas em biodiversidade.
Agronegócio e consumo são vilões
A expansão não sustentável de áreas dedicadas à agricultura e à pecuária é apontada no relatório como uma das principais causas do problema – que tende a se agravar com a demanda crescente por comida e biocombustíveis. Segundo os autores, o uso de pesticidas e fertilizantes deve dobrar até 2050.
O estilo de vida de alto consumo dos países desenvolvidos – bem como o consumo crescente observado nos países em desenvolvimento – também contribui para o processo de degradação ambiental.
Para os autores do texto, o combate ao problema deve incluir a adoção de uma dieta mais sustentável, com menos produtos de origem animal e maior preocupação com os métodos usados na produção dos alimentos e demais produtos consumidos.
Com Agência Fapesp.