Cerca de oito mil ovos de tracajás – espécie de quelônio da região Norte do país – foram coletados nas reservas de Igapó-Açú e Mamori, no Amazonas, em mais um ciclo do projeto Pé-de-Pincha. Com apoio do Instituto Claro, a iniciativa trabalha para a preservação dos tracajás e acontece em várias etapas durante o ano. A coleta de ovos em comunidades no entorno da rodovia que liga os estados de Amazonas e Rondônia é feita de agosto a setembro e, em 2020, teve um desafio a mais: a covid-19.
Os voluntários do projeto se dividiram em equipes menores – com no máximo três pessoas –, usaram máscara, álcool em gel e mantiveram distância dos comunitários para evitar o contágio em meio à epidemia crescente. A coleta em Igapé-Açú aconteceu entre os dias 17 e 24 de agosto e 6,4 mil ovos foram resgatados. Na fase atual, 3,7 mil filhotes já eclodiram dos ovos nessas comunidades. Em Mamori, os voluntários reuniram mais de 1,5 mil ovos entre os dias 22 e 30 de setembro.
Ciclo da preservação
Após a coleta, os ovos são transportados para chocadeiras localizadas nas comunidades. Lá, os filhotes ficam protegidos da ação de predadores, assim como de caçadores e do comércio ilegal, uma vez que as reservas são fiscalizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Depois que os ovos eclodem, os filhotes são colocados em tanques, onde são alimentados. Em seguida, estudantes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) fazem pesagem e catalogação. Por fim, a última fase do ciclo acontece entre janeiro e março, com a soltura dos tracajás. Essa é a época ideal porque os rios amazônicos estão em fase de cheia e, por isso, a probabilidade de sobrevivência dos animais é maior. No ciclo passado, o projeto Pé-de-Pincha soltou mais de 7 mil filhotes.