“A prova em fases é aquela que é devolvida ao aluno para revisão das questões que ele acredita ter errado e ainda não respondeu. O aluno pode levá-la para casa, respondê-la com consulta e retornar”, explica a docente e integrante do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Matemática e Avaliação (Gepema) Regina Luzia Corio de Buriasco.

Durante a prova em fases, o professor faz perguntas ao estudante sobre a resolução da questão, chamadas intervenções, que o incentivam a refletir sobre os seus erros e acertos. Em entrevista, Buriasco orienta sobre como professores de diferentes disciplinas podem usar esse recurso e os benefícios da prova em fases também para o momento de recuperação. 

O que é uma prova em fases?

Regina Buriasco: É aquela que é devolvida ao aluno para revisão das questões que ele acredita ter errado e ainda não respondeu. O aluno pode levá-la para casa, respondê-la com consulta e retornar. Ela vai e vem. É um tipo de avaliação em que o professor determina quantas fases serão aplicadas. Por exemplo, o professor pode elaborar o número de questões que não seria possível resolver durante uma aula usual. Ele vai orientar os alunos em cada fase, não corrigir a prova. Para isso, fará perguntas sobre a escrita e resolução das questões, que chamamos de intervenções. Por exemplo: “Por que você acha que essa resposta responde o problema e a questão?”. “Como você mostraria qual é a resposta correta?”. “Por que resolveu dessa forma?”. “Haveria outras maneiras?”. Assim, é uma conversa entre eles.

Quando as intervenções são realizadas?

Buriasco: As intervenções podem ser realizadas não apenas quando a resposta estiver incorreta, mas correta também.  Por isso, a prova em fases não pode ser de múltipla escolha, mas com questões abertas, nas quais o aluno possa escrever a resposta e a resolução do problema. E esperamos que o aluno olhe nos livros, pesquise, converse com amigos e faça o necessário para aprender.

Quais os benefícios da prova em fases?

Buriasco: Fazer o aluno estudar e também ler o enunciado com atenção. Muitas vezes, eles erram não porque não sabem o conteúdo, mas porque leram o enunciado de forma superficial, desatentos aos dados e informações.

Ela pode ser utilizada na recuperação paralela. O que é geralmente realizada nas escolas ao final do ano não é uma recuperação efetiva. É uma recuperação de nota, mas não de estudo, feita em um contexto em que professor e alunos estão estressados e com falta de tempo.

Como se deve planejar uma prova em fases?

Buriasco: Ela é como qualquer avaliação, ou seja, as perguntas selecionadas devem ter uma intenção: o que o professor quer que o aluno mostre a partir delas. E há formas diversas de utilizar a prova em fases. O professor pode pensar em uma prova que contenha questões do conteúdo do ano todo e, semanalmente, essa prova vai e vem com perguntas e indicações.

Ela pode ser usada em outras disciplinas, além da matemática?

Buriasco: Sim, da mesma forma. O professor elabora as perguntas, aluno responde, o professor analisa e retorna. A quantidade de fases é definida pelo professor, até ele ficar satisfeito. Ele pode determinar antecipadamente ou estender até achar que fechou a questão.

Como se lida com o erro na prova em fases?

Buriasco: Não se toma o erro como uma coisa à parte: ele também faz parte e é importante para a aprendizagem. Por isso, é fundamental ajudar o aluno a perceber onde ele errou, entender a natureza do erro, de onde ele surgiu. Diferentes erros possuem diferentes naturezas e jeitos de lidar com ele. Caso contrário, o aluno pode cometer o mesmo erro novamente. Motivo pelo qual as intervenções são importantes: “Mostra para mim que sua resposta está certa?” ou “como é que você sabe que acertou?”.

Como é a atribuição da nota?

Buriasco: O professor é autônomo para definir isso, mas o que faço é: se o aluno participou de todas as fases e se esforçou, merece a nota máxima. Não é apenas o conhecimento que deve ser avaliado, até porque não é possível medir um conhecimento. Se tiver que dar nota, use a participação em todas as fases na análise dela. E se precisar dar um resultado, utilize a última fase.

Qual o papel do professor?

Buriasco: É o mesmo papel do professor em sala de aula, que é estar com o aluno no momento em que ele está aprendendo e tentar oportunizar essa aprendizagem ao máximo, ajudando-o a prestar atenção, orientando, guiando e retomando os conteúdos.

Quais as orientações para o professor?

Buriasco: Muitos professores pensam que a prova em fases dará mais trabalho, mas não vejo dessa forma. Se o docente der uma prova em fases com o conteúdo do semestre e comparar com o tempo que seria investido em todas as avaliações, é basicamente o mesmo, mas ajudando os alunos a serem mais responsáveis e estudando mais.

Para outras dúvidas sobre prova em fases e informações sobre o Gepema, Regina Buriasco disponibiliza o e-mail reginaburiasco@outlook.com.

Veja mais:

11 opções de avaliação para substituir ou complementar a prova tradicional

O que é a recomposição de aprendizagens?

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Talvez Você Também Goste

Emenda do Fundeb ameaça reajuste salarial dos professores

Segundo especialista, mudança no texto pode afetar recursos para pagamento de pessoal na educação

Obra de Tomie Ohtake ajuda a trabalhar arte abstrata na educação básica

A partir do acervo e da trajetória da artista é possível explorar o processo criativo, o papel social da mulher e a imigração

Como adaptar jogos eletrônicos para a educação física?

Labirinto com cones simulando Pac-Man é uma das opções para escolas com poucos recursos

Receba NossasNovidades

Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Receba NossasNovidades

Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba todas as novidades sobre os projetos e ações do Instituto Claro.