Em 2021, são celebrados os 80 anos de nascimento do escritor João Ubaldo Ribeiro. O autor nasceu na Bahia, em 23 de janeiro de 1941, e publicou romances, memórias, contos, crônicas e três infanto-juvenis: “Vida e paixão de Pandonar, o cruel” (1983); “A vingança de Charles Tiburone” (1990) e “Dez bons conselhos de meu pai” (2011). Suas obras são apreciadas por adultos e crianças e podem ser usadas em sala nas aulas de linguagem e produção textual, sobretudo para trabalhar o regionalismo e o neologismo na educação básica.

Em vida, Ribeiro foi condecorado com dois importantes prêmios internacionais: Camões, de Portugal e o Anna Seghers, da Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha. “Dono de uma linguagem própria, ele tratou de uma literatura regional, incorporando personagens inspiradas em seus contemporâneos da ilha de Itaparica, na Bahia, ao mesmo tempo em que também inseriu o Brasil em um contexto universal”, resume a professora de língua portuguesa e literatura da rede municipal de Pojuca (BA) Débora Chaves.

A obra de João Ubaldo Ribeiro é marcada por temas do cotidiano e pela presença de ironia e humor irreverente, por vezes, também ácido. “Ele tinha uma queda pela política, mas as histórias que impulsionaram sua carreira como escritor foram aquelas em que trouxe Brasil e Bahia como cenários, inserindo a linguagem do nordestino e as características dessa região”, acrescenta Chaves, que pesquisa a obra do autor em seu pós-doutorado na Universidade Estadual do Pará (Uepa).

Possibilidades por etapa

Segundo a professora, o livro infanto-juvenil intitulado “Dez bons conselhos de meu pai” pode ser trabalhado no ensino fundamental 1. “Possui leitura fácil e divertida, podendo ser inserido em rodas de leitura seguidas de debates entre crianças”, recomenda. “Também pode ser uma boa opção para um dia de ‘pais na escola’, para ouvir a opinião das crianças sobre os conselhos que recebem dos adultos”, acrescenta.

Diversos contos de João Ubaldo são compatíveis com o ensino Fundamental 2. Um bom exemplo é o livro “Histórias Pitorescas” (1997), que é marcado por uma narrativa simples e personagens da identidade nacional, incluindo pescadores, roceiros e turistas. “O livro ‘Vida e paixão de Pandonar, o cruel’ mexe com o imaginário dos adolescentes e paixões próprias dessa idade e é indicado para 6º e 7º anos”, apresenta Chaves.

Para os 8º e 9º anos, além dos contos, ela indica apostar nas crônicas. “Com elas, o jovem leitor já é capaz de formar opiniões importantes sobre política e sociedade, bem como realizar tarefas de competência linguística, observando formas gráficas, sinônimos e linguagem”, justifica a professora, que sugere o livro de crônicas “Um brasileiro em Berlim” (1998).

“A crônica é também uma importante aliada na produção de textos próprios, já que sua forma confessional estimula a escrita adolescente”, reforça. Já os grandes romances do autor podem ser inseridos de modo gradativo no ensino médio. “Sargento Getúlio” (1971) e “Viva o povo brasileiro” (1984), por exemplo, são leituras recorrentes em vestibulares. “Crônicas de ‘Sempre aos domingos’ (1988) e contos de ‘O santo que não acreditava em Deus’ (1995) introduzem debates sobre política e crítica social. Podem ser trabalhados na forma de seminário, pesquisa, roda de conversa ou debate”, destaca a docente.

Interdisciplinaridade

Para Chaves, o professor deve se atentar aos mecanismos linguísticos usados pelo autor ao apresentá-lo aos alunos. “Observe os tipos de neologismos que ele trouxe com irreverência e humor à língua portuguesa”, sugere.

Há ainda possibilidade de promover projetos interdisciplinares sobre o autor com professores de outras disciplinas, principalmente de história, geografia e artes. “Vale adaptar livros para o teatro escolar, musicalizar contos no formato de cordel, entre outros”, conclui.

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