A mediação de professores e alunos são armas importantes para combater casos de cyberbullying e bullying. Essa foi uma das conclusões do I Simpósio de Educação Digital da Organização de Advogados do Brasil (OAB-SP). O evento foi realizado no dia 1° de dezembro de 2016, na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.

Um exemplo de mediação de professores ocorreu na Escola Estadual Professor Emygdio de Barros, em São Paulo (SP). Em 2014, uma mãe procurou a escola devido às ofensas racistas sofridas pela filha em sala de aula e na internet. As autoras eram alunas da mesma sala da menina, que cursava o sétimo ano do ensino fundamental.

“O primeiro passo foi uma conversa com as meninas agressoras. O que chamou nossa atenção é que elas entendiam o bullying e o cyberbullying como brincadeiras, não como algo sério”, lembra a professora e mediadora Silvana Tavares. “A solução foi buscada em grupo. Houve um empoderamento por parte das estudantes, que entenderem seus atos e decidiram criar uma campanha na escola contra o cyberbullying”, relembra.

Em 2015, a escola se viu com novas demandas, agora para tratar igualdade de gênero e diversidade. “Havia um desafio específico na questão do cyberbullying, porque ele ocorria principalmente aos finais de semana”, destaca Silvana. Neste segundo momento da mediação, a ferramenta encontrada para tratar o tema foi formar um grupo de teatro com os estudantes e estimular a criação de vídeos no formato de curta metragem. “Nosso objetivo é ter um aluno autônomo e protagonista nas discussões sobre cyberbullying”, resume a professora mediadora Kátia Faria.

Ética na prática

Os professores, contudo, nem sempre são os mais aptos a identificar casos de bullying e cyberbullying. Ao levantar pesquisas sobre o tema, o pesquisador Raul Alves de Souza, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da UNESP/UNICAMP, descobriu que 52% dos alunos que assistiram episódios de humilhações relataram o que viram somente aos seus colegas. Apenas 8% deles contataram seus pais e 7% os professores.

“Vimos que era necessário mudar o foco do combate à violência. Passamos a formar equipes de jovens mediadores, capazes de identificar, acolher e dar suporte às vitimas”, assinala. “80% dos expectadores que assistem as cenas de bullying não concordam com o ato, mas não sabiam como agir. O foco foi, então, instrumentalizar esses estudantes”, descreve. Atualmente, oito escolas estão implantando o novo projeto.

“O aluno não pode ser agente passivo na aprendizagem da ética. E as relações éticas não podem ser diferenciadas em meios virtuais ou físicos”, defende. Ainda segundo Souza, não é toda situação em que o aluno deve intervir. “O mediador também deve saber quando solicitar a ajuda de um adulto”, explica.

Para ele, a formação de alunos mediadores é bem sucedida porque trabalha outros modelos de valorização. “O agressor se sente valorizado ao menosprezar sua vítima. Ele espera um reconhecimento da plateia. Ao se tornar mediador, a comunidade de estudantes aprende que a valorização pode vir a partir de outras áreas, como exercendo a generosidade, por exemplo”, finaliza.

Veja mais:
Dossiê Cyberbullying
Com Lei do Bullying, escolas não poderão mais ser omissas sobre intimidações
Além de refletir agressões do entorno, escola também produz sua própria violência
Programa NET Educação: Escola pode responder por atos de professores e alunos na Internet

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