A professora Izabel Nascimento começou a utilizar a literatura de cordel em sala de aula há 15 anos, em escolas da zona rural de Maruim (SE). O que era para ser apenas uma atividade para o 5º ano do ensino fundamental, conquistou toda a escola. “A proposta era a leitura de folhetos. As rimas, os temas bastante convidativos, as histórias engraçadas e a maneira cadenciada de recitar o cordel contagiaram os estudantes. Poucas semanas depois, eu estava desenvolvendo atividades no pátio da escola com todas as turmas reunidas”, relembra.
Para o trabalho na educação infantil, os temas de cordel mais indicados são os que recriam fábulas e contos. Os folhetos que narram fatos históricos e movimentos sociais, por sua vez, são indicados para o ensino fundamental. ”Além disso, os temas mais interessantes para o trabalho com crianças e jovens são os chamados folhetos clássicos, como as histórias de João Grilo, Pavão Misterioso, A Chegada de Lampião no Inferno e A Intriga do Cachorro com o Gato. Nesses folhetos, prevalece o humor, a inventividade e a oralidade”, sugere Ana Cristina.
Os professores também precisam estar preparados para discutir as visões de mundo presentes nos cordéis, já que algumas delas podem reforçar preconceitos em relação às mulheres, negros e índios. A professora Izabel Nascimento, por exemplo, utiliza um folheto de sua autoria chamado “Receita da Boa Mulher” para discutir a submissão feminina com jovens e adultos. “É um texto muito engraçado que fala sobre tudo o que a mulher, teoricamente, precisa fazer para agradar seu namorado, propondo uma reflexão ao final”, conta.
