As memórias escolares e de vida dos alunos podem ser utilizadas para trabalhar vocabulário e verbos do passado nas aulas de língua inglesa. Na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Teófilo Paulino, em Domingos Martins (ES), a professora de inglês e projeto de vida Sabrina Alves utiliza as lembranças dos estudantes para criar com eles um painel autobiográfico a ser exposto na escola. A atividade é desenvolvida com o 9º ano do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio.
“Com o 9º ano, trabalhamos os verbos regulares e irregulares do passado simples. No 3º [ano] do ensino médio, a atividade fica mais complexa porque entram simple past, past continuous e present perfect, que não existem em português, além de advérbios relacionados ao passado. Os alunos têm que envolver e adicionar tudo isso na sua linha do tempo”, descreve a docente, que aplica a atividade há mais de 10 anos.
Já o vocabulário que os alunos vão estudar depende de quais ações e vivências tiveram. “Se o aluno quebrou o braço, pode trabalhar o vocabulário do corpo humano. O mesmo vale se aprendeu a andar de bicicleta, viajou pela primeira vez ou mudou de cidade”, exemplifica. “Ao final, o que vemos é que os estudantes gostam de contar a história deles pelo seu ponto de vista e de serem ouvidos. Eles conseguem incorporar no painel aquilo que foi especial para eles na sua trajetória de vida”, destaca.
Passo a passo
Alves explica que a atividade de criação de um painel autobiográfico com os alunos é realizada em quatro etapas. “A primeira é explicar que o trabalho será realizado em formato de linha do tempo, que não precisa ser reta, mas ter uma sequência para o leitor compreender. Inicia com o dia do nascimento do aluno”, conta.
Como a linha do tempo será produzida com fotos, desenhos, objetos e outras lembranças, o segundo momento é a coleta de informações, que exigirá a participação da família. “É muito difícil envolver os pais em alguma atividade quando se trata de ensino médio e de nono ano. Quando conseguimos isso, os alunos ficam felizes e orgulhosos também”, garante.
A terceira etapa é a construção das frases em inglês. “Eles iniciam em português para depois traduzi-las, mas escolhendo o melhor tempo verbal para usar”, aponta. “Por esse motivo, a atividade pode ser associada também às disciplinas de língua portuguesa e projeto de vida”, afirma a professora.
A última etapa é a montagem dos painéis, realizada uma parte em casa e outra na escola. “Geralmente, é necessária meia cartolina por aluno”, indica a docente.
Cuidados na hora de implantar o projeto
Segundo Alves, os alunos precisam ser orientados a colocar no painel memórias com as quais se sintam confortáveis que outras pessoas vejam, já que os cartazes serão expostos à comunidade escolar. “Eu também peço que tirem uma cópia das fotos escolhidas e nunca anexem a original no painel”, adverte.
Na hora de consultar a família, os alunos não precisam necessariamente perguntar para pai ou mãe, mas para um responsável. “Pode ser avós, tios ou alguém que fez parte da infância e da adolescência deles naquele momento”, pontua. Além disso, as datas a serem colocadas no painel não precisam ser exatas, mas aproximadas.
De acordo com Alves, histórias emocionantes são compartilhadas pelos alunos na atividade. “Eu tive uma aluna que perdeu o pai na pandemia da covid-19 e quis homenageá-lo. Outra colocou a imagem da professora que ajudou a alfabetizá-la. Como educadores, a gente percebe a importância que tivemos na trajetória deles, algo que as vezes não nos damos conta”, ressalta.
Alves revela que o retorno recebido dos alunos é positivo. “Eles pedem aos pais e responsáveis para verem os trabalhos e colocam as fotos do resultado final no Instagram. É uma atividade que realmente sentem prazer em realizar”, finaliza.
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Crédito da imagem: acervo pessoal da professora Sabrina Alves