Microbiologia é a ciência que estuda organismos como fungos, vírus, protozoários e bactérias. “Esses seres despertam a curiosidade dos alunos por serem invisíveis ao olho nu”, justifica a bióloga e mestre pela Universidade de São Paulo (USP), Karina Ferreira Alves.
O estudo dessa disciplina pode ser atrelado a questões científicas, como a descoberta da penicilina; e de saúde pública, como epidemias e pandemias.
“É possível relacionar sua importância à pandemia global do novo coronavírus (covid-19), microrganismo estruturalmente simples e que desencadeia sintomas diversos no ser humano”, destaca a professora.
“Além disso, os estudantes podem ensinar amigos e familiares que manter hábitos de higiene e saneamento são importantes para a prevenção de doenças”, acrescenta.
Vale, ainda, ressaltar o papel importante dos fungos e bactérias em funções industriais, como na obtenção de produtos à base de fermentação. Exemplos são os pães, iogurtes, fermentos e medicamentos. “Também possuem funções ecológicas: atuam na decomposição de matéria orgânica ou fazem associação mutualística com outros microrganismos, realizando fotossíntese, produzindo oxigênio e material orgânico”, acrescenta o biólogo e mestre pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Márcio Antônio Coêlho Furtado Junior.
Conhecendo as bactérias
A microbiologia pode ser ensinada em diferentes etapas. Na educação infantil, sua aprendizagem é lúdica. “A professora conta as histórias dos ‘germes’ que vivem nas mãos e da importância de manter a higiene pessoal”, sugere Alves.
No ensino fundamental I e II, entram em cena os termos científicos e são apresentados diferentes tipos de microrganismos, ainda sem detalhar suas estruturas e reprodução. “Tais tópicos serão aprofundados no ensino médio”, orienta a professora.
A orientação dessa ciência na escola, contudo, não exige, necessariamente, microscópio e laboratórios. É possível desenvolver uma aula prática de cultivo de microrganismos a partir de materiais acessíveis e de baixo custo. Junior, por exemplo, sugere a criação de culturas de bactérias à base de gelatina com os alunos entre dez e doze anos.
Para isso, duas gelatinas incolores são preparadas conforme instruções do pacote, uma misturada a caldo de carne e, a outra, pura. “Os líquidos são colocados em recipientes de plásticos transparentes e rasos, como tampas de margarina”, orienta ele.
Um cotonete retira as bactérias da palma das mãos, entre os dedos, sola do pé, boca, nariz e ouvido de um aluno. Ou em objetos como carteira escolar, lápis, borracha, celular e dinheiro. Elas serão injetadas nos potes.
“Anote a origem e local de retirada da bactéria em cada recipiente e leve eles à geladeira, observando as mudanças na sua aparência a cada três dias”, revela.
Fungos à vista
O mesmo princípio pode ser usado para estudar os fungos. “Os experimentos são desenvolvidos nos meios de cultura em contato com esporos destes seres vivos, que se encontram no ar”, explica Junior.
Nesse caso, usa-se um meio de cultura preparado com um copo de água e uma colher de sopa de amido de milho ou fubá. “Um dos meios de cultura será levado à geladeira e, o outro, permanecerá na sala de aula. Serão observadas as reações em temperaturas diferentes”, explica o docente.
Os alunos devem fazer a primeira observação dos recipientes em três dias. Após mais três dias, o pote que estava na sala de aula deve ser colocado em freezer, onde permanecerá por outros quatro dias.
“Na sequência, exponha-o novamente em ambiente com temperatura natural. Discuta com os alunos as mudanças significativas ocorridas”, diz Junior.
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Crédito da imagem principal: arquivo pessoal/professor Junior