Campo da biologia que estuda o reino vegetal, a botânica está no currículo dos ensinos fundamental e médio. O excesso de teoria, contudo, pode desestimular os alunos – motivo pelo qual o professor da área de estudos socioambientais da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Carlos Eduardo Fortes Gonzalez, indica a criação coletiva de um herbário escolar para deixar a aprendizagem mais envolvente.

“Ele é uma coleção de partes ou plantas inteiras desidratadas, identificadas e fixadas em cartolina. O estudante pode criá-lo coletando espécies encontradas no entorno de sua casa ou escola”, descreve.

“A manipulação das plantas ajuda o aluno a transpor conhecimentos teóricos para a sua realidade, estabelecendo relações”, justifica. 

Por ser o herbário uma forma de documentação científica das espécies vegetais, ele estimula os estudantes à pesquisa, além de contribuir com conteúdos de outras disciplinas, como geografia. “Isso porque possibilita a identificação da flora e possíveis indicações do clima de uma determinada região, assim como a reflexão sobre as devastações da natureza pela humanidade”, destaca.

No campo da biologia, a atividade possibilita a abordagem de temas como morfologia externa das plantas, sistema de classificação dos vegetais e distribuição das espécies.

Desidratação 

Para iniciar o herbário, os alunos devem coletar plantas com a estrutura mais completa possível, incluindo flores, folhas, frutos e raízes. “A flor contém as partes reprodutivas, auxiliando na sua identificação”, explica. 

No caso das árvores, a orientação é que o estudante colete ramos com folhas e, se possível, flores e frutos. Em um caderno, ele deve anotar informações sobre o local da coleta, se ele fica próximo à água ou barranco, área ensolarada ou com sombra, e, ainda, outras informações que achar relevante. 

“Fita crepe pode ser usada para enumerar o vegetal coletado, adicionando o mesmo número na caderneta com os dados do local de onde ele foi retirada”, ensina.

A planta, então, é umedecida com álcool e colocada no meio de folhas de jornal e papelão para desidratar. “Isso pode ser feito adicionando um papelão, quatro camadas de jornal, a planta coletada, mais quatro camadas de jornal e outra de papelão”, recomenda o professor.

Segundo ele, o recomendado é preparar três exemplares por planta, escolhendo, ao final, o melhor para compor o herbário. “Tem que ter cuidado para que as folhas não sejam prensadas com dobras ou amassadas”, ressalta.

O lote é amarrado com barbante e prensado com um objeto pesado. Diariamente, entre uma semana a 10 dias, as folhas de jornais são trocadas. “Elas absorverão a umidade da planta, inibindo a ação de fungos e outros agentes biológicos que podem levar à perda do material”, reforça Gonzalez.

Uso do celular

A planta desidratada é fixada com cola em cartolina branca, contendo seus dados no canto direito inferior. 

“Depois de pronto, é essencial armazená-lo em uma caixa com bolinhas de naftalina para repelir insetos”, recomenda o docente.

O herbário escolar também pode ser virtual. “Os alunos podem fotografar minuciosamente as plantas e suas partes com o celular, para posterior identificação e classificação do vegetal”, assinala.

Segundo o professor, o herbário virtual tem a vantagem de ser mais fácil de fazer, por exigir menos infraestrutura e materiais. “Basta caprichar nas fotos tiradas com o celular e fotografar todas as partes distintas possíveis da planta, como tronco ou caule, folhas, flores, frutos e sementes”, destaca. 

Para pesquisar mais sobre as espécies, ele indica o site Neotropical Herbarium Specimens, do The Field Museum.

“Lembrando que um mesmo nome popular pode se referir a plantas diferentes e uma mesma espécie pode ter diversos nomes populares”, aponta.  

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Crédito da imagem: Pawzi – iStock

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