Os conselhos de classe acontecem  todos os finais de bimestre ou trimestre e são uma oportunidade valiosa para a equipe escolar se reunir, planejar iniciativas e pensar o ciclo que se passou. Contudo, nem sempre este momento é aproveitado em toda a sua potencialidade.

“Não raro, ele fica restrito a questões burocráticas ou voltadas à rotina da escola, como consolidar uma nota que já foi dada ao aluno antes de finalizá-la na secretaria”, critica a professora da faculdade de educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ângela Imaculada Loureiro de Freitas Dalben.

“Após se fazer um diagnóstico, o conselho é o momento de apresentar um olhar diferencial sobre o aluno e sobre o que a escola está fazendo por ele. Quando o conselho vira apenas uma reunião de formalização, ele perde o sentido”, complementa Dalben, que também é pesquisadora e autora do livro “Conselhos de Classe e Avaliação: Perspectivas na Gestão Pedagógica da Escola” (esgotado).

Para tentar inovar no conselho, algumas escolas procuram deixá-lo mais participativo, trazendo para o debate representantes de alunos e pais. Esse foi o caso da Eeb professora Maura de Senna Pereira, localizada na cidade de Pinheiro Preto (SC). O processo, contudo, não foi fácil.

“Já passamos por muitas experiências. Houve momentos que era participativo com os pais, outros momentos com os alunos e outros somente com os professores. O problema é que a reunião, geralmente, ficava muito concentrada na pessoa do professor; e a direção ficava encarregada de repassar aos alunos e pais”, relembra o diretor geral, Ademilson Antonio Einsweiler.

Para materializar um conselho em que direção, professores, pais e alunos possuíssem voz ativa, a primeira medida da escola foi aumentar o tempo das reuniões. “Eles são realizados em dois dias com, no máximo, cinco turmas por período. Além disso, enviamos convite aos pais com horário do conselho de seu filho e há um cronograma por turma”, conta.

“Temos percebido mudanças em nossos alunos, pois há agora um momento claro de avaliação do processo formativo de todos os envolvidos. Com isso, o conselho de classe se tornou a oportunidade para o aluno questionar seu resultado quando não concorda, de conscientização de seu processo de aprendizagem e do esforço em conjunto entre escola e família para buscar o sucesso do estudante”, decreta.

Um dos principais obstáculos encontrados, contudo, é que, geralmente, comparecem ao conselho apenas os pais dos alunos com mais dificuldades. “Os demais, muitas vezes, não vêm”, lamenta.

Construção em conjunto

Segundo Dalben, a participação de pais e alunos não deve ocorrer apenas por um desejo democrático, mas por ser realmente significativa. “É preciso a perspectiva de construir algo em conjunto. Um objetivo que vai ser realmente compartilhado”, recomenda. “O conselho participativo pode ser especialmente importante naqueles momentos em que vai se aplicar uma metodologia que exigirá uma maior participação dos alunos e da família. Ou quando a escola deseja promover um projeto para todos, como uma feira de ciências”, exemplifica.

De acordo com a pesquisadora, outro problema comum é o conselho virar um momento de embate entre professores e alunos, e não de avaliação e planejamento. “É uma situação delicada, pois o estudante pode ser massacrado e a opinião dos educadores e da diretoria prevalecer”, explica. Contra isso, as soluções são apostar em reuniões de mediação de conflitos ou em um pré-conselho – algo que a Eeb Professora Maura de Senna Pereira já pratica.

“As questões gerais dos alunos em relação às aulas, professores e direção acontecem em um pré-conselho. Assim, resolvemos muitas situações antes do próprio conselho”, conta Einsweiler.

Por fim, nem todos os conselhos devem ser participativos, podendo variar de acordo com o momento do ano e com o projeto político pedagógico de cada escola. “Por exemplo, no primeiro bimestre, o conselho pode ter um foco maior no planejamento pedagógico e reunir apenas a equipe gestora e professores, enquanto, nos próximos, representantes de pais e alunos podem ser convidados”, sugere Dalben.

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