Dorama é um termo que se refere a séries de TV asiáticas com episódios curtos, formato que faz sucesso entre jovens e pode ser utilizado pedagogicamente. As professoras Clédna Alves e Mayra Ribeiro utilizaram o primeiro episódio do dorama sul-coreano “Pousando no amor” (2019, classificação: 12 anos) no ensino de geografia. O objetivo foi discutir com o nono ano do ensino fundamental de uma escola pública em Mossoró (RN) a nova ordem mundial pós-Guerra Fria e a tensão entre as Coreias. 

A trama aborda uma jovem herdeira sul-coreana que decide fazer um passeio de parapente e é lançada pelo vento para o território norte-coreano. Lá, um jovem general do Exército a ajuda a se esconder. 

“A trama permite comparar os processos de industrialização das Coreias, destacando suas diferenças socioeconômicas; o funcionamento da Zona Desmilitarizada (DMZ, na sigla em inglês) como uma das fronteiras mais tensas do mundo; os impactos da Guerra da Coreia; o regime autoritário do Norte e os desafios enfrentados por norte-coreanos que tentam fugir do país, abordando migração forçada e direitos humanos”, lista a professora.

Informações antes da exibição

Antes de apresentar o dorama aos alunos, as professoras situaram os cenários onde a trama se passa e explicaram o conceito geográfico de península — porção de terra cercada por água, mas ainda ligada ao continente.

Além disso, destacaram a história das Coreias, a separação entre Norte e Sul e o isolamento do Norte em relação ao restante do mundo.

“Lembramos que, antes da Segunda Guerra Mundial e da posterior invasão e exploração pelo Japão, a Coreia era um território unificado. Com a rendição japonesa, a península passou a ser dividida e administrada por sistemas econômicos distintos: socialismo no Norte e capitalismo no Sul — situação que culmina na Guerra da Coreia, na década de 1950, quando o Norte tenta invadir o Sul”, aponta a professora.

“Mesmo com a assinatura do tratado para suspender combates, em 1953, os territórios continuam separados e mantêm uma relação de hostilidade”, relembra ela, que ainda recomenda o uso de mapas para auxiliar na localização dos fatos durante essa etapa da sequência didática.

Relacionando conceitos 

Após a exibição do dorama, foi realizada uma roda de conversa com os alunos, seguida de uma atividade escrita. Segundo as professoras, os estudantes conseguiram relacionar o que assistiram aos conhecimentos estudados previamente.

“Nas produções textuais, alguns mencionaram o medo de potências internacionais diante das ameaças da Coreia do Norte; o horror da jovem sul-coreana ao perceber que estava na Coreia do Norte, diante da forte militarização e da hostilidade atribuída ao país. Foi apontado, ainda, o contraste entre a liberdade vivida pela jovem sul-coreana e a realidade das jovens na porção norte-coreana”, conta Alves.

“Além disso, levantamos reflexões como: qual a motivação para essas diferenças? Os sistemas sociais e econômicos vigentes na Península da Coreia são distintos?”, compartilha Alves.

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Crédito da imagem: simon2579 – Getty Images

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