Alan Silva com as versões impressas do “Geo Fanfic” (Crédito: arquivo pessoal)
A falta de identificação dos alunos com os livros didáticos de geografia e a vontade de que os jovens fossem mais ativos no processo de aprendizagem eram duas preocupações do professor Allan da Silva, do Colégio Estadual Ribeiro de Avellar, em Paty do Alferes (RJ). Foi quando ele teve a ideia de incentivar os alunos a produzirem seus próprios livros paradidáticos, baseados nas suas experiências diárias. Nascia, assim, o projeto “Geo Fanfic”.
“Fanfic é uma abreviação da palavra inglesa fan fiction, que seria uma história de ficção escrita por fãs, sem caráter comercial. Então, geo fanfic seria uma ficção de geografia criada por um aluno”, explica o professor.
Segundo Alan, o projeto nasceu em março de 2016 e é uma ação social baseada nas ideias do educador Paulo Freire. “Buscou-se despertar nos alunos a autonomia intelectual, a curiosidade, o espírito investigativo e a criatividade de forma crítica, capazes de transformá-los em agentes ativos no processo de ensino e aprendizagem”, revela.
Construção pelas redes sociais 
Para produzir seu próprio material didático, os alunos estudavam os conteúdos curriculares, formavam equipes de trabalho com cinco integrantes e escolhiam os seus temas preferidos. O próximo passo era acessar as redes sociais Whatsapp e Facebook no laboratório de informática ou em casa, e escrever suas histórias nessas plataformas. Ao final, o material era publicado no blog do colégio.
O aluno do 3º ano do ensino médio, João Bellini, foi um dos autores do “Geo Fanfic”. Para ele, o maior desafio foi conectar as ideias do grupo em um único enredo, o que acabou gerando histórias confusas em um primeiro momento. Mas acabaram contando com o apoio do professor.
“Outro desafio foi o fato de não dominarmos a prática da escrita, nem a prática de pensarmos os conceitos de geografia de forma criativa. Isso foi amenizado com o uso da gramática, do dicionário e com muita leitura”, assinala.
O retorno dos alunos foi positivo. “Eles passaram a ver as aulas de geografia como um grande laboratório de aprendizagem, onde puderam estimular de forma real a imaginação, a criação, a transformação e a produção ao compartilharem suas ideias e experiências. Eles tiveram uma noção mais abrangente da matéria, de uma forma divertida, mais prazerosa que o habitual”, comemora Silva.
Valorização do aluno
Segundo o professor, o projeto teve um resultado gratificante por “considerar o complexo intelectual do aluno”. “Ele inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes, seus hábitos, aptidões adquiridas e experiências. Respeitar essa riqueza do aluno ajuda a tornar o processo de ensino e aprendizagem mais humano e denso.”
Além disso, alunos e professores conseguiram quebrar a lógica vertical dos livros didáticos. “O projeto Geo fanfic se  baseia na lógica da multiplicidade de ideias e vivências”, completa.
O material didático produzido pelos alunos foi divulgado no blog do projeto. Para completar, a turma imprimiu dois exemplares para deixar na biblioteca do colégio.
Silva com os alunos do Colégio Estadual Ribeiro de Avellar (RJ). Experiências
dos estudantes foram valorizadas ao construírem material
didático (Crédito: arquivo pessoal)
Veja mais: 
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Talvez Você Também Goste

Veja 23 dicas para criar um clube de ciências na escola pública

Definir um coordenador das atividades e listar os materiais necessários auxiliam no planejamento

Saiba como trabalhar o repertório de Maria Bethânia na educação básica

Professoras usam a obra da cantora para ensinar história, filosofia e literatura

Filmes e globalização: “O diabo veste Prada” e mais 8 obras para abordar em aula

Produções mostram as consequências econômicas e sociais da integração mundial

Receba NossasNovidades

Receba NossasNovidades

Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba todas as novidades sobre os projetos e ações do Instituto Claro.