Publicado em
10 de maio de 2016
Professores da rede municipal de Salvador recebem primeiro caderno didático
desenvolvido em parceria com o Icep (Crédito: divulgação)
Alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental de Salvador (BA) já estudam hoje com cadernos de língua portuguesa e matemática desenvolvidos em parceria com os professores da própria rede municipal. O projeto, denominado “Nossa Rede”, é uma colaboração entre a Secretaria Municipal de Educação e o Instituto Chapada de Pesquisa e Educação (Icep). A projeção é que o “Nossa Rede” impacte 76 mil alunos, 4,5 mil professores, 600 coordenadores pedagógicos e 332 gestores.
Depois de diagnosticarem a falta de interesse dos alunos pelo antigo material didático, professores e gestores se mobilizaram para desenvolver cadernos que refletissem as identidades regionais da Bahia e sua capital, aumentando a identificação dos estudantes com a realidade retratada nas páginas do livro.
“No capítulo de matemática destinado às coleções, por exemplo, os alunos são convidados a visitar o Museu Geológico da Bahia. Em língua portuguesa, há menção aos animais marinhos da região e aos relógios de sol presentes na cidade”, descreve diz a presidente do Icep, Cybele Amado.
Como lembra a especialista, a identificação do estudante com o material didático facilita a aprendizagem. “A proposta não é restringir o material didático a uma coisa temática. Por exemplo, falamos de animais marinhos de outros lugares. Contudo, é importante falar de nós mesmos. Quando encontro algo que é da minha referência, isso ajuda tanto o professor quanto o aluno a construir sentidos. O professor também consegue ensinar melhor quando se aproxima da realidade das crianças e dos jovens que ali vivem”, complementa.
Para construir o material, Cybele coordenou reuniões mensais com lideranças das dez regionais de educação da cidade, que abrangem de 40 a 50 escolas cada. O cronograma ainda envolveu visitas a cada regional, seminários e a participação dos professores por uma plataforma virtual.
Materiais para escolas indígenas
Em 2016, a Secretaria de Educação do Estado do Amazonas também iniciou o processo de construção de materiais didáticos específicos para as escolas indígenas da rede estadual. O novo conteúdo será mono, bi e multilíngue, e será produzido em parcerias com professores e gestores indígenas.
“O norte serão as propostas curriculares construídas por escola, buscando a concretização de uma escola indígena específica, diferenciada, intercultural, comunitária, que atenda aos anseios dos povos indígenas, que assegure a tradição e o modo de ser indígena e fortaleça os laços positivos com as outras sociedades”, resume o professor e gerente de educação indígena, Alcilei Vale Neto.
Temas como a gestão territorial e ambiental das terras indígenas e a sustentabilidade das comunidades indígenas, assim como saúde indígena e pluralidade cultural, estarão presentes em aulas teóricas e práticas. O material deve ser construído com participação diretas das etnias Tikuna, Hiskaryana, Yanomami, Tenharim, Parintintin, Munduruku, Kulina, Tucano, Karafayana, Mura, Kokama, Kambeba e Marubo. Atualmente, cerca de 6 mil estudantes estão matriculados nas escolas estaduais indígenas.
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