Um quebra-cabeça inspira o método cooperativo de aprendizagem chamado Jigsaw. Basicamente, o professor escolhe um tema para trabalhar com os alunos e divide a classe em grupos. No interior desses, cada estudante fica responsável por estudar um subtópico. Na sequencia, os alunos que estudam o mesmo subtópico de todos os grupos se juntam para discutir seu tema em conjunto. Ao final, cada um deles retorna ao seu grupo de base para compartilhar o que aprenderam.
“Entre os benefícios para a turma, destaco o desenvolvimento de responsabilidade individual e habilidades interpessoais”, destaca o professor da Pós-Graduação em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA/Campus Codó) Leonardo Cantanhede.
Instituto Claro: O que é o método de ensino cooperativo Jigsaw?
Leonardo Cantanhede: O Jigsaw é um método cooperativo de aprendizagem baseado na formação de grupos. Cada aluno estuda um subtópico dentro de um tema maior e contribui com uma “peça” para formar, ao final, um único “quebra-cabeça” (em inglês, jigsaw). O método foi desenvolvido pelo professor Elliott Aronson da Universidade da Califórnia em Santa Cruz (UCSC), nos Estados Unidos.
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Como ele funciona?
Cantanhede: Ele é estruturado a partir da formação de grupos de estudo chamados grupos de base. A temática a ser trabalhada pelo professor é dividida para que cada componente fique responsável por um subtema. Por exemplo, se a temática for tipos de poluição, a ser trabalhada com 20 alunos, serão formados cinco grupos de base com quatro alunos. Cada estudante do grupo de base ficará responsável por estudar um tipo de poluição: sonora, atmosférica, luminosa e aquática.
Na sequência, os estudantes dos grupos de base que estudarão o mesmo subtema formam um novo subgrupo, chamado de grupo de especialistas. Neste, os subtemas (poluição sonora, atmosférica, luminosa e aquática) são aprofundados considerando princípios cooperativos de aprendizagem: interdependência positiva; responsabilidade individual; interação face a face; habilidades interpessoais e processamento grupal.
Ao final, os componentes deixam o grupo de especialistas e retornam aos seus grupos de base para compartilhar com todos os membros o que aprenderam. E cada grupo de base compartilha suas experiências com o restante da turma.
Como é a dinâmica dentro do grupo de base?
Cantanhede: Uma característica são os papéis desempenhados por cada aluno dentro de cada grupo de base: redator, mediador, relator e porta-voz. Estes são distribuídos pelo professor, considerando as características de seus estudantes.
O redator redigirá as respostas do grupo a partir da discussão dos resultados. O mediador organiza as discussões para que todos participem, além de resolver possíveis conflitos de opinião. O relator expõe os resultados da discussão do seu grupo de base à sala. Já o porta-voz atua como representante do grupo ao professor, tirando possíveis dúvidas sobre o andamento da atividade.
Esses papéis favorecem a responsabilidade individual e grupal. O professor pode também diversificar os papéis entre os alunos, para que cada um vivencie diferentes experiências.
Quais as vantagens para os alunos?
Cantanhede: Destaco a responsabilidade individual e habilidades interpessoais. Ao assumir um papel dentro do grupo cooperativo, o estudante adquire responsabilidade sobre o que desenvolverá. Contribui para uma melhor comunicação, escuta, resiliência, paciência, liderança, motivação, trabalho em equipe, flexibilidade, confiança, entre outros. Características intrapessoais também são observadas, como autoestima e aceitação. Há, ainda, competências sociais e argumentativas: capacidade de lidar com pessoas, conflitos e argumentar.
O Jigsaw pode ser utilizado em todas as áreas do conhecimento, incluindo as ciências humanas?
Cantanhede: Sim, temáticas relacionadas a história, geografia, sociologia e filosofia podem perfeitamente ser estruturadas no método Jisaw, assim como em ciências naturais e na matemática. Na química, pode ser associado à experimentação.
Quais os desafios?
Cantanhede: A organização dos grupos, tornando-os o mais heterogêneo possível, ou seja, com alunos de diferentes habilidades. E acompanhamento dos grupos, de forma que o professor auxilie os alunos quando perceber que a cooperação não está acontecendo.
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