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“Spelling Words” são atividades de soletração de palavras nas aulas de inglês. Entre outros benefícios, ajudam na memorização e na compreensão dos sons de letras e palavras. Para a professora da rede estadual de ensino de São Paulo Rafaela Malaquias, essas atividades podem ser utilizadas em aulas para estimular a gamificação.

“Ele [‘spelling words’] pode ser sim considerado gamificação se nós colocarmos mais elementos dinâmicos, que nós deixemos os nossos alunos participarem mais e brinquemos com isso, deixemos também de uma forma mais leve”, explica.

No áudio, a professora apresenta jogos de soletração para diferentes etapas da educação básica, desde os primeiros anos do ensino fundamental até o ensino médio.

“Eu gosto de fazer, por exemplo, um ‘hot potato’ – uma batata quente. A gente começa com um aluno escolhendo quem vai responder jogando a ‘hot potato’ para quem vai responder, e esse que vai responder, ele é desafiado com uma palavra; se ele acertar, ele pode escolher quem vai ser o próximo”, detalha a docente.

Gamificação em Speeling Words

Malaquias aposta na gamificação para tornar as aulas mais dinâmicas e dar protagonismo aos estudantes. Para a professora, jogos baseados em speeling words vão além da simples memorização de palavras.

“Meu objetivo não é só que eles memorizem as palavras, mas que eles revejam palavras do vocabulário que nós já estudamos, que eles aumentem o vocabulário, que eles pratiquem a habilidade do listening [praticar a audição das palavras em inglês], que eles escutem e que eles consigam reproduzir esses sons, porque nós trabalhamos também muito com a fonética. O ensino, principalmente hoje na rede pública, ele é muito voltado para a oralidade”, conclui.

Clique no botão acima e ouça a íntegra do podcast.

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Transcrição do Áudio

Música: Introdução de “O Futuro que me Alcance”, de Reynaldo Bessa, fica de fundo

Rafaela Malaquias:

Nós não podemos nos acomodar, nós temos que nos renovar sempre, trazer novas estratégias. Mesmo quando eu falo num outro idioma, eu preciso dialogar com eles. Se eu não estabelecer esse diálogo, essa conexão, eu vou falar para as paredes, meu trabalho não vai ter nenhum resultado.

Então, eu tenho uma resposta muito positiva com a gamificação, não só com os “speeling words”, mas com outros tipos de atividade. E quando a gente fala de gamificação, eles são os players, eles são os jogadores, os protagonistas.

Meu nome é Rafaela Malaquias. Sou da periferia de São Paulo, atuo na rede estadual de São Paulo. Eu dou aula de inglês desde os meus 16 anos. A minha formação é em letras, português e inglês.

Vinheta: Instituto Claro – Educação

Música de Reynaldo Bessa, instrumental, fica de fundo

Marcelo Abud:

Você já ouviu falar em “spelling words”?

São atividades baseadas em soletração que, nas aulas de inglês, podem se transformar, por exemplo, em jogos que ampliam o vocabulário e aumentam a compreensão dos sons das letras e palavras.

Rafaela Malaquias:

O “speeling words” é um jogo que pode ser feito de diversas maneiras, visa aprimorar as habilidades ortográficas, é um jogo de soletração. Você tem que soletrar baseado na palavra que é dita em inglês, então o aluno tem que fazer esse listening – escutar o que é dito –, e, com base nisso, fazer a soletração em inglês.

Os “speeling words”, eles são já tradicionais, mas geralmente ele vem no formato que a gente chama de “spelling bee”, que é o professor dar uma lista de palavras para os alunos. Esses alunos têm que memorizar essa lista, e no dia combinado há uma competição, e aqueles que acertarem mais palavras vão avançando de nível, até que saia apenas um vencedor.

É um ensino muito tradicional, onde tudo parte do professor para o aluno, há pouca interação deles, há pouca participação. É só esse exercício de decorar e repetir.

Marcelo Abud:

Para a professora, o “speeling words” pode ser utilizado em formatos que estimulem a participação de estudantes.

Rafaela Malaquias:

Ele pode ser sim considerado gamificação se nós colocarmos mais elementos dinâmicos, que nós deixemos os nossos alunos participarem mais e brinquemos com isso, deixemos também de uma forma mais leve.

Eu gosto de fazer, por exemplo, um “hot potato” – uma batata quente. A gente começa com um aluno escolhendo quem vai responder jogando a “hot potato” para quem vai responder, e esse que vai responder, ele é desafiado com uma palavra; se ele acertar, ele pode escolher quem vai ser o próximo.

Também fazendo um “tic-tac-toe” – um jogo da velha. Só que para fazer a “cross” ou “dot” – o “xizinho” ou a “bolinha” –, você tem que acertar uma palavra, e aí você também tem um número limitado de xis e de bolinha. Três para cada um. Quando você acertar, você pode mover as suas três de forma a completar uma linha, mas você não completa a cartela inteira, porque senão acaba dando velha com muita frequência.

Marcelo Abud:

Rafaela Malaquias sugere uma atividade que pode ser explorada numa aula inaugural de inglês para o ensino fundamental II.

Rafaela Malaquias:

Quando a gente fala de uma aula inicial existe o novo, o elemento desconhecido, o nervosismo. Então nós precisamos de estratégias que tenham, sim, uma fundamentação pedagógica, mas que também atuem nessa área de acolhimento dos alunos para que eles se sintam confortáveis. Então, se a gente trouxer um game como esse, a gente, brincando, vai se conhecendo, nós podemos utilizar com os nossos nomes, meu nome é Rafaela, então para soletrar o meu nome seria “ar-ei-éf-ei-i-el-ei”. Esse som, principalmente do “I”, que é a vogal “E” em português, costuma causar confusões com os alunos; escuta “I”, ele vai associar automaticamente com a vogal “I” no português.

Então, o “speeling word” é legal também porque gera essas pequenas confusões, porque nós estamos falando de um idioma diferente, com fonemas diferentes, fonemas que às vezes nem existem na nossa língua materna, então dá a eles a chance de dissipar essas pequenas confusões e entender que essa confusão é, sim, natural, mas que agora a gente está falando de um novo idioma, então esse fonema vai ser atrelado a um novo signo, a uma nova letra, e eles conseguem visualizar isso mais claramente.

Marcelo Abud:

A professora afirma que a competição também traz bons resultados numa aula inaugural com a turma.

Rafaela Malaquias:

Nós podemos propor um desafio, por exemplo, mostrar para os alunos o mapa-múndi e falar assim: “aqui nós estamos na nossa aula de inglês, e nós sabemos que o inglês hoje é um idioma global. Se você soubesse inglês, você escolheria ir para qual país?” E aí: “Você sabe como é que você soletra esse país?”. “Eu vou te falar o nome do país em inglês, você vai soletrar para mim”. Fazer isso para conhecer um pouquinho também mais deles, dos sonhos deles, dos desejos deles.

As crianças pequenas, nós fazemos esses jogos de roda, jogos bem lúdicos para eles. Com os mais velhos a gente consegue fazer desafios, sistemas de recompensa, por exemplo, que quando uma equipe vença, que ela escolha uma música que a gente trabalha, que eles escolham um tema de um outro trabalho, para que eles sejam cada vez mais protagonistas do próprio processo de aprendizagem.

Marcelo Abud:

Segundo Rafaela, são várias as atividades que transformam o “speeling words” num processo de gamificação. Ela cita aquelas que funcionam para os últimos anos da educação básica.

Rafaela Malaquias:

Falando em alunos do ensino médio, eles são alunos que já desenvolvem produções orais, então alunos que também já vêm com uma bagagem do ensino fundamental, eles gostam muito, por exemplo, de desafios de rima. Nós poderíamos propor assim: “Eu vou falar a palavra do ‘speeling word’. Se você acertar a palavra do ‘speeling word’, você vai poder fazer uma rima, incluindo essa palavra e desafiar o outro”. Então torna isso dinâmico, convidativo, torna isso também atual, conversando com a linguagem deles, porque eles são muito interessados no rap, no trap, nessas formas de comunicação, nesses estilos musicais.

Então, trazer a realidade deles também para a sala de aula, sair desse lugar de professor como o único que sabe, o único que decide e trazer eles como os protagonistas. Sempre com o foco da memorização, do aumento do vocabulário, da volta daquilo que já foi trabalhado também, mas fazendo com que esse aprendizado seja envolvente, que a gente saia daquela coisa maçante de só livro, copia, responde, mas de maneiras mais dinâmicas.

Marcelo Abud:

Para a professora, aliar a gamificação às atividades de soletração em inglês traz benefícios pedagógicos.

Rafaela Malaquias:

Meu objetivo não é só que eles memorizem as palavras, mas que eles revejam palavras do vocabulário que nós já estudamos, que eles aumentem o vocabulário, que eles pratiquem a habilidade do listening, que eles escutem e que eles consigam reproduzir esses sons, porque nós trabalhamos também muito com a fonética, o ensino, principalmente hoje na rede pública, ele é muito voltado para a oralidade.

Então eles têm essa oportunidade de praticar num ambiente onde os erros são também bem recebidos, onde o erro, na verdade, é uma nova oportunidade de aprender. Então, faz com que eles se desinibam mais para poder falar; não só praticar diálogos prontos, onde eles só repitam.

Música de Reynaldo Bessa, instrumental, fica de fundo

Marcelo Abud:

Para Rafaela Malaquias, os jogos de “speeling words” ajudam desde a alfabetização até as aulas que buscam uma melhor pronúncia da língua inglesa. A professora defende a gamificação como uma forma de atrair mais a atenção de estudantes para as aulas.

Marcelo Abud para o podcast de educação do Instituto Claro.

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