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Assim como a astronomia, a paleontologia é uma área que atrai crianças e jovens para o estudo de ciências. A afirmação é da professora do departamento de geologia e paleontologia do Museu Nacional Marina Bento Soares.“Os dinossauros são a palavra mágica que a gente usa quando começa uma conversa de paleontologia com o público escolar. Todas as crianças em algum momento da vida foram ou são fascinadas pelos dinossauros. E os professores podem lançar mão exatamente dessa característica para aproximar os alunos do ensino da paleontologia e do ensino das ciências em geral”, defende.

A paleontologia vai além do estudo dos dinossauros. Essa área da ciência se debruça na pesquisa da vida do passado da Terra, a partir de restos e vestígios e dá pistas de espécies de animais, plantas e microrganismos que já habitaram os continentes e oceanos em tempos remotos. A convite do Instituto Claro, Marina se vale da experiência da sala de aula e compartilha, no áudio, atividades que podem ser desenvolvidas tanto no ambiente escolar como em casa. Ela também faz uma diferenciação entre as disciplinas de paleontologia e arqueologia.

O livro digital “A Paleontologia na Sala de Aula” contou com a colaboração de 71 autores. Voltado para a educação básica, traz 62 atividades (crédito: reprodução)

Curiosidades jurássicas

“Um ponto de partida interessante seria a partir de filmes, que a gente conhece bem como Jurassic Park, Jurassic World, por exemplo; perguntar para os alunos ‘afinal de contas o que é ciência e o que é ficção nesses filmes?’; ‘é possível clonar um dinossauro?’; ‘é possível tirar sangue de um mosquito para criar um dinossauro?’; ‘o Velociraptor era um animal de mais de dois metros?’; ‘o T-rex poderia correr que nem um automóvel?’.

Marina Bento Soares e seus alunos em trabalho de campo (crédito: acervo pessoal)

Ainda no podcast, a entrevistada explica como trabalhar a seleção natural com biscoitos e fala de ações em que está envolvida com o objetivo de ampliar o interesse de docentes e estudantes para o ensino da paleontologia, como o “Meninas com ciência”, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “É um projeto desenvolvido pelas mulheres do departamento de geologia e paleontologia e que se propõe, exatamente, a atrair meninas (nível de ensino médio) para a área científica e abrir horizontes pra elas seguirem na carreira”, observa.

Seleção de conteúdos que Marina Bento Soares indica para o ensino de paleontologia no ambiente escolar:

Livro Digital de Paleontologia “A paleontologia na sala de aula”

Projeto Meninas com Ciência do Museu Nacional/UFRJ

Projeto Paleoeduca “A paleontologia na Educação de Candelária, RS”

Coluna Caçadores de Fósseis Ciência Hoje

Colecionadores de Ossos

PaleozooBr

 

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Transcrição do Áudio

Música “Stars”, de JVNA, fica de fundo

Marina Bento Soares:
A paleontologia é uma área que ela tem um potencial enorme pra chamar para dentro da ciência. A gente diz que junto com a astronomia, a paleontologia é a porta de entrada para a curiosidade científica.
Meu nome é Marina Bento Soares, professora do departamento de geologia e paleontologia do Museu Nacional; bióloga, dei aula tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio e daí vem a minha vontade de trabalhar questões relacionadas ao ensino de biologia, de paleontologia e educação.

Vinheta “Instituto Claro – Educação

Música de Reynaldo Bessa, instrumental, de fundo

Marcelo Abud:
Ao ouvir falar em paleontologia, é provável que imagens de dinossauros venham a sua mente. Este é um dos objetos de estudo dessa área da ciência que costuma encantar estudantes dos ensinos fundamental e médio. Neste podcast, Marina Bento Soares fala sobre esta abordagem, mas traz exemplos de atividades que vão além da pesquisa sobre dinossauros.
A professora começa fazendo distinção entre paleontologia e arqueologia.

Marina Bento Soares:
Enquanto a paleontologia se preocupa com o estudo da vida do passado da Terra, restos e vestígios de organismos que viveram no passado, a arqueologia vai se preocupar com o estudo dos objetos da cultura humana: cerâmicas; em objetos relacionados a questões todas culturais e, por exemplo, também, Egito Antigo, múmias, tudo isso faz parte da arqueologia. Então o objeto principal do estudo da paleontologia são os fósseis, que vão ser restos ou vestígios de organismos que viveram no passado geológico da Terra. Os dinossauros são a palavra mágica que a gente usa, então, quando começa uma conversa de paleontologia com o público escolar. Todas as crianças em algum momento da sua vida foram fascinadas ou são pelos dinossauros. E os professores podem lançar mão exatamente dessa característica para aproximar, então, os alunos do ensino da paleontologia e do ensino das ciências em geral.

Música: “Dinossauros” (Mr. Plot Produções), com Mundo Bita

Havia um bicho enorme, grande, gigante
Faminto como um chimpanzé, valente igual a um leão
Do passo largo e da boca bem grande

Marina Bento Soares:
Nessa época de atividades remotas, em função da pandemia, uma das questões interessantes é usar exatamente as redes sociais e a internet para pesquisa sobre dinossauros. Um ponto de partida interessante seria a partir de filmes, que a gente conhece bem aí como Jurassic Park, Jurassic World, por exemplo; perguntar para os alunos ‘afinal de contas o que que é ciência e o que que é ficção nesses filmes?’; ‘é possível clonar um dinossauro?’; ‘é possível tirar sangue de um mosquito para criar um dinossauro?’; ‘o Velociraptor era um animal de mais de dois metros?’; ‘o T-rex poderia correr que nem um automóvel?’. Então questões que vão surgindo a partir dos filmes que podem ser tratadas em sala de aula, no sentido de buscar o que que a paleontologia nos traz de informação.

Marcelo Abud:
Marina selecionou uma série de materiais para apoiar atividades envolvendo paleontologia. Você encontra todos eles no final do texto que acompanha esse áudio. Aqui, ela destaca uma das propostas que está no livro digital “Paleontologia na Sala de Aula” e que pode ser feita também em casa. Ela explica como a “Seleção Natural com Biscoitos” trabalha de forma lúdica esse assunto.

Marina Bento Soares:
A gente precisa de um saco de biscoitos sortidos, daqueles que têm biscoitos na forma de flor, de estrela, de rosca, de coração. Vamos precisar de cinco formas diferentes de biscoito; escolher quatro biscoitos de cada forma, totalizando vinte. Desses vinte, a gente vai escolher duas formas, por exemplo, estrela e coração, e nesses a gente vai pingar uma substância hipersalina, né, água e sal, pra eles ficarem com gosto ruim. Depois de secar então a gente pode começar a atividade: cada participante vai receber os vinte biscoitos e vai ter que, durante cinco rodadas, provar dois biscoitos por vez; a ideia é que logo no início, esse jogador ou participante, perceba que existem alguns biscoitos com gosto ruim e outros com gosto bom; e, ao longo das rodadas, se dê conta de que os de gosto ruim estão relacionados com determinadas formas. E essas formas, então, passam a ser não escolhidas para serem provadas. No final das cinco rodadas, provavelmente, os biscoitos que sobraram em maior número vão ser aqueles de coração e estrela, exatamente os que tinham a substância salina.

Música: “Canção da Evolução” (Equipe Bio)

Era um garoto que percebeu o mecanismo de seleção
Girando o mundo observou em um ser vivo adaptação

Marina Bento Soares:

Transpondo isso pra seleção natural, a gente pode pensar em cada forma de biscoito como uma espécie distinta e os alunos como predadores, ou seja, “agentes de seleção”. Assim, ao final da experiência, os biscoitos que restaram, aqueles que não foram predados, seriam aqueles que teriam vantagens adaptativas em relação aos demais e iriam se constituir, então, nas espécies sobreviventes, aquelas, então, com mais chances de reprodução e de perpetuação.

Marcelo Abud:

A paixão pela ciência faz a bióloga se envolver em estratégias de difusão da paleontologia. Atualmente é professora do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde participa do projeto “Meninas com Ciência”.

Marina Bento Soares:

É um projeto desenvolvido pelas mulheres do departamento de geologia e paleontologia e que se propõe, exatamente, a atrair meninas (nível de ensino médio) para então área científica e, quem sabe, abrir então horizontes pra elas pra seguirem uma carreira dentro das áreas das ciências. Dentro desse projeto, a gente tem diversas oficinas sobre paleontologia que são oferecidas: paleobotânica,oficina de paleovertebrados, oficina de invertebrados… Com a pandemia, em 2020, a gente passou então a oferecer atividades remotas: tem uma página no Facebook e tem um canal no Youtube, onde essas lives têm sido então apresentadas.

Música: “Segundo Sol” (Nando Reis), com Cássia Eller

Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas dos planetas

Marcelo Abud:
Em 2019, quando estava no Instituto de Geociências, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Marina se envolveu em uma ação voltada à rede pública de Candelária.

Marina Bento Soares:
É uma das localidades no Rio Grande do Sul onde a gente tem o maior número de fósseis de vertebrados, dinossauros mais antigos do mundo. Então a ideia foi fazer um curso de atualização pra esses professores, em conteúdos de paleontologia, e promover uma criação coletiva de conteúdos para sala de aula com os alunos então do munícipio. Foi gerado um site que se chama “Paleoeduca” e a partir de agora a gente sabe pelos profissionais da Secretaria de Educação que essas atividades têm, sim, sido então implementadas em sala de aula e que os professores estão muito mais seguros para trabalhar paleontologia com seus alunos.

Música de Reynaldo Bessa, instrumental, de fundo

Marcelo Abud:
A paleontologia é uma forma de estimular a ciência entre estudantes. A seleção de links feita pela professora ajuda a tratar do tema na sala de aula ou em atividades remotas. É só seguir as pegadas no final do texto que acompanha este áudio.
Com apoio de produção de Daniel Grecco, Marcelo Abud para o Instituto Claro.

 

 

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