Recorde de audiência da Netflix, a série Round 6 vem gerando preocupação de pais de crianças e profissionais da educação. A produção coreana traz a história de uma competição de sobrevivência em que pessoas endividadas são convidadas a participar de jogos infantis tradicionais, como cabo de guerra. O problema é que crianças e adolescentes estão expostos a cenas fortes de violência, já que os perdedores dos jogos, na série, têm consequências mortais. Para Fabiana Vasconcellos, psicanalista do Instituto DimiCuida, que trabalha na prevenção de comportamentos de risco disseminados pela internet de forma geral, a família precisa mediar o uso de plataformas de vídeos antes mesmo que a criança conheça o conteúdo.

Para a psicanalista, a família brasileira ainda está no processo de aprendizado para lidar com séries em plataformas de streaming. “Por décadas, a TV aberta recebeu diversos protocolos de proteção de crianças e adolescentes para que, então, a família se sentisse segura em deixar a criança assistindo a uma série, um programa infantil, porque sabia que aquela programação era livre de qualquer comportamento de risco. Nós não temos mais essa proteção. Cabe aos responsáveis a mediação”, analisa Vasconcellos. Ela ressalta que a própria plataforma tem um manual, que faz com que sejam bloqueadas séries se o responsável achar que não devem ser assistidas. “O papel da família é ler as cartilhas de proteção antes mesmo da criança acessar o app e ver os conteúdos”, alerta.

Comportamento de risco

A série tem recomendação para maiores de 16 anos e mostra cenas de suicídio, tortura psicológica, palavrões, além da violência explícita. Vasconcellos explica que a produção é para adultos, porque crianças não têm a mesma percepção preventiva. As cenas de violência podem, inclusive, causar traumas e desenvolver fobias. “A criança está em processo de amadurecimento neurobiológico de funções que comandam os comportamentos e está à mercê do que é apresentado a ela”, diz a psicanalista.

Ela aponta que uma criança mais vulnerável pode se sentir compelida, a partir da ideia de um grupo, a copiar um comportamento de risco. “Quando adultos distinguem um conteúdo muito violento, desligam a televisão ou mudam de canal. A criança, não. Ela fica exposta a esse conteúdo violento por não ter esse mecanismo de negação consolidado. Expor a criança a algo que não tem maturidade emocional para absorver pode trazer consequências emocionais que talvez precisem ser acompanhadas por um especialista”, ressalta a especialista.

Veja mais:

Violência infantil cresce no isolamento social, alerta especialista

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