Eliane Barros
Os protestos de junho de 2013 começaram em São Paulo, contra o aumento da tarifa do transporte público, e logo se espalharam por outras cidades brasileiras, somando outras pautas e demandas, inclusive contraditórias, como liberdade de expressão e intervenção militar. Cinco anos depois, com foco nas mensagens levadas às ruas durante os atos e com o objetivo de aprofundar as reflexões e contribuir com memória desse período, o urbanista e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Roberto Andrés acaba de lançar o banco de dados “Grafias de Junho”, disponível na internet.
Coletadas de forma colaborativa, o acervo digital traz mais de 2 mil fotografias, em que é possível ler cartazes, faixas e outras formas de produção de mensagens nas manifestações de 2013. Além de informações sobre licença de uso, autoria, cidade e data em que as fotos foram registradas, o site traz a transcrição de cada mensagem contida na imagem. Filtros como tipo (bandeira, camiseta, cartaz, faixa, impresso, pichação e outros), temas (copa, corrupção, democracia, direitos humanos, educação, mídia, mobilidade, patriotismo, saúde, violência e outras pautas), e cidades facilitam o processo de busca no banco de dados, que também aponta, quando possível, o gênero da pessoa que traz a mensagem.
Fruto de uma pesquisa de doutorado do pesquisador realizada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a expectativa é que o acervo digital passe de 10 mil mensagens catalogadas, uma vez que a produção gráfica de demandas, anseios, utopias, brincadeiras e provocações naquele período foi intensa e diversa, conforme aponta Andrés, que também é professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para viabilizar o crescimento do projeto – como incluir, por exemplo, cidades que ainda não foram contempladas – será lançada uma campanha de financiamento coletivo que custeará programação e catalogação.
Crédito da imagem: Maria Objetiva – Grafias de Junho