Leonardo Valle
Discursos de ódio, exaltação pública de torturadores e de crimes cometidos pelo estado durante a ditadura militar (1964-1985) podem ser relacionados ao esquecimento desse período por parte da sociedade.
Esse foi um dos assuntos discutidos na mesa redonda “O que resta da ditadura?”. O debate fez parte do Seminário Internacional “Democracia em colapso?”, que ocorreu no ano passado. O vídeo com a discussão na íntegra foi publicado pela TV Boi Tempo na última terça-feira (31/3), para marcar o aniversário do golpe de 1964.
Em pauta, foram discutidos a relação mal resolvida do Brasil com a ditadura militar, o papel das Comissões da Verdade e o esquecimento desse período como produtor de sintomas sociais na atualidade. A discussão foi mediada pelo jornalista Pedro Venceslau, do jornal O Estado de S. Paulo, e teve a participação da psicanalista Maria Rita Kehl, do jurista Renan Quinalha e da historiadora Janaína de Almeida Teles.
Maria Rita Khel comentou o reflexo da Lei da Anistia no imaginário popular. “Em uma época de imprensa censurada, a ideia de se anistiar dois lados gera a percepção na população de que eram dois lados em luta. Mas era o Estado brasileiro, que tem que proteger cidadãos que estavam sob custódia e que lutavam contra a tirania.”
“Um policial que mata alguém em um assalto a banco, é uma coisa. Outra é agentes de Estado torturarem e matarem pessoas que já estavam presas, sob sua custódia. Os militantes que estavam se organizando contra a ditadura foram executados, e muitos sob tortura, que é a forma mais hedionda”, diz.
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Crédito da imagem: Taba Benedicto/Reprodução Facebook Sesc Pinheiros