Todos os anos, a Fundação Carlos Slim reconhece organizações e pesquisadores que, com seu trabalho, contribuem para a melhoria da saúde da população latino-americana.
Em 11 anos, o Prêmio Carlos Slim em Saúde já premiou 23 profissionais e iniciativas de países como: Argentina, Colômbia, Bolívia, Costa Rica, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Peru e El Salvador, além do Brasil. Para este ano, as inscrições estão abertas até 31 de outubro de 2018.
Conversamos com o belga brasileiro Michel Lotrowska, diretor executivo da Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas – DNDi América Latina, organização sem fins lucrativos contemplada com o prêmio em 2013.
O que é a DNDi e como é sua atuação?
Michel Lotrowska: A DNDi é uma organização sem fins lucrativos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) que desenvolve tratamentos seguros, eficazes e acessíveis para milhões de pessoas em situação vulnerável que são afetadas por doenças negligenciadas, em particular a doença de Chagas, as leishmanioses, a doença do sono, o HIV pediátrico, a hepatite C, as filarioses e micetoma. Atuamos com base em um modelo inovador colaborativo, na forma de parcerias entre instituições públicas e privadas, baseado na desvinculação do custo de pesquisa do preço final do medicamento.
De que forma a iniciativa contribui para a melhoria da saúde da população?
Lotrowska: Nossa meta é desenvolver tratamentos simples, seguros, eficazes e adaptados aos sistemas de saúde dos países onde estão os pacientes. Em curto prazo, o caminho é aperfeiçoar opções terapêuticas já existentes para atender às necessidades urgentes dos pacientes e, ao mesmo tempo, fazer chegar até eles os tratamentos existentes. Já em longo prazo, a estratégia é investir na descoberta de novos medicamentos para disponibilizar tratamentos completamente inovadores, mais adequados e com potencial de mudar o curso das doenças.
Em 2013, quando vocês concorreram ao prêmio Carlos Slim em Saúde, quais destaques da DNDi América Latina contribuíram para que vocês fossem vencedores? Quais pontos o senhor acredita que foram importantes?
Lotrowska: Recebemos o prêmio em 2013, como reconhecimento de 10 anos de trabalho em pesquisa e desenvolvimento, com a finalidade de proporcionar novos tratamentos para os pacientes negligenciados da região. O prêmio reconheceu, especificamente, o desenvolvimento e fornecimento de dois novos tratamentos na América Latina: um para o tratamento da malária e outro destinado ao tratamento de crianças portadoras da doença de Chagas, principal causa de morte por parasita nas Américas.
O que mudou na instituição após o prêmio e como essas mudanças se refletem atualmente?
Lotrowska: Os US$ 100 mil recebidos pela DNDi do Prêmio Carlos Slim em Saúde 2013 foram dedicados à doença de Chagas, devido ao reconhecimento de que se tratava de uma doença que precisava de uma imediata resposta e plano de ação coordenado para controlar esta tragédia silenciosa. Estima-se que 99% das pessoas infectadas com Chagas ainda não são tratadas na região, e isso precisa mudar. O prêmio também estabeleceu um precedente por um maior engajamento e incentivo em favor de inovações em saúde na América Latina. Seguimos trabalhando para que mais atores participem dos esforços para intensificar a descoberta e o desenvolvimento de inovações em favor da saúde das populações mais vulneráveis.
Quais são os próximos planos para a DNDi América Latina?
Lotrowska: Continuamos trabalhando incansavelmente para trazer a inovação aos que mais precisam. Temos planos de desenvolver novos ensaios clínicos para as doenças de Chagas e leishmanioses, em parceria com instituições da região, e promover projetos de implementação para aumentar o acesso a diagnóstico e tratamento para a doença de Chagas.
Que recado o senhor daria para quem pensa em se inscrever no prêmio este ano?
Lotrowska: O Prêmio Carlos Slim em Saúde é uma referência na região em termos de incentivo em favor de inovações em saúde na América Latina. É um importante reconhecimento, concedido a instituições e pesquisadores de referência na área da saúde pública na região. Para a DNDi, ganhar o prêmio foi uma honra e uma oportunidade de fazer parte de uma rede de trabalhos inovadores de toda a região, que inclui a própria Fundação Carlos Slim.