Foram dois dias intensos de preparação, discussões e aprendizados em busca de soluções para problemas decorrentes da era digital e que afetam, cada vez mais, crianças e adolescentes no mundo todo. Nesta semana, o Instituto Claro reuniu especialistas de diversas áreas relacionadas à segurança na internet e saúde mental para apoiar cerca de 30 jovens no entendimento do problema relacionado a esses grandes temas.

A iniciativa foi realizada na cidade do Rio de Janeiro (RJ), nos dias 17 e 18 de fevereiro, e contou com um processo de criação colaborativo. No primeiro dia, oito jovens envolvidos na produção do Manifesto Gigante, em 2019, participaram de uma oficina de capacitação e facilitação para aprimorarem suas habilidades em técnicas de integração, trabalho em equipe e liderança.

No dia seguinte, juntamente com os especialistas, eles recepcionaram 25 adolescentes de instituições apoiadas pelo Instituto Claro para discutirem quatro grandes temas ligados a esses desafios apontados pela Convenção dos Direitos da Criança (CDC). São eles:

– Segurança digital, privacidade e liberdade;
– Cyberbullying, trolls e outros perigos digitais;
– Alfabetização midiática e fake news;
– Novas formas de produção e consumo de conteúdo.

O resultado desses dois dias de imersão e reflexões foi a produção do “Manifesto Diálogos Transformadores 2020”, que retrata alguns dos desafios no uso da tecnologia e, consequentemente, da internet. Entre eles estão o cyberbullying, depressão, ansiedade, síndrome do pânico e, em níveis extremos, casos de suicídio.

“A proposta foi falar um pouco do que a gente entende sobre a ideia de saúde e como as tecnologias, nos dias de hoje, afetam e bombardeiam as crianças”, explica o psicólogo Gabriel Vilella, um dos especialistas que participou de um dos encontros.

foto de um grupo de jovens em pé posando para uma fotografia. Eles estão sorrindo e vestem camisetas pretas
Jovens responsáveis pela construção do Manifesto Diálogos Transformadores, a vice-presidente de projetos do Instituto Claro, Daniely Gomiero e a coordenadora de comunicação da Claro Brasil, Letícia Couto

“Durante essa construção coletiva houve muita troca, as atividades agregaram conhecimento a todos os participantes e foi gratificante participar dessa história”, comenta a jovem Isa Silva.

O documento mostrou ainda que a juventude também está atenta e preocupada com questões importantes apontadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pelo Estatuto da Juventude.

“Nosso objetivo com o manifesto é dar voz a esses jovens para que eles mostrem o que pensam, seus anseios, desejos e aspectos nos quais acreditam para que o presente e o futuro sejam melhores”, comenta a vice-presidente de projetos do Instituto Claro, Daniely Gomiero.

O grupo reforçou, de forma enfática, a necessidade de investimento na educação e ampliação do número de profissionais da saúde especializados para o acompanhamento de fobias sociais.

“Criamos o manifesto para mostrar que o jovem quer se sentir representado. Acho importante trazer essas ideias para que as pessoas conheçam”, comenta a aluna do Dupla Escola, Brendha Gonçalves.

Assista ao vídeo que retrata os bastidores desses dois dias de evento:

https://youtu.be/9p8CIXApicw

Encerramento de um ciclo e celebração de conquistas

A noite do dia 19 de fevereiro foi um importante momento para refletir sobre tudo o que foi discutido ao longo da semana e, principalmente, de olhar para o futuro no evento Diálogos Transformadores 2020. O ponto alto foi a apresentação do manifesto produzido pelos jovens.

Foi realizado um painel no qual participaram Gomiero; o chefe de desenvolvimento de adolescentes do Unicef, Mário Volpi, e de três jovens.

“Os adolescentes trazem uma contribuição importante porque eles vivem um momento de transição na vida de grande oportunidade para discutirem temas como educação, trabalho e saúde mental. Sem a participação deles, a sociedade não terá um desenvolvimento sustentável”, afirma Volpi.

Foi um momento também de celebrar as conquistas do Instituto Claro em 2019 e a formatura dos 109 jovens do Dupla Escola, programa de formação técnica profissionalizante em telecomunicações com modelo integrado ao ensino médio. A iniciativa é realizada em parceria com a Secretaria Estadual do Rio de Janeiro, na Escola Estadual Hebe Camargo.

Conheça o “Manifesto Diálogos Transformadores 2020” na íntegra:

Nós, crianças, adolescentes e jovens do brasil, temos direitos garantidos pela Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC), Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) e Estatuto da Juventude. Entretanto, quando estes instrumentos foram ratificados, ainda não estavam contemplados todos os desafios decorrentes da internet.

Segurança digital, privacidade e liberdade

Vivemos em tempos onde a evolução digital é constante, influenciando o acesso de crianças e adolescentes aos meios de comunicação. De acordo com a pesquisa Tic Kids de 2016, do centro de estudos sobre as tecnologias da informação e da comunicação (Cetic), 80% das crianças de 9 a 17 anos utilizam a internet. Porém, mesmo apresentando benefícios – tais como a socialização multicultural, a inspiração de jovens para construção de um futuro melhor e o estímulo do mecanismo de acesso ao conhecimento –   nem sempre a internet é um local seguro para crianças, adolescentes e jovens.

Cyberbullying, trolls e outros perigos digitais

O acesso de crianças e jovens à internet pode torná-los vulneráveis à diferentes formas de abuso, o que evidencia as lacunas em uma legislação que efetivamente deveria ampará-las. O cyberbullying, por exemplo, atinge um em cada dez estudantes, segundo relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e apresentado pelo Ministério da Educação, em 2015. Essa prática é um reflexo das mazelas sociais convencionais na era da internet.

E o Brasil, segundo o Instituto Ipsos, é o segundo país onde mais se pratica cyberbullying contra crianças, adolescentes e jovens. Tudo isso, um ano depois do marco civil da internet.

Por ocorrer em ambiente de grande pressão social, uma vítima de cyberbulling pode sofrer danos psicológicos muitas vezes irreversíveis, como a depressão, ansiedade, síndrome do pânico e, em casos mais extremos, cometer suicídio, que segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos. E metade de todos os problemas de saúde mental começam aos 14 anos, mas não são detectados e nem tratados adequadamente.

Tecnologia e saúde mental: o impacto nos jovens

Consideramos imprescindível o investimento em educação e acompanhamento de profissionais da saúde competentes e comprometidos, fazendo uso de linguagens acessíveis, trazendo seriedade e consistência para a prevenção das fobias sociais, contribuindo, assim, para a redução do número de suicídios.

Almejamos, portanto, enquanto crianças, adolescentes e jovens brasileiros, ter acesso a estes serviços de forma gratuita e igualitária, sem deixar ninguém para trás.

Acreditamos que iniciativas voltadas para a segurança e integridade do usuário nas mídias sociais são essenciais, assim como o respeito e o comprometimento dos provedores das plataformas com o cumprimento das leis estabelecidas pelo programa de combate à intimidação sistemática e o próprio marco civil da internet.

Alfabetização midiática e fake news

“A juventude é a que mais propaga fake news (notícias falsas) e menos procura informações na internet”.

Será que isso é mesmo verdade?

O acesso e a disseminação de mecanismos de verificação de informações e notícias são necessários. Nossa saúde mental, integridade moral e física dependem disso e poderíamos evitar casos como o de Fabiane maria de jesus assassinada em 2014, após ser confundida com praticante de magia oculta com crianças, na cidade de São Paulo, deixando seus dois filhos sem mãe.

Para evitar casos como esse, a alfabetização midiática, por exemplo, é fundamental para a proteção de usuários que estão imersos no mundo da tecnologia.

Os meios de comunicação digital são um canal para a propagação de notícias falsas. O seu uso em excesso pode gerar vícios e atrapalhar o desenvolvimento de crianças e adolescentes, podendo afetar as relações interpessoais, personalidade, criatividade, e principalmente o desenvolvimento educacional.

Podemos utilizar a tecnologia para desmistificar o tratamento psicológico e conscientizar sobre as ações e serviços propostos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, é interessante para a conscientização em massa, o acesso a conteúdos, como filmes e séries, que retratem essas temáticas.

Exigimos que nossas vozes sejam ouvidas.

E que esse manifesto possa ser disseminado em todos os cantos do Brasil e mundo.

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