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Este roteiro de estudos trata do pré-modernismo enquanto movimento literário, trazendo informações sobre o seu contexto histórico, suas características, suas produções literárias e seus principais autores. Contando com uma lista de exercícios, busca auxiliar o aluno na consolidação dos conhecimentos relacionados ao tema.

● O que é pré-modernismo?
● Contexto histórico;
● Características das produções literárias do Pré-modernismo; e
● Principais autores do pré-modernismo.

Objetivos

● Compreender o Pré-modernismo enquanto movimento literário.

Estude também:

Estudar em casa: realismo

Estudar em casa: concretismo

Palavras-chave:

Língua portuguesa. Literatura. Pré-modernismo.

Proposta de trabalho:

Iniciaremos este roteiro de estudos verificando o que é pré-modernismo e o seu contexto histórico. Na sequência, trataremos das características, das produções literárias e dos principais autores do Pré-modernismo. Para finalizar, veremos alguns exercícios sobre o tema.

1ª Etapa: O que foi o pré-modernismo?

O pré-modernismo foi um movimento que estabeleceu a transição entre os movimentos literários do final do século XIX e o modernismo. Sua grande marca foi a produção do início do século XX, até a Semana de Arte Moderna de 1922.

Para saber mais sobre o Pré-modernismo, sugerimos que assista aos vídeos indicados abaixo:

Pré-modernismo – Professor Noslen
Acesso em: 15 de dezembro de 2022.

Pré-modernismo – Quer que eu desenhe – Descomplica
Acesso em: 15 de dezembro de 2022.

Pré-modernismo – Brasil escola
Acesso em: 15 de dezembro de 2022.

2ª Etapa: Contexto histórico

Para compreender verdadeiramente um movimento literário e as suas características, é essencial entender também o seu contexto histórico.

Considerando o que foi trazido na etapa anterior, no sentido de que o pré-modernismo foi o movimento que fez a transição entre os movimentos literários do final do século XIX e o modernismo, no início do século XX, você consegue pensar quais aspectos históricos podem tê-lo afetado?

Faça anotações acerca desses pontos e, em seguida, assista ao vídeo abaixo, verificando o que você acertou e que pontos relevantes deixou de lembrar. Com base nisso, esquematize de forma simples, porém completa, as informações mais importantes, que te ajudarão a retomar o assunto no futuro, sempre que necessário.

Português – Pré-modernismo – Contexto Histórico – Stoodi
Acesso em: 15 de dezembro de 2022.

3ª Etapa: Características das produções literárias do pré-modernismo

Quando falamos em pré-modernismo, algumas características se destacam, dentre as quais:
❖ Abordagem da realidade brasileira
❖ Análise de questões raciais
❖ Linguagem simples e coloquial
❖ Nacionalismo crítico
❖ Personagens marginalizadas (caipira, sertanejo etc.)
❖ Regionalismo
❖ Ruptura com o academicismo

Pré-modernismo: principais características e obras – Curso ENEM gratuito
Acesso em: 15 de dezembro de 2022.

4ª Etapa: Principais autores do pré-modernismo

Neste último tópico, sugerimos um exercício: busque em sua memória os autores que foram mencionados ao longo dos materiais sugeridos neste roteiro, e faça uma lista de seus nomes. Será que você conseguiu compreender quais foram os autores mais relevantes do período?

Caso não lembre, retorne aos vídeos e, assistindo com bastante atenção, faça anotações.

Em seguida, veja se conseguiu chegar próximo da lista abaixo, que traz os principais autores desse movimento literário:

❖ Euclides da Cunha
❖ Lima Barreto
❖ Graça Aranha
❖ Monteiro Lobato
❖ Augusto dos Anjos

5ª Etapa: Questões

Seguem abaixo alguns exemplos de como o tema usualmente aparece nas provas. O gabarito está depois das questões.

Questão 01 (Enem)

Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem… Em que lhe contribuía para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada… O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas… Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!
O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções.
A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete.

BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 nov. 2011.

O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que
a) a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira levou-o a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país.
b) a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de prosperidade e democracia que o personagem encontra no contexto republicano.
c) a construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica.
d) a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de decepção e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se em seu gabinete.
e) a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional faz parte de um projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do autor.

Resolução:
Alternativa C. No trecho do livro de Lima Barreto, autor pré-modernista, é possível observar a frustração ideológica do protagonista Policarpo Quaresma ao perceber que o país perfeito que ele romanticamente idealizara não passava de fantasia. Assim, o realismo e o nacionalismo crítico, caracterizadores desse período literário, são evidenciados.

Questão 02 (Enem)

Texto 1

O morcego

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
“Vou mandar levantar outra parede…”
Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!

ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994.

Texto 2

O lugar-comum em que se converteu a imagem de um poeta doentio, com o gosto do macabro e do horroroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto dos Anjos, o olhar clínico, o comportamento analítico, até mesmo certa frieza, certa impessoalidade científica.

CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia. Rio de Janeiro: Cátedra, 1988 (adaptado).

Em consonância com os comentários do texto 2 acerca da poética de Augusto dos Anjos, o poema “O morcego” apresenta-se, enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de
a) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia.
b) expressar o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro.
c) representar realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de cunho existencial.
d) abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado e analítico acerca do cotidiano.
e) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e suspense na estrutura lírica da poesia.

Resolução:
Alternativa D. Ao fazer a relação do “morcego” com a “Consciência Humana”, o poema de Augusto dos Anjos, poeta pré-modernista, aborda um dilema humano universal, ou seja, o fato de que não se pode fugir, mesmo que se tente, da perturbadora consciência. O ponto de vista é distanciado e analítico, pois o eu lírico fala da consciência humana de forma generalizada. Além disso, tal reflexão está relacionada a um elemento do cotidiano, o ato de recolher-se ao quarto.

Questão 03 (Enem)

Negrinha

Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma — “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia.
Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva.
[…]
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos — e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo — essa indecência de negro igual.

LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento).

A narrativa focaliza um momento histórico-social de valores contraditórios. Essa contradição infere-se, no contexto, pela
a) falta de aproximação entre a menina e a senhora, preocupada com as amigas.
b) receptividade da senhora para com os padres, mas deselegante para com as beatas.
c) ironia do padre a respeito da senhora, que era perversa com as crianças.
d) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos negros, evidenciada no final do texto.
e) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia tratá-los com castigos.

Resolução:
Alternativa D. Monteiro Lobato é um autor do pré-modernismo. Esse período configura-se não só em uma fase de transição literária mas também histórica, isto é, dos costumes do século XIX, marcados pela tradição de um país rural, para a modernidade do século XX, pautada no desenvolvimento industrial e urbano. Daí a contradição no fato de a senhora resistir a aceitar a liberdade dos negros, pois ainda está presa aos valores do passado, mesmo estando em um presente com valores distintos.

Questões 1, 2 e 3 e gabarito
Acesso em: 15 de dezembro de 2022.

Questão 4 (UEL-PR) Nas duas primeiras décadas de nosso século, as obras de Euclides da Cunha e de Lima Barreto, tão diferentes entre si, têm como elemento comum:
A) a intenção de retratar o Brasil de modo otimista e idealizante.
B) a adoção da linguagem coloquial das camadas populares do sertão.
C) a expressão de aspectos até então negligenciados da realidade brasileira.
D) a prática de um experimentalismo linguístico radical.
E) o estilo conservador do antigo regionalismo romântico.

Resolução:
Alternativa C. Os autores do período pré-moderno não percebiam a realidade brasileira de modo otimista, mas voltaram seus olhares para aspectos da miséria e disparidade social negligenciados pela comunicação oficial da República e também pelos parnasianos. Tampouco promoveram um experimento linguístico radical ou retornaram ao estilo conservador do regionalismo romântico. Embora Euclides da Cunha tenha inserido, em sua obra Os Sertões, muito do linguajar popular sertanejo, o livro não foi escrito em linguagem coloquial – e Lima Barreto não incorpora em suas obras esses elementos.

Questão 5 (Fatec-SP) Assinale a alternativa incorreta.
A) Nos primeiros vinte anos deste século, a produção literária brasileira é marcada por diversidades, abrangendo, ao mesmo tempo, obras que questionam a realidade social e obras voltadas para os lugares-comuns herdados de autores anteriores.
B) Pode-se afirmar que um dos traços modernos de Euclides da Cunha é o compromisso com os problemas de seu tempo.
C) A importância da obra de Lima Barreto situa-se no plano do conteúdo, a partir do qual se revela seu caráter polêmico; a linguagem descuidada, porém, revela pouca consciência estética, em virtude de sua formação literária precária.
D) O estilo parnasiano permanece influenciando autores e caracterizando boa parte da obra poética escrita durante o período pré-modernista.
E) Graça Aranha faz parte do conjunto mais significativo de escritores do pré-modernismo. Nos anos anteriores à Semana de Arte Moderna, Graça Aranha interveio a favor da renovação artística a que se propunham os escritores modernistas.

Resolução:
Alternativa C. Lima Barreto destacou-se por sua inteligência e pelo trabalho com a linguagem, de modo a aproximá-la das camadas mais populares, sem perder, por isso, a consistência e o acabamento estéticos.

Questão 6 (UFRGS-RS) Uma atitude comum caracteriza a postura literária de autores pré-modernistas, a exemplo de Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Euclides da Cunha.

Pode ela ser definida como:
A) a necessidade de superar, em termos de um programa definido, as estéticas românticas e realistas.
B) pretensão de dar um caráter definitivamente brasileiro à nossa literatura, que julgavam por demais europeizada.
C) uma preocupação com o estudo e com a observação da realidade brasileira.
D) a necessidade de fazer crítica social, já que o Realismo havia sido ineficaz nessa matéria.
E) aproveitamento estético do que havia de melhor na herança literária brasileira, desde suas primeiras manifestações.

Resolução:
Alternativa C. Não havia um programa definido entre esses autores ou mesmo esse engajamento em consolidar um caráter definitivamente brasileiro à nossa literatura. Também não se pode dizer que todos são guiados pela necessidade de fazer crítica social, tampouco que o Realismo à brasileira tenha falhado nessa empreitada. Também não podemos reconhecer um aproveitamento estético de todas as manifestações literárias brasileiras em sua obra. Mas há, entre todos eles, essa preocupação de observar e estudar a realidade brasileira, seja na Guerra de Canudos, seja na grande capital do país, ou no interior capixaba, ou nos interiores paulistas.

Questões 4, 5 e 6 e gabarito 
Acesso em: 15 de dezembro de 2022.

Roteiro de estudos elaborado pela Professora Daniela Leite Nunes.
Coordenadora Pedagógica: Prof.ª Dr.ª Aline Bitencourt Monge.

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