Conteúdos

Este roteiro de estudos trata do Parnasianismo enquanto movimento literário, trazendo informações sobre o seu contexto histórico, suas características, suas produções literárias e seus principais autores. Contando com uma lista de exercícios de vestibular, busca auxiliar o/a aluno/a na consolidação dos conhecimentos relacionados ao tema.

  • O que é Parnasianismo?
  • Contexto histórico;
  • Características das produções literárias do Parnasianismo; e
  • Principais autores do Parnasianismo.

Objetivos

  • Compreender o Parnasianismo enquanto movimento literário.

Estude também:

Estudar em casa: concretismo

Estudar em casa: classicismo

Palavras-chave:

Língua portuguesa. Literatura. Parnasianismo.

Proposta de trabalho:

Iniciaremos este roteiro de estudos verificando o que é Parnasianismo e o seu contexto histórico. Na sequência, trataremos das características, das produções literárias e dos principais autores do Parnasianismo. Para finalizar, veremos alguns exercícios sobre o tema.

1ª Etapa: O que foi o Parnasianismo?

O Parnasianismo foi um movimento que surgiu concomitante ao Realismo e ao Naturalismo, no final do século XIX. A origem do referido movimento literário se deu na França.

Para saber mais sobre o Parnasianismo, sugerimos que assista aos vídeos indicados abaixo:

Acesso em: 15 de dezembro de 2022.

Acesso em: 15 de dezembro de 2022.

Acesso em: 15 de dezembro de 2022.

Acesso em: 15 de dezembro de 2022.

2ª Etapa: Contexto histórico

Para compreender verdadeiramente um movimento literário e as suas características, é essencial entender também o seu contexto histórico.

Considerando o que foi trazido na etapa anterior, no sentido de que o Parnasianismo surgiu na mesma época que o Realismo e o Naturalismo, no final do século XIX, você consegue pensar quais aspectos históricos podem tê-lo afetado?

Faça anotações acerca desses pontos e, em seguida, assista ao vídeo abaixo, verificando o que você acertou e que pontos relevantes deixou de lembrar. Com base nisso, esquematize de forma simples, porém completa, as informações mais importantes, que te ajudarão a retomar o assunto no futuro, sempre que necessário.

Acesso em: 15 de dezembro de 2022.

3ª Etapa: Características das produções literárias do Parnasianismo

Quando falamos em Parnasianismo, algumas características se destacam, dentre as quais:

  • “A arte pela arte”
  • Busca da perfeição formal
  • Impessoalidade
  • Inversão sintática
  • No Brasil, oposição do Romantismo (que, à época, ainda tinha forte influência na poesia)
  • Oposição ao Realismo e ao Naturalismo
  • Poesia descritiva
  • Resgate de temas da Antiguidade Clássica
  • Rigor formal e distanciamento da linguagem oral
  • Valorização do artista

Acesso em: 15 de dezembro de 2022.

4ª Etapa: Principais autores do Parnasianismo

Neste último tópico, sugerimos um exercício: busque em sua memória os autores que foram mencionados ao longo dos materiais sugeridos neste roteiro, e faça uma lista de seus nomes. Será que você conseguiu compreender quais foram os autores mais relevantes do período?

Caso não lembre, retorne aos vídeos e, assistindo com bastante atenção, faça anotações.

Em seguida, veja se conseguiu chegar próximo da lista abaixo, que traz os principais autores desse movimento literário:

  • Alberto de Oliveira
  • António Feijó
  • Cesário Verde
  • Francisca Júlia
  • Gonçalves Crespo
  • Guerra Junqueiro
  • João Penha
  • Olavo Bilac
  • Raimundo Correia
  • Teófilo Braga
  • Teófilo Dias
  • Vicente de Carvalho

5ª Etapa: Questões

Seguem abaixo alguns exemplos de como o tema usualmente aparece nas provas. O gabarito está depois das questões.

Questão 1 –  (UFRGS) Leia o seguinte soneto de Olavo Bilac.

NEL MEZZO DEL CAMIN…

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada

E triste, e triste e fatigado eu vinha,

Tinhas a alma de sonhos povoada,

E a alma de sonhos povoada eu tinha…

E paramos de súbito na estrada

Da vida: longos anos, presa à minha

A tua mão, a vista deslumbrada

Tive da luz que teu olhar continha.

Hoje, segues de novo… Na partida

Nem o pranto os teus olhos umedece,

Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo,

Vendo o teu vulto que desaparece

Na extrema curva do caminho extremo.

Considere as afirmações abaixo sobre este poema.

I – O eu lírico relata, no primeiro quarteto, o encontro entre duas pessoas marcadas pela fadiga e pela tristeza e imersas em sonhos.

II – O encontro inesperado entre os dois amantes deflagra uma breve relação marcada pela afinidade mútua.

III – Nos tercetos, ao descrever a indiferença da amada que parte, o eu lírico retoma a imagem da estrada/caminho que já havia aparecido no poema.

Quais estão corretas?

  1. a) Apenas I.
  2. b) Apenas III.
  3. c) Apenas I e III.
  4. d) Apenas II e III.
  5. e) I, II e III.

Resolução:

Alternativa C. No primeiro quarteto, o eu lírico relata o encontro entre duas pessoas marcadas pela fadiga e pela tristeza, com a alma povoada de sonhos. No primeiro terceto, evidencia-se a indiferença da amada; no segundo, o eu lírico retoma a imagem da estrada/caminho com que inicia o soneto.

Questão 2 – (UPE-2015)

Texto 1

Ao coração que sofre

Ao coração que sofre, separado

Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,

Não basta o afeto simples e sagrado

Com que das desventuras me protejo.

Não me basta saber que sou amado,

Nem só desejo o teu amor: desejo

Ter nos braços teu corpo delicado,

Ter na boca a doçura de teu beijo.

E as justas ambições que me consomem

Não me envergonham: pois maior baixeza

Não há que a terra pelo céu trocar;

E mais eleva o coração de um homem

Ser de homem sempre e, na maior pureza,

Ficar na terra e humanamente amar.

(BILAC, Olavo. Disponível em: . Acesso em: 6 out. 2014. )

Texto 2

Soneto

Pálida à luz da lâmpada sombria,

Sobre o leito de flores reclinada,

Como a lua por noite embalsamada,

Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar, na escuma fria

Pela maré das águas embalada!

Era um anjo entre nuvens d’alvorada

Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era a mais bela! Seio palpitando…

Negros olhos as pálpebras abrindo…

Formas nuas no leito resvalando…

Não te rias de mim, meu anjo lindo!

Por ti — as noites eu velei chorando,

Por ti — nos sonhos morrerei sorrindo!

(AZEVEDO, Álvares de. Disponível em: . Acesso em: 6 out. 2014.)

Os textos 1 e 2 têm por temática o amor, visto, entretanto, sob pontos de vista diferentes, em razão principalmente de seus autores pertencerem a movimentos literários e contextos históricos distintos. Com base na leitura dos textos e no seu conhecimento sobre a produção literária dos autores, assinale as relações adequadas.

I. Texto 1 – Visão carnal do amor: parnasianismo.

II. Texto 2 – Visão irreal e casta da mulher: ultrarromantismo.

III. Texto 1 – Visão racional do amor: ultrarromantismo.

IV. Texto 1 – Visão antropocentrista da vida: parnasianismo.

V. Texto 2 – Realização amorosa improvável: ultrarromantismo.

As relações CORRETAMENTE estabelecidas são, apenas:

a) I, II, III e IV.

b) I, II, IV e V.

c) I, II e III.

d) I, III e V.

e) II, IV e V.

Resolução:

Alternativa B, pois as relações I, II, IV e V estão corretas.

A relação I está correta. O Texto 1 é de Olavo Bilac, principal poeta do parnasianismo, movimento literário em que surge a poesia de meditação, filosófica, mas artificial, o gosto por fatos, paisagens e objetos exóticos, e há uma visão carnal do amor, como ocorre nos versos: “Nem só desejo o teu amor: desejo/ Ter nos braços teu corpo delicado,/ Ter na boca a doçura de teu beijo”.

A relação II está correta. No Texto 2, como é característico do ultrarromantismo, encontramos uma visão irreal e casta da mulher, como atestam os versos: “Era a virgem do mar, na escuma fria/ Pela maré das águas embalada!”.

A relação III está incorreta. No Texto 1, encontramos um poema pertencente ao parnasianismo, e não ao ultrarromantismo.

A relação IV está correta. No Texto 1, temos uma visão antropocentrista da vida, própria do parnasianismo, cujos traços humanistas retomam a Antiguidade clássica, explícita nos versos: “E mais eleva o coração de um homem/ Ser de homem sempre e, na maior pureza,/ Ficar na terra e humanamente amar”.

A relação V está correta. No Texto 2, como é típico do ultrarromantismo, a realização amorosa aparece como improvável, como nos versos: “Não te rias de mim, meu anjo lindo!/ Por ti — as noites eu velei chorando,/ Por ti — nos sonhos morrerei sorrindo!”.”

Veja mais sobre “Parnasianismo” em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/parnasianismo.htm

Questões 1 e 2 e gabarito disponíveis em:

https://brasilescola.uol.com.br/literatura/parnasianismo.htm

Acesso em: 15 de dezembro de 2022.

 

Questão 3 – (Enem)

Ouvir estrelas

“Ora, (direis) ouvir estrelas! Certo

perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,

que, para ouvi-las, muita vez desperto

e abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda noite, enquanto

a Via-Láctea, como um pálio aberto,

cintila. E, ao vir o Sol, saudoso e em pranto,

inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!

Que conversas com elas? Que sentido

tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas”.

BILAC, Olavo. Ouvir estrelas. In: Tarde, 1919.

Ouvir estrelas

Ora, direis, ouvir estrelas! Vejo

que estás beirando a maluquice extrema.

No entanto o certo é que não perco o ensejo

De ouvi-las nos programas de cinema.

Não perco fita; e dir-vos-ei sem pejo

que mais eu gozo se escabroso é o tema.

Uma boca de estrela dando beijo

é, meu amigo, assunto p’ra um poema.

Direis agora: Mas, enfim, meu caro,

As estrelas que dizem? Que sentido

têm suas frases de sabor tão raro?

Amigo, aprende inglês para entendê-las,

Pois só sabendo inglês se tem ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas.

TIGRE, Bastos. Ouvir estrelas. In: BECKER, I. Humor e humorismo: antologia. São Paulo: Brasiliense, 1961.

Com base na comparação entre os poemas, verifica-se que,

a) no texto de Bilac, a construção do eixo temático deu-se em linguagem denotativa, enquanto no de Tigre, em linguagem conotativa.

b) no texto de Bilac, as estrelas são inacessíveis, distantes, e no texto de Tigre, são próximas, acessíveis aos que as ouvem e entendem-nas.

c) no texto de Tigre, a linguagem é mais formal, mais trabalhada, como se observa no uso de estruturas como “dir-vos-ei sem pejo” e “entendê-las”.

d) no texto de Tigre, percebe-se o uso da linguagem metalinguística no trecho “Uma boca de estrela dando beijo/ é, meu amigo, assunto p’ra um poema”.

e) no texto de Tigre, a visão romântica apresentada para alcançar as estrelas é enfatizada na última estrofe de seu poema com a recomendação de compreensão de outras línguas.

Resolução:

Alternativa D.

No texto de Tigre, a metalinguagem está no fato de que o poema está fazendo referência a si mesmo.

Questão 4 – (Enem)

Mal secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora

N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,

Tudo o que punge, tudo o que devora

O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espírito que chora,

Ver através da máscara da face,

Quanta gente, talvez, que inveja agora

Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo

Guarda um atroz, recôndito inimigo,

Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,

Cuja ventura única consiste

Em parecer aos outros venturosa!

CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995.

Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que

a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.

b) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.

c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.

d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.

e) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social.

Resolução:

Alternativa A.

A necessidade de ser aceito, que leva à dissimulação, está evidente na última estrofe: “Quanta gente que ri, talvez existe,/ Cuja ventura única consiste/ Em parecer aos outros venturosa!”. Portanto, para parecer que é feliz, muita gente ri, ou seja, dissimula o verdadeiro estado de espírito.

Questão 5 – (Enem)

A pátria

Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!

Criança! não verás nenhum país como este!

Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!

A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,

É um seio de mãe a transbordar carinhos.

Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,

Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!

Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!

Vê que grande extensão de matas, onde impera,

Fecunda e luminosa, a eterna primavera!

Boa terra! jamais negou a quem trabalha

O pão que mata a fome, o teto que agasalha…

Quem com o seu suor a fecunda e umedece,

Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!

Criança! não verás país nenhum como este:

Imita na grandeza a terra em que nasceste!

BILAC, O. Poesias infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1929.

Publicado em 1904, o poema “A pátria” harmoniza-se com um projeto ideológico em construção na Primeira República. O discurso poético de Olavo Bilac ecoa esse projeto, na medida em que

a) a paisagem natural ganha contornos surreais, como o projeto brasileiro de grandeza.

b) a prosperidade individual, como a exuberância da terra, independe de políticas de governo.

c) os valores afetivos atribuídos à família devem ser aplicados também aos ícones nacionais.

d) a capacidade produtiva da terra garante ao país a riqueza que se verifica naquele momento.

e) a valorização do trabalhador passa a integrar o conceito de bem-estar social experimentado.

Resolução:

Alternativa B.

No poema, fica evidenciado que a prosperidade individual independe de políticas de governo, em primeiro lugar, porque, em nenhum momento, o incentivo governamental é mencionado. Além disso, nos versos “Quem com o seu suor a fecunda e umedece,/ Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!”, é sugerido que basta trabalhar na terra para enriquecer. O poema desconsidera, portanto, os problemas sociais e trata a pátria de maneira idealizada.

Questões 3, 4 e 5 e gabarito disponíveis em:

https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/parnasianismo.htm

Acesso em: 15 de dezembro de 2022.

 

Roteiro de estudos elaborado pela Professora Daniela Leite Nunes.

Coordenação Pedagógica: Prof.ª Dr.ª Aline Monge.

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