A secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Tania Leme de Almeida, afirmou que uma possível nova política de alfabetização levará em conta metodologias diversificadas. Ela foi entrevistada pela presidente-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, e pelo diretor de políticas educacionais, Olavo Nogueira Filho, durante o Seminário Internacional Educação Já, realizado em São Paulo, na manhã desta terça-feira (19/2).
“O que pretendemos entregar para a Casa Civil seria a política nacional de alfabetização. Estamos nesse momento árduo de estudo de possíveis ações efetivas e pautadas em evidências científicas e de resultados”, explicou.
“Cabe a mim, falar nesse momento que a política nacional de alfabetização, mesmo a minuta feita de forma prévia, não é pautada por uma única metodologia. Cada indivíduo é um universo e sua forma de melhor aprendizado precisa ser respeitada “, apontou.
A declaração da secretária, defendendo a pluralidade de metodologias, é um contraponto aos rumores de que a política de alfabetização poderia ter como base apenas o método fônico (em que primeiro se ensina os sons de cada letra). O novo secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim, é conhecido por defender publicamente este método e por ser contra a metodologia do letramento. No vídeo “Letramento, o vilão da alfabetização no Brasil”, publicado em maio de 2018, em seu canal no YouTube, por exemplo, Nadalim classificou essa forma de trabalho como “uma reinvenção construtivista da alfabetização, fruto de uma preocupação exagerada com a construção de uma sociedade igualitária, democrática e pluralista em formar leitores críticos, engajados e conscientes”.
No encontro, Almeida ainda reiterou que a alfabetização é a prioridade do governo. “É o compromisso do ministério estabelecido com a Casa Civil, mas estamos olhando para todos [os programas]. A alfabetização é uma bola de neve e influencia todas as etapas de ensino”, opinou.
Segundo ela, o momento é de “reconhecer [as demandas] para alinhar”. Além da promessa de convocar estados e municípios para discussão. “Estamos terminando o levantamento de programas e políticas atuais já estabelecidas para ver se elas estão alinhadas com demandas emergenciais”, pontuou.
“Teremos, nessa semana, uma reunião com a União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Conselho Nacional de Secretários de Educação (CNE). Estamos formando uma estruturação política para que esses atores, que estão na ponta, tragam mais da realidade. Precisamos desse meio de comunicação para chegar nos melhores consensos, formas e metodologias, sempre pautados em evidências científicas.”
Escolas militares
Outro assunto abordado foi a criação de uma subsecretaria no MEC para fomentar escolas cívicos-militares, por meio de um decreto do dia 2 de janeiro. “Há um grupo desenhando uma possível estrutura para ser apresentada a toda a sociedade”.
“Nós já temos estabelecidas escolas militares em todo o país, o que nós vamos apresentar, respeitando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que preconiza a escola como ambiente autônomo, é a possibilidade das escolas escolherem outra forma de gestão. Não vai ser imposto”, pontuou.
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