Os dinossauros viveram por toda a Era Mesozoica, período de 150 milhões de anos bem mais longo que a existência humana, de aproximadamente 200 mil anos. “Com uma enorme diversidade de espécies, tamanhos e anatomias, esses animais se adaptaram a variados ambientes, espalhando-se pelo planeta e dominando diversos nichos ecológicos”, explica a professora de Geociências e Educação Ambiental da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) Gabrielli Gadens Marcon.

“Seus fósseis documentam o surgimento, desenvolvimento, expansão, declínio e extinção do grupo, contando a história completa de seu domínio na Terra”, complementa.

Segundo a mestranda em Educação em Ciências Tamara Piovesan, há lacunas no ensino da paleontologia – ciência que estuda os fósseis, incluindo os de dinossauros, para compreender a vida antiga na Terra – na educação básica.

“O tema é pouco mencionado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e nos livros didáticos. Em contrapartida, o fóssil é um patrimônio cultural a ser preservado, e estamos em um país rico nesse material, com centros de estudos que são referências mundiais”.

Estudo interdisciplinar  

O ensino da paleontologia com foco em dinossauros nas escolas pode ser interdisciplinar, conforme aponta Marcon. “Abrange noções básicas de zoologia, ecologia, evolução, paleontologia, anatomia, geologia, entre outros”, lista.

Dentro das ciências biológicas, o tema explica questões relacionadas à evolução da fauna e da flora. “A partir deles, podemos visualizar como foi a modificação desses organismos”, acrescenta Piovesan.

Em geografia, a paleontologia permite compreender a chamada deriva continental. “Em dado momento da vida na Terra, todos os continentes eram unidos, e os registros fósseis nos comprovam isso”, reforça Piovesan.

Para completar, trazer os dinossauros em sala de aula dialoga com tópicos de Pré-História e educação ambiental.

“Os dinossauros tiveram um longo sucesso evolutivo. Embora muitos tenham sido extintos, algumas espécies deixaram descendentes: as aves atuais. Isso nos lembra que, assim como eles, os humanos são apenas uma espécie na história da Terra, igualmente sujeita a mudanças e extinções”, descreve Piovesan.

“Ou seja, os fósseis desses animais espelham nossa vulnerabilidade e nos incentivam a refletir sobre como cuidamos do planeta e o que deixaremos para as futuras gerações”, completa.

Os benefícios, contudo, vão além dos conteúdos curriculares. “O tema dos dinossauros desperta o interesse dos estudantes pelo estudo de ciências, proporcionando engajamento”, avalia Marcon.

Indicações por etapa

Para os anos iniciais do ensino fundamental, Marcon indica atividades lúdicas como desenhos, colagem e pintura, moldes para projeção de sombras e em tamanho natural para comparação, flanelógrafo, fantoches e contação de história com imitação de sons de dinossauros. Já nos anos finais do ensino fundamental e no médio, Marcon indica apresentar vídeos didáticos, como o curta gaúcho A Era dos Dinossauros. “A série é sobre os dinossauros e répteis gigantes do RS e aborda um pouco da paleontologia e geologia do Estado”, recomenda.

Conheça, a seguir, sete atividades para ensinar dinossauros na educação básica. Para mais sugestões de práticas, Piovesan recomenda o site Paleontologia em Sala de Aula, da doutora em ciências e paleontóloga Marina Bento Soares. Confira as sugestões:

1) Leve a turma para parques e museus paleontológicos

Alguns lugares do Brasil possuem parques e museus com fósseis de dinossauros. “Em visitas presenciais, os alunos podem observar réplicas de fósseis e entender melhor as dimensões e características desses animais pré-históricos, além de aprender sobre o ambiente em que viveram”, justifica Piovesan. Há uma lista de museus com fósseis de dinossauros em todos os estados do Brasil. ‘Orientamos a entrar em contato com o museu antes para ver se os fósseis estão em exposição ou se foram retirados da coleção para estudo”, recomenda Marcon.

2) Realize visitas virtuais

Caso não haja museus e centros de paleontologia próximos à escola, podem ser realizados tours virtuais em instituições que abrigam fósseis de dinossauros. Algumas opções são: Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Museu de Arqueologia e Ciências Naturais da Unicap e Museu de Paleontologia Irajá Damiani Pinto (UFRGS).

3) Entrevista com um paleontólogo

“Para o ensino fundamental, é possível convidar uma pessoa com formação na área de paleontologia ou geologia para dar uma palestra para a classe”, sugere Marcon. Proponha uma entrevista coletiva com os alunos que, em conjunto, elaborariam um e-mail convite e a lista de perguntas que gostariam de fazer para esse profissional.

4) Investigar os dinossauros da região

No projeto intitulado “Os dinossauros vão à Escola”, Marcon propôs aos alunos do ensino fundamental que fizessem um levantamento bibliográfico que resultou na descoberta de 12 espécies de dinossauros que habitaram o estado do Rio Grande do Sul, distribuídas em cinco cidades gaúchas. A seguir, cada dinossauro foi pesquisado por um grupo, que levantou informações científicas sobre ele, incluindo o significado etimológico do seu nome.

5) Pesquise novas descobertas de dinossauros

“É interessante, no ensino fundamental, trazer as notícias de jornal divulgando as descobertas de novas espécies de dinossauros, dando-se ênfase aos achados locais, mas permitindo que os alunos conheçam outros lugares do mundo também”, recomenda Marcon.

6) Analise pegadas de dinossauros

Atividade sugerida pelo projeto Paleoeduca, do município de Candelária (RS) e aplicado nos anos iniciais da EMEF Adão Jaime Porto Recortar. Moldes com pegadas de diferentes dinossauros foram impressos, colados em cartolina grossa e perfurados com elásticos para fazer uma espécie de chinelo.

O professor distribui as pegadas com elástico espalhadas no chão, e os alunos devem identificar os pares. Após todos os pares de pegadas serem identificados, a professora escolhe um ambiente no pátio da escola para esconder réplicas de dinossauros de brinquedo, sinalizando com a pegada. Assim, podem reconhecer a qual dinossauro/réplica pertence tal pegada.

7) Desenhar um dinossauro da forma como se imagina

Atividade de pré-teste e pós-teste desenvolvida por Maria Aparecida Pereira, historiadora autora do projeto “Conhecendo os dinossauros”. Indicada para os anos iniciais do ensino fundamental, permite identificar o conhecimento que as crianças têm sobre como é um dinossauro. Para isso, os alunos desenham um dinossauro de forma livre e espontânea. Depois, respondem o que sabem sobre as características desse animal, como o nome, o que come, como anda e como nascem os filhotes. Nesse momento, as crianças elaboram suas hipóteses sobre o que sabem dos dinossauros. Após as aulas sobre o tema, elas fazem um segundo desenho e comparam os dois.

Veja mais:

Paleontologia para além dos dinossauros: entenda a área e veja atividades para aplicar na escola

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Crédito da imagem: JoeLena – Getty Images

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