O expressionismo foi um movimento artístico que surgiu no início do século XX, principalmente na Alemanha, caracterizado pela valorização da subjetividade e pela expressão intensa de emoções, em contraste com a objetividade da realidade. Entre seus principais artistas estão Edvard Munch (1863-1944), com a obra “O Grito”, Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938), Wassily Kandinsky (1986-1944) e Egon Schiele (1890-1918). Além das artes visuais, o expressionismo também se manifestou na literatura, teatro, cinema, dança e música.
“Foi uma corrente artística que valorizou profundamente a expressão das emoções humanas. Caracteriza-se pela busca de uma arte voltada ao interior, ao subjetivo, àquilo que se sente e deseja comunicar por meio do corpo, da voz, das imagens e das sonoridades, rompendo com padrões tradicionais de representação e com uma estética puramente imitativa”, resume o pedagogo e mestre em educação musical Murilo Alves Ferraz.
“Os expressionistas evitavam qualquer acabamento que transformasse a obra em uma representação realista. Além disso, a arte expressionista apresenta características como o uso de cores complementares, contrastes, contornos escuros, pinceladas fortes e muita dramaticidade”, descreve o professor de artes na Escola Estadual Napoleão Reis, em Lamim (MG), Antônio Carlos Resende Alves.
Anita Malfatti
O expressionismo está previsto na disciplina de artes no nono ano do ensino fundamental II e no ensino médio, ampliando a compreensão de como a arte reflete sentimentos, contextos sociais e transformações históricas.
Além da turma pintores internacionais, como Edvard Munch, Alves indica trabalhar representantes brasileiros do expressionismo, como Anita Malfatti (1889-1964). Produções que merecem destaque são “O homem amarelo” (1917), “A mulher de cabelos verdes” (1915), “Tropical” (1917) e “O homem de sete cores” (1915).
“Sua obra com características expressionistas marca a ruptura com a arte acadêmica vigente no Brasil do início do século XX, pois estas apresentam grande influência das vanguardas artísticas internacionais desse período, sem perder a identidade brasileira”, opina o professor.
Antes de propor para os alunos atividades de produção artística, Alves indica trabalhar apreciação e análise das obras
“Os alunos podem identificar as características formais e estéticas das obras. Pode-se associar a atividade com a apresentação de biografias dos artistas, documentários e outros textos”.
Conheça, a seguir, cinco atividades artísticas para trabalhar o expressionismo nas aulas de artes.
1) Criação de fotogramas a partir de quadros expressionistas
Atividade sugerida no artigo “A integração entre música e teatro: uma experiência interdisciplinar a partir do expressionismo em sala de aula” (2018), de Murilo Alves Ferraz
Fotogramas são montagens de imagens ou cenas representadas com o corpo, como se fossem quadros congelados de um filme.
“Os estudantes recriam com o corpo a imagem vista no quadro expressionista e, posteriormente, acrescentam movimentos repetitivos e sons expressivos, permitindo que som e gesto se conectem ao conteúdo emocional da obra”, aponta Ferraz.
2) Criação conjunta de pintura e poema expressionista
Sugestão da professora de artes da rede estadual do Paraná Sonia Maria Furlan Sossai, relatada, no artigo “Estudo do movimento expressionista a partir da utilização de recursos tecnológicos” (2012).
“Pensando na arte expressionista, crie uma composição usando as cores prediletas dos artistas expressionistas. Use lápis de cor ou giz de cera. Enquanto realiza a atividade, a cada cor que você utilizar, anote todas as suas impressões e sentimentos usando palavras-chave”, explica.
“Após terminar seu desenho, crie um poema expressionista com as palavras-chave que traduzem seus sentimentos”.
3) Retrato da imigração
Proposta de Alves, atividade resgata a representação de imigrantes que chegavam ao Brasil no início do século XX por Anita Malfatti, como o indivíduo da pintura “O homem amarelo” (1915/16), que representa um imigrante italiano. “No tratamento dado à figura, ela inova na composição e no uso das cores; figura e fundo são tratados com a mesma intensidade”, enfatiza Alves.
“Para os alunos, proponha que eles, seguindo o exemplo da artista, representem em uma pintura a nova cara do Brasil”.
4) Autorretrato expressionista
Atividade inspirada no “Autorretrato”, de Anita Malfatti (1922). “A artista não teve preocupação em produzir seu retrato de forma realista, tanto em relação à forma quanto em relação às cores. Para os alunos, sugira: seguindo seu exemplo, retrate-se por meio de um desenho ou pintura. Tente reproduzir características físicas e subjetivas”, propõe Alves.
5) Excursão às montanhas”
Proposta de Ferraz, nessa atividade os alunos leem pequenas frases do texto “Excursão às montanhas”, de Franz Kafka (1883-1924). “Os alunos leem variando timbres, intensidades e emoções, inclusive realizando a experiência vendados para sentir a recepção do som como estímulo corporal”, recomenda.
“Há ainda a exploração de sonoridades com o corpo e com objetos simples, como bexigas, que se relacionam diretamente com a quebra de padrões estéticos e com a valorização da expressividade no expressionismo”, acrescenta.
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Crédito da imagem: Ariel Skelley – Getty Images
