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A série de livros “Brincando com a Gramática” tem o objetivo de tornar o processo de alfabetização mais divertido. O primeiro livro lançado, “Juntinhas e Abraçadinhas”, trata das palavras compostas: quando duas ou mais palavras se juntam para significar uma coisa só.

“Nesse primeiro livro, eu fiz ‘quase-haikais’, porque o haikai tem as 17 sílabas. E eu chamo de ‘quase-haikais’ porque alguns têm as 17 sílabas e outros não, mas eles respeitam mais ou menos a estrutura do haikai, e são poemas curtinhos que brincam com as palavras compostas, como ‘o cata-vento soprou o tempo’, ‘o guarda-chuva choveu na luva’”, explica o contador de histórias, escritor e idealizador da coleção Giba Pedroza.

Aprender brincando

No final do livro há uma série de atividades para serem desenvolvidas em sala de aula para que as crianças continuem a aprender ao brincar com as palavras compostas.

“Tem uma atividade que é buscar palavras que não estão no livro e tentar criar poemas com elas também: ‘Que tal escrever seu próprio poema para cada uma delas?’. Tem as palavras que estão no livro, mas que não ganharam poemas. Algumas palavras a gente colocou soltas só para que elas figurassem no livro”, conta Pedroza.

No áudio, o autor compartilha outras brincadeiras com palavras compostas que estão no livro e são indicadas para a utilização em sala com os alunos dos primeiros anos do ensino fundamental.

Clique no botão acima e ouça a íntegra da entrevista.

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Crédito da imagem: Freepik.com

Transcrição do Áudio

Música: “Family Montage” (Biz Baz Studio) fica de fundo

Giba Pedroza:

Como contador de histórias, escritor, devorador de livros, de conto, de poesia, a gente é apaixonado pela palavra escrita, falada, cantada.

Mas eu acho que as palavras compostas, elas entram com força mesmo no segundo ou no terceiro ano do ensino fundamental. Já dá para brincar bastante com as palavras compostas. O livro é para crianças numa faixa etária de sete até nove, 10, 11 anos.

Meu nome é Giba Pedrosa, eu sou escritor, roteirista de programas de rádio e TV, acima de tudo, contador de histórias, apaixonado pela tradição oral, pela cultura popular. Também me considero maestro de silêncios e alongador de abraços.

Vinheta: Livro Aberto – Obras e autores que fazem história

Música de Reynaldo Bessa, instrumental, fica de fundo

Marcelo Abud:

A série “Brincando com a Gramática” mergulha em temas da língua portuguesa por meio de poesia. O primeiro livro, “Juntinhas e Abraçadinhas”, é destinado à alfabetização nos primeiros anos do ensino fundamental. A proposta é que as crianças aprendam ao brincar com as palavras compostas.

Giba Pedroza:

Então, a ideia é que cada livro fale sobre um assunto ligado à gramática, sobre um tema ligado à gramática, à língua portuguesa de uma forma geral, ligado à palavra, na verdade. E cada livro vai tratar de um assunto com um formato diferente de poesia. E para o primeiro… “Juntinhas e Abraçadinhas” é um livro que a gente fala das palavras compostas, que são aquelas palavras: “guarda-chuva”, “guarda-sol”, “vagalume”, “cata-vento”.

Eu pensei de, já que era um livro de poesia, que as palavras compostas se apresentassem na primeira pessoa, e ficou uma coisa bem divertida assim. E aí depois eu exploro essas palavras em forma de poesia. E a cada livro também eu trabalho com um tipo de poesia. Nesse primeiro livro, eu fiz “quase-haikais”, porque o haikai tem que ter aquela coisa das 17 sílabas. E eu chamo de “quase-haikais” porque alguns têm as 17 sílabas e outros não, mas eles respeitam mais ou menos a estrutura do haikai e são poemas curtinhos que brincam com as palavras compostas, como “o cata-vento soprou o tempo”, “o guarda-chuva choveu na luva”.

Cada palavra eu escolhi criar uma imagem diferente através desses haikais.

Marcelo Abud:

Pedroza lê a abertura do livro, em que é possível ter uma ideia de como as palavras compostas se apresentam. Durante a entrevista, Olívia, a filha do escritor a quem o livro é dedicado, esteve juntinha e abraçadinha com o pai. Por isso, de vez em quando, você vai ouvir a voz dela.

Som de página de livro sendo virada

Giba Pedroza:

Nós somos assim, separadas, cada uma tem um fim

Quando dita sozinhas, sem estar lado a lado

Uma significa “assim” e a outra “assado”.

No dicionário, cada uma fica lá no seu cantinho

Mas quando nos encontramos no meio do caminho

Nos juntamos, dançamos e brincamos com emoção

Quando nos abraçamos, estamos em “aglutinação”

Quando nos damos as mãos, estamos em justaposição

(Olívia: O que que é aglutinação? Giba: Quando as palavras estão juntinhas)

E aí juntas podemos ser “assim assado”

E “assado assim” também

Andamos grudadinhas ou separadas pelo hífen

Nós somos as palavras compostas

E pra mostrar que vivemos além desta serventia

Aqui neste livro nos abraçamos para brincar de poesia.

(Olívia – com empolgação: “Nos abraçamos para brincar de poesia!”)

Marcelo Abud:

O livro traz ainda uma série de atividades que Giba Pedroza sugere que sejam propostas para crianças entre sete e 10 anos de idade.

Giba Pedroza:

Quando o livro foi sendo feito, apareceu essa ideia também de sugerir algumas brincadeiras, mantendo o mesmo clima do começo – da abertura do livro. Essa apresentação vai estar norteando o trabalho dos professores o tempo todo, porque no começo eu, sinteticamente, eu já explico, né? Quando a gente está juntinhas e bem abraçadinhas, estamos em aglutinação. Quando a gente se dá as mãos, a gente está em justaposição. E às vezes nós estamos separadas pelo hífen também.

Tem várias situações em que as palavras compostas aparecem, como “catavento”, que é tudo junto; “guarda-sol” tem o hífen e é bacana que o professor pode explorar isso em sala de aula também.

Som de página de livro sendo virada

Giba Pedroza:

E aí, como as palavras compostas se apresentaram no início, né, aí no final elas dizem assim, “Agora que você já nos conhece, pode fazer estripulias divertidas e aprender mais com a gente. Pegue papel, canetas, canetinhas, lápis e borrachinha e não rabisque esse livro, se não a gente fica triste”.

E aí vem as palavras compostas com várias atividades, como a criança cria novas palavras compostas, não é? Como “guarda-roupa”, “peixe-espada”, e aí você brinca, “peixe-roupa”, “roupa-peixe”, “guarda-espada”, “guarda-peixe”.

Marcelo Abud:

Outra brincadeira sugerida é que as crianças desenhem os objetos e bichos que inventarem. No livro, há a ilustração de um “peixe-roupa”, por exemplo.

Giba Pedroza:

Tem uma outra atividade bem bacana também, que é: “Que tal a gente desenhar as coisas e os bichos que inventamos?” Aí a criança vai juntando duas palavras. Por exemplo, ela pega a palavra ameixa e a palavra cobra e cria uma palavra composta com ameixa e cobra, é uma cobra-ameixa e aí vai criar um desenho super original; pega a palavra “mar” e junta com a palavra “gato”. Imagina um “gato-mar” ou um “mar-gato”.

Tem uma outra atividade que é buscar palavras que não estão no livro e tentar criar poemas com elas também: “Que tal escrever seu próprio poema para cada uma delas?”. Tem as palavras que estão no livro, mas que não ganharam poemas, algumas palavras, a gente colocou soltas só para que elas figurassem no livro. Essa aqui é a que eu mais gosto: “Vagalume”. Vagalume não tem poesia, a gente propõe que a criança crie a sua própria poesia também. “Procure outras palavras e continue a criar seus poemas. Não tem limite ou restrição para as palavras se juntarem e se abraçarem”.

E este livro é isso, uma celebração, uma festa, um quintal onde as palavras podem se encontrar.

Som de página sendo virada

Marcelo Abud:

“Juntinhas e Abraçadinhas” conta com ilustrações da arquiteta e ilustradora Cecília Murgel. Ela criou os dois personagens que vão estar em todos os livros da coleção.

Giba Pedroza:

Ela representou as palavras através destes dois personagens. Eles são acrobatas de circo, trapezistas, eles são, enfim, eles estão com uma roupa que é um collant quase de artista de circo mesmo, né, de palhaço, de acrobata, e eles brincam o tempo todo. Eles vão passeando pelos poemas. É superdivertido assim a presença deles, né?

Todos os livros terão esses personagens. Eles vão voltar nas palavras homônimas, só que eles vão mudar de roupa a cada livro. Nas palavras homônimas, eles vão estar com uma roupa semelhante, tipo gêmeos quando se vestem para sair na rua.

Som de página de livro sendo virada

Marcelo Abud:

Giba Pedroza já está trabalhando no próximo livro da série “Brincando com a Gramática”. Ele antecipa o assunto e o caminho da nova obra, ainda sem data prevista para lançamento. Para falar de palavras homônimas, o autor vai utilizar limeriques, que são poemas curtos e bem-humorados.

Giba Pedroza:

Eu já estou trabalhando no segundo volume, que vai falar das palavras homônimas, que é manga, a manga de camisa, né, e a manga fruta. Concerto com “c” e conserto com “s”, né, que eu explico também os diferentes tipos de palavras homônimas.  Eu já trabalhei um outro tipo de poemas, que são os limeriques – que a nossa querida Tatiana Belinky trouxe pro Brasil e celebrizou aqui –, que eu criei umas situações “non senses”, assim, onde essas palavras causam muita confusão.

Onde a gente coloca “O Chico comigo sempre se zanga, não é, quando eu quero comer a manga. Ele fica bravo, achando, mas não precisa, não é a manga da camisa. Eu estou falando da manga que tem no seu quintal”.  É mais ou menos isso, são os poeminhas que vão brincando assim com as palavras homônimas, que o Chico acha que eu vou morder a camisa dele, eu quero morder a manga da mangueira no quintal da casa dele.

Música de Reynaldo Bessa, instrumental, fica de fundo

Marcelo Abud:

“Juntinhas e Abraçadinhas” e os demais livros que farão parte da série “Brincando com a Gramática” podem ajudar no aprendizado da língua portuguesa de maneira lúdica e envolvente.

Marcelo Abud para o Livro Aberto, do Instituto Claro.

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