“Na escola pública, você tem uma variedade muito grande de cultura, criações, concepções.
Eu acho que isso também é importante.”
(Lilian Toyota, professora e mãe)
A professora Ana Claudia Ferreira e a turma do 2º ano da EE Nossa Senhora do Retiro. A escola fica localizada em Pirituba, Zona Norte de São Paulo (Acervo Pessoal Ana Claudia Ferreira)
Em momentos de crise financeira, algumas mudanças se fazem necessárias para o equilíbrio orçamentário das famílias. A troca da escola particular para a pública é uma das escolhas capazes de favorecer o orçamento, mas nem sempre é vista com naturalidade pelos pais e alunos. Afinal, o discurso corrente coloca as instituições públicas como necessariamente menos qualificadas do que as privadas. Mas será que esse cenário é real para todas as situações? Poderiam ser observados benefícios nessa transição, inclusive no que se refere à aprendizagem?
Colocamos esse tema em pauta com a educadora Ana Claudia Ferreira, da Escola Estadual Nossa Senhora do Retiro, que fica quase na divisa entre Pirituba e Freguesia do Ó, zona norte de São Paulo. Segundo a professora, por não estar em uma região central, essa escola teve um pequeno aumento de alunos vindos da rede privada (cerca de 5%), em 2017. A principal causa que ela e os demais professores da escola veem para essa migração é a dificuldade no aprendizado. “Eu fiz uma leitura de que há uma pressão da rede particular para que esses alunos saiam da rede privada, por conta de provas, média de notas e qualidade das escolas”.
Mãe de Caio, de 16 anos, a também professora Lilian Toyota mudou o filho para a rede pública quando ele ingressou no 2º ano do ensino médio. O ponto de partida para essa decisão foi a situação financeira, mas a escolha se deu também porque ela vê a rede pública como uma porta de entrada para as Etecs (Escolas Técnicas Estaduais), caminho que Caio pretende seguir.
Depois de um tempo em contato com o novo ambiente, confirmam-se algumas defasagens, mas também há a percepção de pontos positivos. “O Caio elogia a escola, gosta bastante da dinâmica dos professores e do que é ofertado”, ressalta Lilian.
O maior aprendizado, no entanto, notado por pais e filhos, é que escolas estaduais e municipais, por possuírem um público mais diversificado, ensinam crianças e jovens a conviverem com outras realidades, o que pode fazer com que cresçam com menos preconceitos.
Créditos:
As músicas utilizadas na edição do áudio, por ordem de entrada, são: “O eterno Deus Mu dança” (Gilberto Gil / Celso Fonseca), com Gilberto Gil; “Linda juventude” (Flávio Venturini / Márcio Borges), com 14 Bis; “Normal é ser diferente” (Jair Oliveira), com Grandes Pequeninos.
Links:
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