“É preciso ampliar a base, ampliar as portas de acesso, sem perder a qualidade”,
defende Bucci (Crédito: Miriam Zomer/Agência AL)
O jornalista e professor da Escola de Comunicação e Artes (ECA), da USP, Eugênio Bucci partilha a sua visão sobre o ensino público no Brasil. Filho de professora de português do antigo ginásio da rede estadual, Bucci cresceu em Orlândia, interior de São Paulo, e sempre estudou em escola pública, do jardim da infância à livre-docência. No áudio, reflete sobre a deterioração das instituições e a desvalorização de seus profissionais.
Ele lembra que o salário da mãe era compatível com o do pai, procurador do Estado. “Com o tempo, o salário do meu pai tinha aquelas correções, reposições salariais, e o dos professores foi sendo sucateado. Ao longo do meu crescimento, eu vi essa distância se abrir”, constata. Mas não foi somente a remuneração que diminuiu. O desmantelamento das escolas públicas é resultado da política (ou da falta dela) implementada por sucessivos governos estaduais e federais, desde a ditadura militar. “O Brasil destruiu algo que tinha sido um pilar fundamental no desenvolvimento nacional, no desenvolvimento da cultura”, afirma.
Veja também:
– Ditadura impediu avanço social e educacional no país
Para Bucci, o argumento de que a escola do seu tempo de infância era para poucos e que a de hoje é democrática por abranger número maior de alunos, portanto melhor, não se sustenta. Ele esclarece: “eu acho muito bom que todo mundo tenha acesso à educação, principalmente à educação pública, mas isso nunca poderia ter sido feito cobrando o preço da perda de qualidade no grau que aconteceu”.
LINKS
– Saiba mais sobre a relação de Eugênio Bucci com a escola pública em seu texto publicado na Revista Época;
– Leia uma reportagem sobre o movimento dos estudantes de ocuparem as escolas públicas;
– Acompanhe entrevista com líder de ocupações em SP, que afirma que a escola pública nunca mais será a mesma após os atos;
Créditos: pela ordem de entrada, as músicas utilizadas no áudio são: “Comida” (Arnaldo Antunes/Marcelo Fromer/Sérgio Britto) interpretada pelo Titãs, “Assaltaram a Gramática” (Luiz Roberto Garcia), pelo Paralamas do Sucesso, “Miséria” (Paulo Miklos/Sergio Britto/Arnaldo Antunes) com o Titãs e “Linhas Tortas”, composta e interpretada por Gabriel O Pensador.