O risco de evasão escolar no ensino médio e superior após a quarentena é alto, como aponta o levantamento “Juventudes e a Pandemia do Coronavírus”, lançado nesta terça-feira (23/6). Promovida pelo Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), a pesquisa mostrou que 28% dos estudantes estão cogitando não voltar para a escola quando a pandemia acabar. Além disso, 49% dos que planejavam prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pensam em desistir.

Para compor os resultados, foram ouvidos 33.688 pessoas de 15 a 29 anos de todas as regiões do Brasil. Os questionários foram disponibilizados online no período entre 15 e 31 de maio de 2020. As perguntas abordavam economia, saúde e bem-estar, educação e perspectivas para o futuro. Quanto ao perfil, a maioria dos entrevistados estava no ensino médio ou na faculdade e apresentava conexão direta ou indireta com redes de jovens e instituições que atuam com esse público. Também possuíam como diferencial o acesso a equipamentos, conexão com a internet e domínio de leitura.

Segundo o vice-presidente do Conjuve, Marcus Barão, a pesquisa identificou a perda de renda da família e questões emocionais provocadas pela pandemia como o principal motivo para um possível abandono. Quatro em cada dez afirmaram ter diminuído ou perdido ganhos, e metade mencionou que seus parentes tiveram redução de salário. Diante dessa realidade, 33% dos participantes relatam buscar maneiras de complementar as finanças.

“Conversei com uma estudante cuja família estava vivendo com a renda emergencial de R$ 600 disponibilizada pelo governo. Se o benefício fosse cortado, ela disse que passaria fome”, exemplifica Barão.

Seis em cada 10 ouvidos relataram alteração em sua carga de trabalho desde o início da pandemia, que poderia incluir demissão, parada temporária e maior ou menor volume de trabalho.

Para Barão, a perspectiva do abandono escolar em larga escala será crítica para o país. “Temos, hoje, a geração com mais jovens. A garantia de direitos e políticas públicas para essa população é o que fará uma segunda metade de século mais próspera para o Brasil”, analisa.

“Contudo, tínhamos grandes desafios que são agravados pela realidade atual, como praticamente o dobro de desemprego entre os jovens quando comparado com a média da sociedade em geral” compara.

Impacto emocional

As emoções também afetam o engajamento do jovem na educação e suas esperanças para o futuro, com 34% deles afirmando estarem pessimistas sobre os próximos anos e 72% que a pandemia vai piorar a economia brasileira.

“A inserção no mercado de trabalho afetada reflete na frustração de sonhos e, consequentemente, também na saúde mental”, pontua Barão.

Ainda sobre o emocional, sete em cada 10 entrevistados garantiram que seu estado de ânimo piorou por causa da situação de calamidade, sendo ansiedade, tédio e impaciência os sentimentos mais recorrentes.

Já em um viés mais positivo, 48% acreditam que surgirão novas formas de estudar, mais dinâmicas e acessíveis; 96% confiam na descoberta da vacina contra o coronavírus; 44% acham que a sociedade vai reconhecer os educadores; 46% preveem ciência e pesquisa valorizadas; e 48% que as relações humanas e a solidariedade receberão mais atenção.

O levantamento do Conjuve foi realizado em parceria com Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Mapa Educação, Porvir, Rede Conhecimento Social, Unesco e Visão Mundial.

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Crédito da imagem: reprodução “Juventudes e a Pandemia do Coronavírus”

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