Transformar o aluno em protagonista de seu processo de aprendizagem. Esse é o objetivo das metodologias ativas, nome dado aos modelos de aprendizagem – incluindo aqueles que envolvem as tecnologias digitais – nos quais o ensino deixa de ser centrado na mera transmissão de conhecimento do professor para o aluno.

“O papel do educador nesses casos é mais de estimular as competências dos alunos do que transmitir a informação: a informação em si hoje já está disponível na Internet”, diferencia o professor de Novas Tecnologias da Universidade de São Paulo (USP),  José Manuel Moran.
Para Moran, o conteúdo continua sendo relevante, mas dentro de um contexto de ação. O aluno é estimulado a partir de um projeto ou problema, para o qual precisa pesquisar, discutir, pensar soluções e apresentar propostas.
“Não é só o projeto pelo projeto, nem o conteúdo pelo conteúdo. A atividade deve dar conta de apresentar ao aluno conteúdos que a sociedade espera que ele aprenda nesse momento de seu currículo, mas de uma forma participativa”, explica. O resultado é um maior envolvimento do estudante no processo. “O projeto pode ser dado a partir de um problema real, vivenciado pelo aluno ou sua comunidade, ou por meio de situações lúdicas”, complementa Moran. Um exemplo de metodologia ativa é o ensino híbrido – abordagem que integra o ensino presencial e online, promovendo diferentes experiências de aprendizagem aos estudantes.
Tecnologia = personalização
Não é por  acaso que as tecnologias digitais são consideradas recursos importantes nos modelos de aprendizagem ativa. “Primeiramente, porque facilitam o acesso online e via celular dos conteúdos. Para completar, proporcionam personalização no percurso de aprendizagem. É possível registrar, acompanhar e avaliar o processo de cada aluno ou de grupos no espaço digital”, explica José Manuel Moran.
“A forma de ensinar e aprender atual muitas vezes desconsidera as diferenças dos estudantes. Personalizar o ensino é uma forma de, após identificar dificuldades e facilidades do aluno, agir integrando diferentes recursos para que ele aprenda mais e melhor”, destaca Lilian Bacich, coordenadora de pós-graduação e pesquisa no Instituto Singularidades. A educadora ministrará a oficina “Educação na cultura digital: metodologias ativas e ensino híbrido”, no XV Congresso Internacional de Tecnologia na Educação”, que ocorre em Pernambuco, no dia 21 de setembro de 2017.
No ensino híbrido, estão enraizadas as ideias de que não existe uma forma única de aprender e que a aprendizagem é um processo contínuo. “Dessa forma, além do uso de variadas tecnologias digitais, o indivíduo interage com o grupo, de forma presencial ou online, intensificando a troca de experiências”, sintetiza.
Mudança de papéis 
Assim como ocorre com os alunos, os professores também passam a exercer novos pepeis. “O educador  aproveita o momento presencial com aluno não para informar, mas para orientar. Assim ajuda o estudante a ir além do que iria sozinho ou apenas com o apoio dos colegas. O professor pode ainda pensar as experiências dos alunos e sugerir novas questões de forma estratégica, no momento certo, de acordo com o ritmo de cada educando. Por esse motivo, é um processo mais complexo do que os modelos tradicionais, de aprendizagem vertical”, sintetiza Moran. “O momento presencial, deve ser de aprofundamento do que já foi pesquisado. Não destinado à esclarecer questões básicas”, diferencia o educador.
Para Lilian Bacich, não se trata mais de falar em capacitar o professor para o uso das tecnologias digitais, mas discutir “como” ele pode fazer isso. “De que maneira ele pode inserir as tecnologias digitais em seu planejamento? A intenção não é oferecer receitas prontas, mas, ‘empoderá-lo’ para que, conhecendo diferentes formas de integração das tecnologias digitais na sala de aula, selecione aquelas que mais atendem aos seus propósitos”, finaliza.
Assim, o planejamento das aulas se torna o desafio principal para o professor. “O papel do educador é essencial na organização e no direcionamento do processo. O objetivo é que, gradativamente, ele planeje atividades que possam atender às necessidades da turma. É importante que o processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma colaborativa, com foco no compartilhamento de experiências e na construção do conhecimento por meio das interações com o grupo”, reforça Lilian.
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