A observação de figuras pode ser uma boa ferramenta na alfabetização de crianças surdas. Esse foi um dos apontamentos do trabalho de conclusão de curso de licenciatura em pedagogia de Thatiane Fernandes Duarte, pela Fundação Santo André (FSA).
Intitulado “Alfabetização de surdos: práticas pedagógicas e observação discente”, a pesquisa teve como objetivo caracterizar metodologias utilizadas no ensino da língua portuguesa na modalidade escrita para esses alunos. O português escrito ou oral é reconhecido pela Lei 10.436, de 24 de abril, de 2002, como a segunda língua do surdo no país, sendo Libras (Língua Brasileira de Sinais) a oficial.
Para a pesquisa, a pedagoga observou 14 aulas dadas a estudantes surdos de 4º e 5º anos (faixa etária de 9 a 13 anos), de um polo bilíngue da Grande São Paulo. A estudante aplicou testes de avaliação de leitura de palavras e frases, além de compreensão de orações e elaboração de texto a partir de sequência de figuras, aos alunos; e questionários, ao professor, coordenador pedagógico e pais.
“Tendo em vista que a cultura surda é visual, a imagem se torna fundamental no processo de alfabetização, pois dá subsídios para a compreensão dos conteúdos e extrai significados, de maneira reflexiva. Para tanto, os docentes precisam empregar imagens que possam desencadear produções contextualizadas, que levam o aluno a entender a escrita como forma de comunicação efetiva”, analisa, recomendando o uso de datashow e de cartazes como forma de contribuir para o desenvolvimento das aulas.
“É importante também fazer a leitura dos diversos gêneros textuais em Libras, entendendo que o aprendizado da língua portuguesa para o surdo deve ocorrer como uma segunda língua. Pode-se ainda discutir conceitos que surgem durante essa atividade, para que os alunos reflitam sobre os conteúdos apresentados e se tornem atores de seu próprio processo de aprendizagem”, orienta.
Interlocução é importante
Outra conclusão do estudo foi o fato de que o desconhecimento da Libras pelos pais influi negativamente no processo de aquisição da língua portuguesa pelos filhos como segunda língua. Além disso, a falta de diálogo com outros interlocutores surdos resulta no baixo desenvolvimento da linguagem.
“Os professores precisam ter disponibilidade e domínio da Libras para desenvolver uma comunicação efetiva com esse estudante e contribuir para seu desenvolvimento. Para completar, é importante que o aluno surdo tenha contato com adultos com essa deficiência, pois é por meio dessa interação que a criança se apropriará dessa cultura. Divulgar a língua de sinais e promover oficinas de Libras nas escolas ajudaria a aumentar o número de interlocutores”, recomenda.
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Crédito da imagem: Jovanmandic – iStock
Parabéns pela matéria e muito bem colocado “é importante que o aluno surdo tenha contato com adultos surdos”, esse contato faz toda a diferença no desenvolvimento e motivação do aluno surdo.
O projeto Surdo para Surdo tem alguns depoimentos de mães, contando sobre a experiência dos seus filhos surdos terem aulas com professores surdos:
https://surdoparasurdo.com.br/aulas-particulares-criancas-surdas