O patrimônio afro-brasileiro reúne um conjunto amplo de bens culturais materiais e imateriais que expressam a influência africana em diferentes dimensões da vida no Brasil, como o idioma, a música, a culinária e a religião. A capoeira integra esse patrimônio porque surgiu das vivências de africanos escravizados e de seus descendentes, que combinaram gestos de defesa e musicalidade para criar uma forma própria de convivência e resistência.
Hoje reconhecida como um dos símbolos da cultura brasileira, a capoeira enfrentou intensa perseguição, sobretudo na passagem do Império para a República, quando foi associada à vadiagem e à violência. Esse processo levou à sua criminalização no Código Penal de 1890. Ao ser trabalhada na escola, ela abre caminhos para compreender como grupos negros elaboraram estratégias de resistência, criação e sociabilidade mesmo diante de restrições e repressões, até sua transformação em arte marcial, prática esportiva e proposta educativa.
A seguir, apresentamos quatro livros que ajudam o professor a abordar a capoeira como patrimônio afro-brasileiro. As obras reúnem informações sobre como práticas corporais, musicais e históricas ligadas à capoeira contribuíram para ampliar a presença social e política da população negra no país, consolidando uma expressão cultural que atravessou séculos e continua em constante reinvenção.
O tema ainda ajuda a contemplar a Lei nº 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira em todas as escolas da educação básica.
A capoeira pelas lentes da pesquisa histórica: olhares e fatos
Denise de Almeida Oliveira e Luís Vitor Castro Júnior (Autor), EDUFBA, 2025
Esta coletânea reúne pesquisas que abordam a capoeira sob diferentes enfoques históricos, examinando sua formação, seu processo de expansão e sua relação com a cultura popular brasileira. Os capítulos analisam como a prática se consolidou em cidades como Feira de Santana (BA), Vitória da Conquista (BA) e Rio de Janeiro (RJ), destacando elementos como oralidade, memória, musicalidade e modos de representação social.
Capoeira e educação pós-colonial: ancestralidade, cosmovisão e pedagogia freiriana
Ernersto Jacob Keim e Carlos José Silva, Paco Editorial, 2012
O livro apresenta a capoeira como uma linguagem construída por movimentos interculturais e de resistência anticolonial. Ao analisar sua trajetória — de arma mortal a prática defensiva, esportiva e artística — a obra discute como saberes marginalizados ganham credibilidade, espaço e potência transformadora.
Capoeira em múltiplos olhares: estudos e pesquisas em jogo
Antônio Liberac Cardoso Simões Pires e outros, Fino Traço, 2020
Os trabalhos reunidos no livro mostram que as práticas da capoeira atravessam diferentes grupos sociais e espelham a própria sociedade brasileira. Eles passam pelo enfrentamento contra a repressão da prática prevista no Código Criminal de 1890 até a transformação da capoeira em arte marcial, esporte e prática educativa.
Capoeira: uma herança cultural afro-brasileira
Letícia Vidor de Souza Reis e Elisabeth Vidor, 2013
Embora hoje seja reconhecida como um dos grandes símbolos da cultura brasileira, a capoeira foi duramente perseguida, especialmente na transição do Império para a República, quando era associada à vadiagem e à violência. O livro examina suas raízes sociais e culturais, mostrando como essa prática ajudou a população negra a ampliar sua presença política e social no país.
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