Publicado em
6 de junho de 2016
Evento de lançamento em São Paulo da 4ª pesquisa Leituras no
Brasil, no final de maio (Crédito: divulgação)
Brasil, no final de maio (Crédito: divulgação)
A 4ª edição da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil revelou dados alarmantes sobre o envolvimento dos professores com a literatura. Apesar de 65% afirmarem gostar muito de ler, 50% responderam não ter lido nenhum título recentemente. Além disso, 22% citaram a Bíblia como o último livro lido. Outros livros que figuraram na lista dos professores foram "Esperança", "O Monge e o Executivo", "Amor nos Tempos de Cólera", "Bom dia Espírito Santo", "Livro dos Sonhos", "Menino Brilhante", "O Símbolo Perdido", "Nosso Lar", "Nunca Desista dos Seus Sonhos" e "Fisiologia do Exercício".
Realizada pelo Ibope por encomenda do Instituto Pró-Livro, o estudo envolveu cinco mil entrevistados de diferentes faixa etárias e de todas as regiões do país. Foi considerado “leitor” quem leu, inteiro ou em partes, pelo menos um livro nos últimos três meses.
Os professores também aparecem em segundo lugar como grandes incentivadores da leitura (7%), perdendo apenas para a mãe ou responsável do sexo feminino (11%). Entretanto, o índice de livros lidos nos últimos três meses por indicação da escola caiu de 0,81 para 0,66, entre 2011 e 2015.
“Infelizmente, a formação leitora nas escolas não está consistente. A pesquisa retrata que é necessário apresentar uma escola mais atrativa. A escola ainda não desempenha adequadamente o papel de formar novos leitores e falta o papel do professor-leitor”, opina a coordenadora da pesquisa, Zoara Failla.
Mais leitores no Brasil
O número de leitores cresceu 6% entre 2011 e 2015, atingindo a casa de 56%. Atualmente, o brasileiro lê 4,96 livros por ano, contra 4 da pesquisa anterior (2011). Desses, 0,94 são indicados pela escola e 2,88 lidos por vontade própria.
“O que pode explicar a elevação nos indicadores de leitura é o nível de escolaridade. O percentual de pessoas não alfabetizadas ou que não frequentaram a escola formal entre 2007 e 2014, segundo a PNAD, caiu de 12% para 9%. Em contrapartida, aumentou o número de brasileiros com ensino superior e ensino médio”, contextualiza Zoara.
A Bíblia também foi o livro mais citado em todos os segmentos da pesquisa. “Se analisarmos a lista de livros de literatura, também identificamos obras que, apesar de ficção inspira–se em temas religiosos de diferentes crenças: católicos, espíritas ou, evangélicos. O crescente número de publicações de autores padres ou evangélicos é uma resposta do mercado que já se atentou para o fenômeno. O aumento na menção à Bíblia possivelmente se deve ao aumento de evangélicos no país”, destaca.
Os dados apresentados pelo IPL confirmam ainda que quanto maior o nível de escolaridade do respondente, menores são as proporções de motivações de leitura ligadas à “exigência escolar” ou a “motivos religiosos” e, maiores são as menções a “atualização cultural ou de conhecimento geral”.
Acesso ao livro
Cerca de metade dos entrevistados indicaram o empréstimo – seja com parentes ou bibliotecas – como principal acesso ao livro. Nos últimos três meses – somente 26% dos entrevistados informam ter comprado algum título. Dos livros comprados por vontade própria, 16% eram em papel e 1% em formato digital – sendo que a maioria dos leitores de livros digitais baixam os livros gratuitamente.
Também, a leitura está em décimo lugar entre as atividades preferidas do brasileiro em seu tempo livre; em primeiro consta ver televisão. Representações negativas da leitura, como ocupar muito tempo, ser cansativa e obrigatória, são mencionadas em proporções menores que as positivas. Mas a associação à atividade prazerosa também é pouco citada (13%). A falta de tempo é o principal motivo alegado para não ter lido ou não ter lido mais.
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