Terra de Lev Tólstoi, Fiódor Dostoiévski, entre outros clássicos, a literatura russa tem obras que mergulham em profundas discussões sobre a existência humana, trazendo personagens e suas emoções, anseios e angústias, em cenários que vão desde a Rússia Imperial até os tempos contemporâneos, passando pelo período soviético. Elas apresentam, assim, um panorama social, histórico e cultural do país.
A lista não esgota nem em autores e nem obras. Além dos clássicos, há romances, novelas, prosas e poesias. Confira!
Nova antologia do conto russo (1792-1998)
Editora 34, 2011
Composta quase só de obras inéditas em português, o volume é uma opção interessante para começar a mergulhar no universo da literatura russa: são 40 contos, cada um de um autor diferente, trazendo 200 anos da melhor prosa russa. Grandes clássicos estão presentes, como Aleksandr Púchkin, Nikolai Gógol, Fiódor Dostoiévski e Lev Tolstói, assim como autores contemporâneos, como Vladímir Sorókin e Tatiana Tolstaia.
Guerra e paz
Lev Tolstói, Companhia das Letras, 2017
Considerado um dos maiores romances da história, com centenas de personagens e mais de mil páginas na versão original, Guerra e paz narra a invasão das tropas napoleônicas e seu impacto brutal na vida da sociedade russa do início do século 19. Em meio a cenas de batalha, bailes da alta sociedade e intrigas veladas, Tolstói descreve uma Rússia magistral, imponente e, sobretudo, humana.
Anna Kariênina
Liev Tolstói, Companhia das Letras, 2017
Publicada originalmente no final do século 19, a obra retrata um caso extraconjugal entre a aristocrata casada Anna Kariênina e o charmoso conde Vronsky. Religião, família, política e classe social são postas à prova durante o trágico percurso traçado pela personagem, que experimenta as virtudes e as agruras de um amor profundamente conflituoso.
A morte de Ivan Ilitch
Lev Tolstói, Editora 34, 2009
Para quem não tem fôlego para os grandes romances de Tolstói (1828-1910), vale apostar nos contos e nas novelas do autor, como a “A morte de Ivan Ilitch”. Publicada originalmente em 1886, a obra traz a história de um juiz de instrução que, após ter alcançado uma vida confortável, descobre que tem uma grave doença. O personagem inicia, então, um longo processo de busca pelo sentido da vida, quando percebe que foram poucos os momentos que tiveram significado, tendo apenas reagido às necessidades impostas pela sociedade.
Indícios flutuantes (poemas)
Marina Tsvetáieva, Editora Martins Fontes, 2006
Uma das maiores poetas russas do século XX, Marina Tsvetáieva (1892-1941) tem uma obra considerada intensa e de difícil tradução. Nesta edição bilíngue (russo-português), são apresentados 61 poemas breves que melhor recriam a musicalidade e riqueza de significados da poética da autora.
A dama de espadas. Prosa e poemas
Aleksandr Púchkin, Editora 34, 2006
Autor de narrativas, teatro e poesia, Púchkin (1799-1836) é considerado um dos fundadores da literatura russa. Neste volume, formado por três novelas, quatro contos e 16 poemas, destaca-se ‘‘O negro de Pedro, o Grande’’, inspirado no bisavô do autor, de origem africana e considerado por muitos como o primeiro intelectual negro da Europa. Nele, Púchkin reconstitui, ficcionalmente, a vida e os amores de Anibal, um elegante negro dentro da aristocracia branca russa.
Noites brancas
Fiódor Dostoiévski, Editora 34, 2009
Durante uma das “noites brancas” do verão de São Petersburgo, na Rússia, o encontro de dois jovens numa ponte sobre o rio Nievá inicia uma história repleta de fantasia e lirismo. Publicado em 1848, na contracorrente de sua época que privilegiava o Realismo, este livro é, na obra de Dostoiévski (1821-1881), aquele que mais se aproxima da escola romântica, trazendo uma delicada e fantasmagórica atmosfera que envolve a trama, o cenário e os protagonistas.
Crime e castigo
Fiódor Dostoiévski, Editora 34, 2016
Obra mais célebre de Dostoiévski, Crime e Castigo conta a história de Raskólnikov, um jovem pobre e desesperado que perambula pelas ruas de São Petersburgo até cometer um crime, o qual tentará justificar por uma teoria: grandes homens, como César ou Napoleão, foram assassinos absolvidos pela história. O ato desencadeia uma narrativa labiríntica devido às reflexões referentes ao “castigo” e ao remorso sofrido pelo personagem principal após o seu crime.
O capote e outras histórias
Nikolai Gógol, Editora 34, 2010
Humorista, dramaturgo e prosador, Gógol (1809-1852) é um autor fundamental na formação da literatura russa. Neste volume, São Petersburgo e os pequenos funcionários da burocracia czarista formam o cenário de três de suas histórias mais conhecidas – “O capote”, “O nariz” e “Diário de um louco”. Já o universo rural com suas lendas e personagens míticos aparecem em outras duas narrativas do ciclo ucraniano – “Viy” e “Noite de Natal”.
Nós
Ievguêni Zamiátin, Editora Aleph, 2017
Tendo influenciado grandes clássicos como “1984”, de George Orwell, a obra é considerada a primeira “distopia” ou “antiutopia” literária. Com uma narrativa permeada pela ironia, Zamiátin (1884-1937) descreve um Estado Único que, supostamente pelo bem da sociedade, dita os horários de trabalho, lazer, refeições, entre outros, em um mundo completamente mecanizado e lógico. Privado de direitos fundamentais como a liberdade de expressão, um mundo em que pessoas não possuem nomes, mas sim números, e onde qualquer desvio é punido com a morte.
A moça do internato
Nadiêjda Khvoschinskaia, Editora Zouk, 2017
Grandes escritoras também estão entre os clássicos da literatura russa, como Nadiêjda (1824-1889), que traz a condição da mulher como um dos temas centrais desta novela, publicada originalmente em 1861. Em sua narrativa, a autora recria a tensão entre o espaço delimitado pela sociedade patriarcal às mulheres e a promissora emancipação feminina, mostrando o potencial de transformação da personagem Liôlienka.
Anna Akhmátova – antologia poética
Anna Akhmátova, L&PM, 2018
A obra de Akhmátova (1889-1966) é considerada um dos maiores testemunhos literários do sofrimento individual sob a opressão política do regime stalinista. Com uma linguagem concisa, direta e despida de ornamentos, neste volume o leitor irá conhecer clássicos como “Poema sem herói”, escrito durante a Segunda Guerra Mundial, e considerado pela autora como o coroamento de sua obra.
Homens interessantes e outras histórias
Nicolai Leskov, Editora 34, 2012
Considerado um dos maiores contistas russos de todos os tempos, Nikolai Leskov (1831-1895) explora a tênue fronteira entre a magia e a realidade. Nesta coletânea, os sete contos reunidos abarcam as principais facetas da produção do autor, todos profundamente enraizados no solo russo, em suas tradições, linguagens e figuras humanas, transitando de modo surpreendente por vários planos da realidade.
A estepe (história de uma viagem)
Anton Tchékhov, Penguin e Companhia das Letras, 2015
Conhecido por expressar a interioridade e as contradições do ser humano de um modo sensível e profundo, Tchékov (1860-1904) valoriza o cotidiano e a vida de pessoas simples do interior. Em “A estepe” – sua primeira narrativa mais extensa -, o autor traz a viagem do pequeno Iegoruchka, que deixa sua vila para ingressar na escola em uma cidade distante. Sob o clima árido da estepe russa, trata-se de uma jornada de profundas experiências que marcam a passagem da infância à adolescência.
Poesia russa moderna
Editora Perspectiva, 2002
Cobrindo um arco temporal que vai do Simbolismo até as tendências modernas e contemporâneas, esta antologia clássica traz ao leitor a palavra e o som da poesia russa, na especificidade de seus jogos verbais, métricos e musicais.
O que vou ser quando crescer?
Vladimir Maiakovski, Boitempo Editorial, 2017
Indicado para crianças a partir dos 8 anos, a obra é um livro-poema escrito por Vladimir Maiakóvski publicado pela primeira vez em 1932, dois anos após sua morte. Em versos rimados e dispostos da forma característica do movimento concretista, o poema atiça a curiosidade do pequeno leitor ao brincar com as principais facetas de diferentes profissões. O volume também inclui um roteiro com sugestões de atividades sobre temas que podem ser realizadas tanto no ambiente escolar quanto em casa.
* Colaborou Eva Leones, doutora em teoria literária e literatura comparada pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em teoria da literatura pela Universidade de Brasília (UnB).
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