A população carcerária do Brasil é significativa. São cerca de 773 mil pessoas atrás das grades de acordo com dados de 2020 do Infopen — sistema de informações estatísticas do sistema penitenciário brasileiro. A reinserção dos egressos —como são chamado os ex-presos — por meio de oportunidades no mercado de trabalho e educação continua sendo um desafio.
Uma das complicações é o preconceito da sociedade em relação ao preso. Também pesa a ineficácia de políticas públicas dentro e fora das prisões, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). As organizações da sociedade civil têm sido um caminho alternativo para a inclusão social dos libertos.
Leonardo Precioso é fundador do Instituto Recomeçar, que tem como foco reintegrar egressos de penitenciárias em situação de vulnerabilidade. Hoje, a instituição tem parceria com mais de vinte empresas que dispõem vagas para egressos, além de filiais em Recife (PE) e Brasília (DF). O instituto desenvolveu um processo de suporte que envolve criação de projeto de vida, aulas de cidadania, atendimento psicossocial e preparatório para entrevista de emprego.
A história de Precioso também passou pela prisão. Depois de uma carreira de futebol frustrada, ele se juntou ao tráfico em São Paulo (SP), acabou preso em 2008 e cumpriu uma sentença de sete anos. Quando saiu, conseguiu um emprego como instrutor de esportes para jovens periféricos. O trabalho restaurou a confiança em si mesmo e ele decidiu ajudar ex-companheiros de cela a encontrarem vagas profissionais.
Na entrevista, Leonardo fala sobre os maiores desafios que enfrenta com as pessoas que saem da penitenciária após cumprirem suas penas e ainda não conseguem se reintegrar na sociedade, além de contar o que tem sido eficaz em seu projeto.